Intolerância ao glúten
define a base da doença celíaca. Apesar de surgir em qualquer fase da vida,
normalmente esse tipo de alergia é identificado antes dos três anos de idade,
quando a criança reage com indisposição às vezes severa ao comer pães,
biscoitos e massas, em geral, que contêm glúten. Presente no trigo, na aveia,
centeio, cevada e no malte, o glúten pode fazer parte da composição, também, de
produtos não-ingeríveis, como medicamentos e cosméticos. Com um correto
diagnóstico, o paciente poderá estar sempre atento às composições descritas nas
embalagens antes de entrar em contato com essa substância que danifica as
vilosidades do intestino delgado e prejudica a absorção dos alimentos. De
acordo com Edson Ide, médico endoscopista do Centro de Diagnósticos Brasil,
em São Paulo, depois do exame de sangue, a endoscopia é o principal exame para
determinar se uma pessoa tem ou não tem doença celíaca.
“Com um exame de sangue é
possível avaliar a presença de imunoglobulinas associadas a alergias e,
inclusive, fazer um teste genético. Mas como esse exame, apesar de bastante
sensível, não oferece diagnóstico conclusivo, o próximo passo é realizar uma
endoscopia gastrointestinal – que é considerada padrão-ouro nesses casos. O
exame permite identificar se há inflamação ou mesmo alguma lesão no intestino
delgado – o que é um forte sinal de doença celíaca. Alguns médicos costumam
solicitar uma pequena biópsia durante a endoscopia, mas depende muito do
histórico de saúde do paciente. De todo modo, trata-se de um exame que dura entre
10 e 15 minutos e é minimamente invasivo”, diz Ide.
O endoscopista explica
que as vilosidades presentes no intestino delgado têm o papel bastante
relevante de contribuir para a absorção dos nutrientes dos alimentos que estão
sendo digeridos. Quando o paciente tem intolerância ao glúten, normalmente
essas vilosidades – que se assemelham a vários dedos – encontram-se achatadas.
Sendo assim, o organismo não recebe os nutrientes de forma adequada e essa
condição pode favorecer o aparecimento de outras doenças. Diante da importância
desse exame, é fundamental que o paciente tenha uma preparação adequada, que
inclui jejum de água e alimentos até seis horas antes da endoscopia. “Apesar do
jejum, o paciente não deve mudar sua alimentação até obter diagnóstico de
doença celíaca. Quando o paciente suspende por conta própria o consumo de
alimentos que contêm glúten, essa alteração pode influenciar nos resultados,
mascarando o problema”.
Antes de a endoscopia
começar, Edson Ide explica que o paciente é deitado e levemente sedado – já que
o procedimento poderia desencadear algum desconforto ou até mesmo sensação
claustrofóbica. Durante o procedimento, uma cânula ultrafina é inserida através
da boca até alcançar o início do intestino delgado. Além de visualizar todo o
trajeto, um instrumento poderá colher pequenas biópsias da parede intestinal –
que serão examinadas por um patologista para determinar a extensão dos danos às
vilosidades. Caso elas estejam lesionadas ou achatadas, é confirmada a presença
de doença celíaca. “O exame é rápido, mas, por conta da sedação, o paciente
deverá se recuperar por algum tempo e voltar para casa somente acompanhado por
um parente ou conhecido. Alguns pacientes relatam desconforto na garganta após
retomar a consciência, mas isso passa em poucas horas – quando tudo volta ao
normal”, diz Ide. A doença celíaca acomete cerca de 1% da população mundial.
Dr. Edson Ide, médico
endoscopista do Centro de Diagnósticos Brasil, em São Paulo – www.cdb.com.br
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