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quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Precisamos pensar em saúde mental para além da pandemia

Vai-se o tempo e nós continuamos no medo, na expectativa, nos lutos. Tempo que corre, tempo que passa, tempo que vai e tempo que leva alguém. O tempo não para e não vê o rastro de dor e angústia que essa de forma inusitada esse vírus deixou.  

Se ainda não encontramos vacina para o vírus ainda podemos enfrentar as consequências emocionais dele. Combater  a ansiedade após esse período de isolamento, perceber um estado depressivo, e não se deixar levar por pensamentos auto destrutivos, ou não se entregar ao uso abusivo do álcool  e outras drogas são medidas importantes a serem tomadas. Como também evitar o abuso de medicações. Todos esses cuidados são importantes caso queira sair razoavelmente bem dessa. 

Bem antes de a covid-19 ser oficialmente declarada uma pandemia mundial, a Organização Mundial da Saúde (OMS), já havia previsto que a depressão seria a doença mais incapacitante do mundo até o fim deste ano. A pandemia mostrou que esse grave problema, que provavelmente vinha adormecido, os transtornos mentais, é muito maior do que esperávamos. E também é uma doença e como tal de e ser prevenida, entendida e tratada.  

Em um levantamento realizado em maio pelo Instituto Bem do Estar e pela NOZ Pesquisa e Inteligência com mais de 1.500 pessoas em todo o Brasil mostrou que 53% estão tendo alterações de humor durante o isolamento, sendo que as impressões mais citadas foram medo acima do normal (71%), preocupação (70%), desânimo (56%) e sensação de que algo muito ruim pode acontecer (51%). Em junho, as buscas por termos ligados a saúde mental no Google atingiram um recorde: aumentaram 61% em relação ao mesmo mês do ano passado, e 70% em comparação com fevereiro deste ano, logo antes de as práticas de distanciamento social serem adotadas no Brasil. Procuras por “saúde mental na quarentena” e “exaustão mental” cresceram 150%, ainda de acordo com a plataforma.

"O Isolamento social, o medo de ficar doente, o luto pela perda de amigos e parentes, mudanças na rotina doméstica e profissional, desemprego, preocupações financeiras, excesso de informação e um horizonte de incertezas tiraram a tranquilidade de muitas pessoas, desencadeando ou agravando quadros de estresse crônico, transtornos de ansiedade, depressão, síndrome do pânico e burnout", explica Ana Café, psicóloga do Rio de Janeiro. "Isso sem falar em queixas de insônia, sedentarismo, alimentação desregrada, tabagismo e abuso de álcool, drogas e medicamentos, que também se refletem negativamente no bem-estar geral. Quando o foco vai para as mulheres, é possível ver que muitas enfrentam, ainda, o peso da jornada tripla de trabalho e, em muitos casos situações de violência doméstica decorrente do estresse emocional e/ou do abuso do álcool destaca. 

Entre as principais queixas, a que mais tem preocupado especialistas é o abuso de álcool e drogas. Segundo uma pesquisa realizada pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) cerveja e vinho foram as bebidas mais consumidas na pandemia na região denominada Cone Sul, onde está inserido o Brasil. O país já registrava o maior índice de uso de álcool em 2019, e só no período de março a junho de 2020, seus níveis quase alcançaram os percentuais de todo o ano anterior. A pesquisa revelou ainda que o chamado beber pesado episódico, ou seja, ingerir 60g de álcool ou mais, também aumentou no mesmo período. 

"Esses dados são um sinal de alerta para o excesso de ingestão de substâncias química potentes, cujos efeitos adversos acometem todo o organismo, incluindo o cérebro, os ossos e o coração, e se caracteriza pela sua ingestão constante, descontrolada e progressiva, finaliza Ana Café que utiliza o programa de 12 passos como metodologia de tratamento".



 

Ana Café - Psicóloga Clínica. Especializada na Prevenção e Tratamento da Dependência Química, Especializada em Saúde Mental da Infância e Adolescência e fundadora do Núcleo Integrado. O Núcleo Integrado é um centro de tratamento e prevenção dos transtornos do impulso, que compreende o problema do uso/abuso e dependência de drogas como uma doença, a partir de um modelo de abordagem e tratamento em que a meta principal é a redução da demanda por drogas, seja pelo usuário, abusador ou dependente químico.

 

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