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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Novembro roxo, entenda como a prematuridade pode desenvolver cardiopatias

No mês da prematuridade, cardiologista pediátrica explica a relação entre a saúde cardíaca e o nascimento prematuro


Neste mês é celebrado o Novembro Roxo, período dedicado à informação e conscientização sobre a prematuridade. Mas, sabia que existe uma relação direta entre o nascimento precoce e a saúde do coração?

Um estudo recente apontou que adultos jovens que nasceram em prematuridade extrema são mais suscetíveis a sofrerem de hipertensão arterial na vida adulta e, consequentemente, entrando para o grupo de risco de sofrerem de doenças cardíacas.

Mais de 200 adultos, nascidos entre 1991 e 1992 com menos de 28 semanas e abaixo de 1kg, foram acompanhados pelo Victorian Infant Collaborative Study¹. O estudo constatou que esses adultos tinham quase o dobro de chance de sofrer de pressão alta quando comparados aos que nasceram no tempo normal.

E isso tem um porquê.

A médica cardiologista pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria Dra. Renata Isa Santoro explica que o coração do bebê tem função e estrutura diferentes dentro e fora do útero:

"Quando ainda está no ventre materno, o coração do bebê possui uma estrutura muito importante e imprescindível para a vida, que se chama ducto arterioso. Ele é como uma ponte que conduz de 80 a 85% da quantidade de sangue que vai do lado direito do coração para o lado esquerdo e para a aorta (artéria de maior importância no nosso organismo). Checar o bom funcionamento desta estrutura é de grande importância durante a gestação", descreve.

No útero, o oxigênio vem da mãe, passa pela placenta e pelo cordão umbilical e, em seguida, viaja para o coração do feto por meio do ducto venoso. Assim que chega ao coração, o sangue é bombeado para o resto do corpo através de vasos muito importantes. Um desses vasos é o ducto arterioso.

"Mas, assim que o bebê nasce, sua primeira respiração inicia mudanças na função e na maneira como o coração trabalha", conta a cardiologista pediátrica. Uma das principais mudanças que acontece é que os ductos venoso e arterioso perdem função e, pouco a pouco, se fecham.

Mas, quando o bebê nasce prematuro, corre riscos de ter algumas complicações no coração. "Nos bebês que nascem a termo, ou seja, de nove meses, o canal arterial se contrai após o nascimento e se torna funcionalmente fechado. Em prematuros, no entanto, o fechamento do canal arterial é retardado, permanecendo aberto em aproximadamente 10% dos bebês nascidos entre 30 e 37 semanas de gestação, 80% daqueles nascidos com 25 a 28 semanas de gestação e 90% daqueles nascidos com 24 semanas de gestação."

E se esse ducto permanece aberto e funcionando, favorece o aumento do fluxo de sangue nos pulmões predispondo a algumas doenças como edema pulmonar, insuficiência respiratória, insuficiência cardíaca e, posteriormente, prejudicando também outros órgãos como intestino, rins e cérebro.

"O tratamento deve ser avaliado caso a caso. Todo bebê prematuro, em especial os extremos, precisam de acompanhamento médico o resto da vida para prevenir diferentes enfermidades, como as cardiopatias", conclui a médica.

 



Dra. Renata Isa Santoro - Médica pela faculdade de ciências médicas de Santos - UNILUS • Especialista em Pediatria pela AMB/SBP • Especialista na área de atuação em Cardiologia Pediátrica pela AMB/SBP/SBC • Especialista em Ecocardiografia fetal e pediátrica pela UNICAMP • Mestrado em Ciências pela UNICAMP • Atuou como Cardiologista Pediátrica, Ecocardiografista e na formação da residência médica em cardiologia pediátrica na UNICAMP de 2007 a 2018

 

 

¹Anjali H. Et al. High blood presure in Young adults survivors born extremely preterm or extremely low birthweight. Hypertension, 2019.


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