A população idosa vem crescendo no Brasil. Em 2020 o país
deve ter 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Os avanços
médicos e tecnológicos são fatores que colaboram para o aumento da longevidade,
mas é preciso lembrar também dos males que a idade avançada acarreta. Um deles
é a perda de audição.
A dificuldade de ouvir atinge grande parte da população idosa e gera
problemas de comunicação, acarretando situações constrangedoras na família e no
dia-a-dia em sociedade. E o pior: essa incapacidade auditiva, com o decorrer do
tempo, pode levar ao isolamento social progressivo e à depressão,
principalmente se o indivíduo também tiver outras limitações funcionais, como
dificuldade para andar.
“O ser humano é um ser social, por isso a comunicação e o
relacionamento são aspectos primordiais na vida. Não existe ser humano sem
comunicação. Mesmo assim, não é fácil falar sobre deficiência
auditiva por causa da resistência que as pessoas têm em admitir a surdez. Mas
trazer à tona o problema é a melhor coisa a fazer. Uma das soluções possíveis é
o uso de aparelhos auditivos, que resulta em melhoras significativas na
qualidade de vida do idoso”, afirma a fonoaudióloga Isabela Carvalho, da Telex
Soluções Auditivas.
A hereditariedade e a exposição frequente a ruídos altos, ao longo da
vida, são os principais fatores que contribuem para a perda de audição na
terceira idade - chamada de presbiacusia. O zumbido no ouvido também pode ser
um sinal de dano auditivo. Outra evidência é a dificuldade do idoso para
entender uma conversa ou ouvir o noticiário da TV, por exemplo.
A imensa maioria dos pacientes demora vários anos para procurar ajuda
médica para tratar da dificuldade de ouvir. Este fato ocorre, em parte,
devido ao início lento da perda auditiva, bem como ao estigma negativo
associado ao uso de aparelho.
Com a vida moderna e as várias opções de lazer e atividades físicas e
culturais, a quebra do preconceito em relação ao uso de aparelhos de audição é
fator primordial para que o idoso aceite sua limitação auditiva, procure ajuda
e mantenha-se ativo.
"A audição é fundamental para mantermos uma boa comunicação em
nosso dia-a-dia, seja em casa, no trabalho ou no convívio social; e atualmente
os aparelhos são discretos, muito melhores do que aqueles de quinze, vinte anos
atrás, tanto em termos de tecnologia quanto de design”, lembra a
fonoaudióloga.
É muito frequente os familiares injustamente descreverem o idoso
portador de deficiência auditiva como confuso, desorientado, distraído, não
colaborador e zangado. Segundo especialistas, muitas pessoas já
experimentam algum grau de perda da audição a partir dos 40 anos, por causa do
envelhecimento natural do corpo. O processo é diferente em cada um, mas
aproximadamente uma em cada dez pessoas nesta faixa etária tem dificuldade para
ouvir. Depois dos 65 anos, a perda auditiva tende a ser mais severa. Por isso,
o melhor é procurar um especialista aos primeiros sintomas de perda auditiva.
“O uso diário do aparelho e o apoio da família são essenciais para
que o indivíduo resgate sua autoestima. Infelizmente, muitas vezes, quando se
procura tratamento, o caso já está grave. A perda se dá de maneira lenta e
progressiva e com o decorrer dos anos a deficiência atinge um estágio mais avançado”,
explica Isabela Carvalho.
Qualquer pessoa que sinta algum desconforto na audição deve procurar um
otorrinolaringologista. É imprescindível diagnosticar a deficiência auditiva,
identificar suas causas e tratá-la o mais precocemente possível. Na maioria das
vezes, o uso do aparelho auditivo transforma a vida do usuário, devolvendo a
sua confiança ao ouvir os sons do mundo a sua volta.
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