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quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Brasil em chamas: fumaça de queimadas na Amazônia e no Pantanal continua se espalhando pelo país

Corredor de fumaça” vai de Manaus a Porto Alegre, passando por países vizinhos; Fiocruz recomenda máscara com sistema de filtragem.

 

A fumaça dos incêndios na Amazônia e no Pantanal já havia atingido o Sul e partes do Sudeste há cerca de 10 dias. O fenômeno foi interrompido pela massa de ar polar continental que derrubou as temperaturas e trouxe alguma chuva ao Centro-Sul do país. O “corredor” de poluição voltou a atacar agora, atingindo 10 estados e países vizinhos.

Imagens de satélite da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA) e da NASA mostram a fumaça avançando desde o norte do Brasil e da Bolívia para regiões do Paraguai, Argentina, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O mapa da NOAA, reproduzido pela, mostra claramente a concentração de aerossóis – partículas na atmosfera como poeira, fumaça e poluição, que podem bloquear a luz solar.

Em Manaus, o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (SELVA), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), apontou na 3ª feira (20/8) um nível de material particulado de 35,9 µg/m3 em partes da cidade, explica a Onda Digital. Segundo o Selva, para ser considerado “bom”, o ar precisa estar até 25 µg/m3.

Como a qualidade ruim do ar tem sido uma constante na capital amazonense, a Fiocruz chegou a recomendar o uso de máscaras com sistema de filtragem especial (N95 ou PFF2) no "período crítico de exposição à fumaça".

E Porto Velho, em Rondônia, vem registrando também uma das piores qualidade do ar do país desde o início de agosto, mostra o IQAir. O aeroporto chegou a fechar por falta de visibilidade.

E seguindo a tendência dos últimos anos, é quando a fumaça chega ao Sudeste e ao Sul que a sociedade brasileira se dá conta da dimensão dessas queimadas, destaca o O Globo. As cidades mais afetadas pela fumaça ficam no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, mas a neblina também chegou ao Rio de Janeiro e a São Paulo. O fenômeno é facilitado pela onda de calor e pode voltar a acontecer até a próxima 6ª feira (23), segundo O Globo. 

Segundo Estael Sias, meteorologista da MetSul, a fumaça se espalha por meio do "rio atmosférico de fumaça" – um paralelo com os "rios voadores", que são enormes corredores de umidade atmosférica da Amazônia até o centro-sul do país. Nesse momento de seca, sem umidade, o que está sendo carregado pelos ventos que vêm do Norte para o Sul é a fumaça. "Este ano, especialmente, são muitos meses de escassez de chuva, o que favoreceu as queimadas e resultou em muita fumaça na atmosfera", explicou.

O número de queimadas na Amazônia e no Pantanal vem batendo recordes neste ano. De janeiro até o início de agosto, mais de 1,2 milhão de hectares foram consumidos pelo fogo no Pantanal. A Amazônia acabou de ter o seu pior resultado para um mês de julho desde 2005, com 11.145 focos de queimadas no bioma, segundo dados do Sistema DETER, do INPE.

g1, Veja, O Globo, ICL Notícias, Folha e GZH também repercutiram o “rio de fumaça” das queimadas na Amazônia e no Pantanal.

Em tempo: O retorno do calor e da baixa umidade do ar pioraram a situação dos incêndios no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Segundo o Corpo de Bombeiros, além dos focos que já estavam ativos, um novo foi registrado em Porto Murtinho na 2ª feira (19/8), informa o g1.

 

Seca faz rio Negro atingir nível crítico, e Solimões tem menor cota para agosto da história

Imagem de ribeirinho salvando boto em leito seco do rio Madeira viraliza e revive trauma da estiagem de 2023, que pode ser pior este ano.

Um vídeo que viralizou nas redes sociais escancara a gravidade da seca na Amazônia. Nele, um ribeirinho está com um boto nos braços. O animal ficou encalhado em um banco de areia no leito seco do rio Madeira, e o homem corria para levá-lo para um trecho ainda cheio do rio, mostra o Portal do Holanda. Inevitável não lembrar dos mais de 100 botos mortos no lago Tefé, no rio Solimões, pela estiagem extrema e o superaquecimento da água em 2023.

Assim como ocorreu em 2023, a estiagem chegou antes do tempo habitual, afetando comunidades e a vida selvagem. E tudo indica que a tragédia será mesmo pior neste ano. Somente no Amazonas, 20 municípios estão em situação de emergência por conta da seca, informam CBN, A Crítica e Amazonas Atual, com 27 mil famílias afetadas – 111.959 mil pessoas, segundo a Defesa Civil do estado.

No domingo (18/8), o Solimões atingiu, em Tabatinga (AM), uma cota de 2 centímetros, a menor para o mês de agosto desde o início das medições. Antes disso, o nível mais baixo já registrado havia sido de 8 centímetros em 2005, lembra o Poder 360. Para se ter uma ideia da gravidade deste recorde, a média para o mês é de 4,45 metros, segundo o Sistema Integrado de Monitoramento e Alerta Hidrometeorológico (SipamHidro).

Na 2ª feira (19/8), o rio Negro atingiu um nível crítico de vazante em Manaus, com 22,76 metros, informou a Defesa Civil do Amazonas. Dados do Porto de Manaus mostram que, só em agosto, o rio caiu 2,42 metros, totalizando uma redução de 4,09 metros desde o início da vazante. A situação é a mesma nas bacias do Alto Solimões, Médio Solimões e Médio Amazonas. Todas, segundo a Defesa Civil, estão em nível crítico de vazante, relata o g1.

Em julho, por causa das previsões de temperatura acima e das chuvas abaixo da média, o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) e o governo do Amazonas alertaram para a possibilidade de seca severa na região. O pico da vazante ainda é esperado para outubro, tanto no Solimões, como nos rios Negro e Amazonas.
 

Polícia prende suspeitos por morte de líder indígena na Bahia

A Polícia Civil baiana prendeu oito pessoas suspeitas de envolvimento na morte do indígena Lucas Kariri-Sapuyá em dezembro de 2023, em Itaju do Colônia.

Depois de meses de investigação, a Polícia Civil da Bahia prendeu na última 2ª feira (19/8) oito pessoas suspeitas da morte do líder indígena Lucas Santos de Oliveira, também conhecido como Lucas Kariri-Sapuyá. Ele era cacique de uma aldeia Pataxó Hã-Hã-Hãe e um dos coordenadores do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (MUPOIBA).

O crime ocorreu em dezembro de 2023, quando a vítima foi alvejada por dois homens armados enquanto passava pela estrada que dava acesso à comunidade em que vivia, no município de Itaju do Colônia. De acordo com a Polícia Civil baiana, os suspeitos foram localizados após um trabalho tático e de inteligência que envolveu cerca de 200 agentes. Foram executados 27 mandados de prisão, busca e apreensão, que também resultaram na captura de duas armas de fogo e munição, 11 celulares, pacotes de drogas e uma balança de precisão. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.

Uma das principais frentes de atuação do líder indígena era em defesa da Terra Caramuru-Catarina Paraguassu, que possui um longo histórico de conflitos fundiários entre indígenas e fazendeiros da região sul da Bahia.

Os investigadores não confirmaram as possíveis motivações para o crime, mas representantes indígenas acusam pistoleiros a mando de fazendeiros locais como responsáveis pela morte de Lucas Kariri-Sapuyá. As tensões se intensificaram desde o ano passado por conta de embates entre fazendeiros e indígenas pelo controle de fazendas dentro do território indígena.

Em janeiro, uma ação ilegal de retomada de uma fazenda dentro da reserva resultou na morte da líder indígena Maria de Fátima Muniz, a Nega Pataxó. O suspeito, um homem de 19 anos que seria filho de um dos fazendeiros, foi preso em flagrante. A ação teria sido orquestrada pelo grupo miliciano “Invasão Zero”, que também está envolvido com episódios de violência contra indígenas em outros estados.

A Tarde, CNN Brasil, Folha e g1, entre outros, repercutiram as prisões dos suspeitos pela morte de Lucas Kariri-Sapuyá na Bahia.

Em tempo: O ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) instituiu uma sala de situação para acompanhar as ações de segurança na região da Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, no Mato Grosso do Sul. A região foi tomada por episódios de violência contra indígenas no último mês, o que forçou o retorno da Força Nacional de Segurança Pública. De acordo com a CNN Brasil, o governo federal também trabalha junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para destravar o processo de demarcação do território, prejudicado pelo inconstitucional marco temporal, aprovado para restringir os Direitos dos Indígenas às suas terras ancestrais. Correio Braziliense e Valor também abordaram a notícia.

 

Grileiro lucra R$ 780 milhões com venda de créditos de carbono e madeira

Suspeito que participou da COP28 criou esquema para tomar uma área pública do tamanho Distrito Federal no Amazonas e desmatá-la. 

O Fantástico (TV Globo) deu destaque à história de um médico do interior de São Paulo que comandou um megaesquema de fraude de créditos de carbono gerados em Terras Públicas invadidas no Amazonas. Ricardo Stoppe Júnior teria lucrado R$ 180 milhões com a venda desses créditos de carbono certificados e mais de R$ 600 milhões com a extração ilegal de madeira.

O esquema fraudulento envolvia a duplicação e a falsificação de títulos de propriedade, o que resultou no roubo de cerca de 538 mil hectares de Terras Públicas na região de Lábrea (AM). Os crimes ocorriam há mais de uma década, mas se intensificaram nos últimos três anos, com certidões falsas emitidas por um servidor da Secretaria de Terras do Amazonas (SECT/AM).

Segundo a PF, o esquema também envolvia funcionários de cartórios da região e do INCRA. Os policiais conseguiram gravar conversas telefônicas que comprovam a negociação e o pagamento de propinas.

O Fantástico também mostrou como Stoppe se promovia publicamente como um grande player do mercado de carbono brasileiro. Ele participou da última Conferência da ONU sobre o Clima (COP28), realizada em novembro de 2023 em Dubai, nos Emirados Árabes, como o “rei do crédito de carbono” no Brasil.

Em junho, a PF começou a desbaratar o esquema criminoso por meio da Operação Greenwashing, que cumpriu mandados de prisão preventiva, inclusive contra Stoppe, e busca e apreensão em seis estados. Além do empreendimento ilegal em Lábrea, o grupo também operava dois projetos de geração e venda de créditos de carbono no sul do Amazonas, em um esquema que pretendia utilizar mais de 3,5 milhões de hectares de área grilada.

Em tempo: O governador do Pará, Helder Barbalho, confirmou que o estado pretende fazer sua primeira emissão de créditos de carbono durante a Semana do Clima de Nova York, que acontecerá em paralelo à reunião da Assembleia Geral da ONU no final de setembro. De acordo com Barbalho, a comercialização será feita pelo valor de US$ 15 por tonelada, acima da média do mercado. “Isso [acontece] pela qualidade do crédito, pela comprovação da redução das emissões do estado”, disse o governador. A Folha deu mais informações.

 

Energia solar ultrapassa a marca de 46 GW de capacidade instalada no Brasil

Mais de 4 milhões de imóveis já são abastecidos pela geração própria solar em telhados, fachadas e pequenos terrenos; residências lideram o uso. 

A geração de energia solar ultrapassou a marca de 46 gigawatts (GW) de potência instalada em todo o país. Somente neste ano foram instalados mais de 9 GW fotovoltaicos, somando os segmentos de geração centralizada [projetos contratados em leilões do governo] e distribuída [produção de eletricidade pelo consumidor]. A fonte já representa 19,4% da matriz elétrica brasileira.

Na geração distribuída [GD] já são mais de 4 milhões de unidades consumidoras abastecidas por painéis solares instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos, destaca Míriam Leitão n’O Globo. Apenas em julho houve a instalação de novos 100.000 sistemas nessa modalidade, que totaliza 31 GW de capacidade instalada, destaca o Jornal do Comércio.

De acordo com a ABSOLAR, as residências lideram o uso da tecnologia na GD, com mais de 2,8 milhões de imóveis abastecidos – 70% do total de unidades consumidoras. O segmento é seguido pelos estabelecimentos comerciais e de serviços, com mais de 674,4 mil locais (16,8%). Logo depois vêm propriedades rurais, com 410,4 mil (10,2%), indústrias, com 97,4 mil (2,4%), e prédios do poder público, com 12,1 mil (0,5%). Os demais tipos de consumidores, como serviços públicos e iluminação pública, somam cerca de 1,7 mil (0,1%).

Um outro indicativo de expansão é a plataforma Meu Financiamento Solar, especializada em financiamento para projetos de energia solar. Segundo o Portal Solar, o volume de recursos cresceu 41% no 2º trimestre do ano em comparação com igual período de 2023. A maior parte do crédito liberado foi destinada a projetos de residências e empresas no estado de São Paulo. Logo depois vem Pará, Bahia, Mato Grosso e Pernambuco.

Segundo a ABSOLAR, o setor fotovoltaico nacional já atraiu mais de R$ 214,9 bilhões em investimentos, gerou mais de 1,38 milhão de empregos no país e evitou a emissão de 55,6 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade, informa o Canal Solar. Os negócios no setor fotovoltaico também garantiram mais de R$ 66 bilhões em arrecadação aos cofres públicos.

 

Petróleo da morte: como a indústria de combustíveis fósseis alimenta a guerra em Gaza

Nova análise revela como empresas e governos petrolíferos estão apoiando o esforço de guerra de Israel em Gaza, que matou mais de 40 mil pessoas. 

Governos e empresas de países signatários da Convenção da ONU sobre o Genocídio estão alimentando o esforço de guerra de Israel na Faixa de Gaza, inclusive com o fornecimento de combustíveis fósseis para essa operação de destruição. A conclusão é de uma nova pesquisa divulgada nesta 3ª feira pela Oil Change International.

De acordo com a análise, empresas petrolíferas privadas e de capital aberto forneceram coletivamente mais de 2/3 de todo o petróleo consumido por Israel em março passado. Desse total, metade foi vendida pelas grandes empresas do setor fóssil, vulgo Big Oil - Chevron, BP, ExxonMobil, Shell, Eni e TotalEnergies.

Entre 21 de outubro de 2023 e 12 de julho de 2024, a pesquisa identificou 65 remessas de petróleo bruto e produtos petrolíferos refinados a Israel. Mais da metade dessas remessas (54%) partiram de seus portos de origem, depois de 26 de janeiro passado, quando o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) opinou que Israel pode estar cometendo crime de genocídio em Gaza. 

Entre os países fornecedores de petróleo a Israel, está o Azerbaijão, futuro anfitrião da COP29 de Baku, responsável por 28% do suprimento de petróleo bruto por meio do oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan (BTC), operado pela BP. Itália, Albânia, Grécia e Gabão também se destacam entre os principais vendedores de petróleo a Israel.

Outro fornecedor é o Brasil, responsável por 9% do suprimento desde o início da guerra, o 4º maior de Israel. A maior parte do fornecimento, no entanto, é feita por meio de Shell e TotalEnergies. Um dos apelos da Oil Change International é de que o governo brasileiro restrinja a comercialização de combustíveis com Israel.

Ao Guardian, um porta-voz da Presidência da República afirmou que as negociações de combustíveis fósseis são realizadas diretamente pelo setor privado, de acordo com as regras do mercado. “Embora a posição do governo sobre a atual ação militar de Israel em Gaza seja bem conhecida, a posição tradicional do Brasil sobre sanções é não aplicá-las ou apoiá-las unilateralmente”, explicou.

Em tempo: Mais de mil sobreviventes de desastres climáticos nos EUA ingressaram com um pedido conjunto de investigação contra as grandes empresas de combustíveis fósseis do país por conta de crimes cometidos contra o clima global. A carta, organizada pelos grupos Chesapeake Climate Action e Public Citizen, pede ao Departamento de Justiça norte-americano que averigue a responsabilidade do Big Oil por ações de desinformação pública e pressão política sobre agentes governamentais para evitar restrições ao setor.

“Sobrevivemos a furacões, inundações, calor extremo, incêndios e outros perigos que impactam nossas vidas com mais frequência e intensidade devido às mudanças climáticas”, destacou a carta. “Embora nossas histórias e experiências sejam diversas, a má conduta da indústria de combustíveis fósseis é uma linha consistente”.

Euronews e Guardian deram mais detalhes. 



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Novos embargos sobre decisão do STF criam confusão e visam bloquear novos cursos de medicina

Em agosto de 2024, uma associação que havia proposto uma ação constitucional para impedir a abertura de novos cursos de medicina interpôs embargos de declaração no âmbito da ADC 81-DF do Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo explícito do recurso é buscar uma aliança com o Ministério da Educação (MEC) para desconsiderar a decisão já proferida pela Suprema Corte. O recurso dessa associação, porém, busca validar algo que já está fora de cogitação por parte do próprio STF.

A polêmica em questão diz respeito a portarias produzidas pelo MEC (Portaria 397/2023 e 421/2023) que ofereceram mudanças regulatórias para os cursos de medicina que estão sob júdice enquanto o julgamento do STF, que debatia sobre a legalidade do andamento desses processos, estava em curso. O MEC havia oferecido restrições ilegais aos cursos por meio da Portaria 397, mas que foram revogadas por meio da Portaria 421. Porém, no dia da publicação sobre as modificações da Portaria 421, o Ministério publicou um novo texto, por meio da Portaria 531/2023, que trouxe novos parâmetros. Agora, a associação busca a publicação da segunda cautelar do STF para tentar aplicá-la aos processos que discutem a abertura de novos cursos de medicina. O que, inclusive, já foi feito pelo STF em 13 de agosto de 2024. Mas com o novo recurso, ela busca também confundir a questão e validar uma norma já revogada pelo tribunal, o que não produziria qualquer efeito prático.

O recurso ainda tenta validar a Portaria nº 531/2023, que revogou e substituiu as normas previamente analisadas pelo STF. A ideia subjacente é que, por ter o STF realizado uma análise cautelar sobre uma portaria anterior, essa análise preliminar deveria se estender automaticamente a todas as normas subsequentes sobre o mesmo tema. Contudo, essa linha de raciocínio ignora o fato de que a análise cautelar é, por natureza, superficial e destinada a uma decisão rápida e temporária. O uso dessa decisão como se fosse um juízo definitivo de valor sobre todas as normas subsequentes é um claro exemplo de interpretação equivocada. Para isso, a associação também tira de contexto até mesmo uma fala do ministro Alexandre de Moraes, que não confere validação a nenhuma portaria anterior e nem mesmo à Portaria 531. Na realidade, a nem isso nem poderia ser feito, pois medida judicial ratificada pelo plenário foi decidida quando a Corte ainda não tinha conhecimento das regras novas e nem mesmo, é claro, da revogação da norma objeto da cautelar.

A segunda medida cautelar na ADC 81-DF, do STF, que teve seu acórdão recentemente publicado, é uma decisão complexa e bem fundamentada. Nela, o STF reconheceu as competências do MEC, mas fez questão de sublinhar a necessidade de uma análise "caso a caso", com respeito ao contraditório, ao princípio da duração razoável do processo e ao devido processo legal administrativo. O problema já foi apontado acima: na mesma data em que este texto foi publicado, o MEC publicou a Portaria 531, que nada dizia sobre efeito contraditório e claramente buscava uma padronização no lugar da análise “caso a caso”.

Um aspecto particularmente relevante é a controvérsia em torno da "necessidade social" para a abertura de novos cursos de medicina. O STF proibiu a vinculação das cidades pré-selecionadas em editais de chamamento público à análise das cidades com necessidade social para receber esses cursos, visto que, à época da propositura dos processos judiciais, não havia cidades pré-selecionadas. Essa correlação foi considerada um vício na já revogada Portaria 397. No entanto, a nova Portaria 531 deixou uma brecha para uso dessa referência, e o MEC, em vez de sanar o problema, regulamentou a seleção prévia através de uma Nota Técnica, possivelmente para tentar evitar que a portaria fosse questionada novamente.

Essa situação demonstra claramente o estado de incerteza regulatória que se instalou: o MEC utiliza uma norma vaga para ocultar critérios que o STF já rejeitou.

Em outros pontos, a Portaria 531/2023 impõe exigências de contrapartida maiores do que as previstas no Programa Mais Médicos e limita o número de vagas, estabelecendo máximos e mínimos que nunca foram previstos na legislação educacional anterior. Esses detalhes indicam que a norma não foi elaborada com a intenção de seguir fielmente a decisão do STF, mas sim para introduzir restrições adicionais à abertura de novos cursos de medicina.

Além disso, a decisão do STF afirma que cabe à sociedade civil “pleitear o lançamento de editais para a instalação de novos cursos em determinas localidades” e que cabe à Administração Pública “responder a esses pleitos de forma fundamentada, com publicidade e em prazo razoável”. Esse é o trecho de alcance mais amplo e de maior interesse para a sociedade geral, mas ele não é regulado a Portaria 531, o que evidencia que a norma foi construída apenas com o intuito de restringir a autorização dos cursos cujos processos administrativos estão em andamento.

Eis aí a prova cabal que a “regulamentação” que a recorrente defende é, na realidade, um conjunto de restrições para a abertura de novos cursos de medicina. E essa constatação não implica em uma defesa de uma liberdade incondicionada, mas de uma regulação justa e efetiva de toda a decisão judicial, a qual provavelmente também é anseio dos membros da associação que entrou com os pedidos de embargos.

O que o STF de fato decidiu, ao garantir o seguimento de alguns processos administrativos, é que fossem aplicadas e adaptadas algumas regras do Programa Mais Médicos de forma ampliada, inclusive, para novas localidades. Antigas portarias do MEC já foram revogadas e o STF não validou qualquer portaria retroativa ou nova.

Os recentes embargos apresentados na ADC 81-DF representam uma tentativa deliberada de reinterpretação das normas e da decisão do STF, com o objetivo de criar obstáculos adicionais à abertura de novos cursos de medicina. O que se vê não é uma indicação de omissão, contradição ou obscuridade, tema pertinente a embargos de declaração. O que se percebe é esforço de usar a decisão da Suprema Corte como pretexto para uma regulamentação que, na prática, impede o cumprimento integral da decisão judicial e negligencia trechos dela, até, podendo até bloquear o desenvolvimento da educação médica no país. 



Edgar Jacobs - advogado especializado em direito educacional e sócio do escritório Jacobs Monteiro Advocacia


R3 Viagens Explica Definitivamente como Funcionam os Cancelamentos de Passagens Aéreas

R3 Viagens
Agência de viagens corporativas oferece suporte completo e personalizado, garantindo flexibilidade e atendimento emergencial para empresas que precisam reorganizar suas viagens.


No universo das viagens corporativas, onde mudanças de última hora são uma realidade constante, a R3 Viagens, uma das principais agências de viagens corporativas do Brasil, destaca-se ao oferecer um suporte completo e personalizado para cancelamento e remarcação de voos. Com foco na excelência do atendimento, a empresa orienta e auxilia seus clientes em cada etapa, desde a compra das passagens até a resolução de qualquer necessidade de alteração.


Direitos do Passageiro: Cancelamento em 24 Horas

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) regulamenta o direito dos passageiros de cancelarem passagens aéreas sem custos adicionais, desde que a compra tenha sido feita com pelo menos sete dias de antecedência e o cancelamento ocorra em até 24 horas após a aquisição. Este benefício, fundamental para o setor corporativo, é amplamente divulgado e gerenciado pela R3 Viagens, garantindo que seus clientes possam reorganizar suas viagens sem penalidades.


A Flexibilidade das Agências de Turismo

Ao adquirir passagens por meio de uma agência de viagens como a R3 Viagens, as políticas de cancelamento e alteração seguem as diretrizes da Anac. No entanto, a R3 Viagens oferece um diferencial importante: suporte completo e emergencial, disponível 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana e feriados. Diferente das agências online, que muitas vezes deixam o cliente esperando em filas de call center, a R3 Viagens proporciona um atendimento pós-venda ágil e eficiente, elogiado por clientes em diversas avaliações online.


Considerações ao Remarcar um Voo

Remarcar um voo pode gerar custos adicionais, dependendo das políticas da companhia aérea e da disponibilidade de assentos. Além da multa de alteração, podem haver diferenças tarifárias, conforme a disponibilidade da nova data desejada. O suporte da R3 Viagens é essencial para oferecer a melhor consultoria, inclusive, orientando o passageiro como proceder da melhor forma, sempre com foco no custo/benefício.

 

Desistência Parcial: Como Proceder

Em situações onde o passageiro precisa cancelar apenas um trecho de uma viagem de ida e volta, a R3 Viagens orienta sobre a possibilidade de manter a reserva do trecho de retorno, desde que a companhia aérea seja informada antes do horário do voo de ida. Essa ação é crucial para evitar custos adicionais e garantir que o passageiro possa completar a viagem conforme planejado, sem contratempos. Importante verificar sempre a regra tarifária de cada companhia aérea, de acordo com o tipo de tarifa adquirido pelo passageiro.


Conclusão

A R3 Viagens entende que a agilidade e a flexibilidade são elementos essenciais para o sucesso das viagens corporativas. Com um atendimento personalizado e profundo conhecimento do setor, a empresa se posiciona como parceira estratégica para gestores de viagens e profissionais. Para obter mais informações ou solicitar suporte em cancelamentos e remarcações, acesse www.r3viagens.com.br e entre em contato com a nossa equipe comercial.

 

C-Level do futuro: o que fazer se a geração Z não quer a liderança?

Assumir a liderança de uma empresa não é uma responsabilidade simples, tampouco, algo possível de ser comandado, com êxito, por todos. Ocupar um posto de C-Level requer protagonismo frente a uma série de situações cotidianas da empresa, assim como visão estratégia e muitas outras habilidades indispensáveis. O problema, contudo, é que muitos dos próximos profissionais nessa “linha de sucessão”, membros da Geração Z, já evidenciaram que não almejam tal crescimento, o que traz o questionamento de quem será o C-Level do futuro.

Independente do setor de atuação, aqueles que ocupam essa cadeira necessitam aplicar uma capacidade de entendimento do negócio muito aprofundada, compreendendo duas dores, fraquezas, pontos fortes e oportunidades para explorar as melhores estratégias perante o crescimento e destaque competitivo. Junto a isso, há, ainda, um forte compromisso em recrutar e engajar times qualificados, garantindo que trabalhem juntos rumo à conquista dos objetivos esperados.

Por mais que sejam responsabilidades de extrema importância e peso perante o sucesso das operações, esse costumava ser um sonho altamente desejado por muitos profissionais mais seniores. Já hoje, muitos talentos mais jovens não mostram o mesmo desejo de chegar a esse topo, dando preferência para outras oportunidades e características em uma vaga que façam mais sentido conforte suas expectativas e ambições de carreira.

Segundo dados divulgados pela CoderPad, 36% dos zillennials não têm a intenção de assumir esses postos gerenciais em uma empresa, alegando serem posições com alta carga de comprometimento, carga horária extensa, e de tomadas de decisões que podem acarretar erros sérios para os processos internos. Todas, questões que, aliadas ao tempo demorado para construir essa jornada e conquistar essas vagas, diminuem o interesse de muitos desses talentos.

Em substituição a essa ambição, é muito comum ver diversos membros dessa geração optando por assumir cargos de CEOs em startups, como exemplo, por oferecem, pelo menos, teoricamente, um crescimento profissional mais acelerado em empresas que tendem a ter uma cultura mais dinâmica e interativa.

A agilidade nas atividades é uma característica bastante desejadas por esses profissionais, em decorrência, dentre tantos fatores, pela maior praticidade e velocidade deste mundo altamente tecnológico no qual vivemos – algo que, por mais que traga seus pontos positivos perante um maior e melhor desempenho e produtividade, também pode acarretar riscos operacionais. O atalho, nem sempre, é a melhor opção.

Há uma preocupação nítida em quem será o C-Level do futuro, se considerarmos essa mudança de preferências dos profissionais mais novos. Porém, por mais que haja essa discrepância em termos de expectativas em uma oportunidade de carreira, as empresas ainda terão que ter alguém assumindo essas posições de liderança e gerência. Se não, todo o mercado entraria em colapso, considerando a hipotética situação em que nenhum dos talentos mais jovens se identificariam ou almejariam ter essas responsabilidades.

O que os empreendimentos devem focar, no momento, é em considerar estratégias de atração e retenção desses profissionais, pressupondo os desafios nesse sentido para que consigam se conectar com as novas gerações que estão chegando e preenchendo, cada vez mais, os ambientes corporativos. Uma mudança complexa em termos de cultura e processos, mas essencial para que as empresas não sintam um impacto brusco em quem assumirá essas cadeiras.

Prezem pela empatia em compreender as expectativas desses membros, suas visões, realidades e desejos em uma oportunidade. Em conjunto, cuidem para que haja uma forte integração com os outros profissionais mais seniores – afinal, cada um sempre terá muito o que aprender com o outro, e é preciso que haja essa união entre todos perante esforços conjuntos rumo ao crescimento corporativo.

O mercado sempre terá um ciclo de renovação natural de seus C-Levels, assim como de todos os integrantes de cada empresa. Ao invés de se preocupar diante de uma nova geração com ambições bastante diferentes das anteriores, busque enxergar oportunidades de adaptação para que esses jovens se sintam reconhecidos e motivados a integrar a equipe, se adaptando, à medida do possível, para que tragam novas visões internamente. No final, mentes e olhares diferentes, juntas, são mais fortes.

 

Ricardo Haag - sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.


Wide
https://wide.works/


Aumento do preço do almoço fora de casa supera o do salário mínimo nos últimos cinco anos, mostra a Ticket

Enquanto o valor médio da refeição completa cresceu 49% desde 2019, o salário do brasileiro teve um incremento de 41% no mesmo período; quem não recebe vale-refeição precisaria desembolsar R$ 1.032,23 por mês para garantir o almoço de segunda a sexta, durante quatro semanas, o que corresponde a 73% do salário mínimo

 

A pesquisa + Valor, feita pela Ticket, marca da Edenred Brasil de Benefícios e Engajamento, em mais de 4,5 mil restaurantes em todo o território nacional, revelou que o aumento do preço médio da refeição completa nos últimos cinco anos foi superior ao do salário mínimo. De acordo com o levantamento, o valor médio de uma refeição com prato principal, bebida, sobremesa e cafezinho em 2019 era de R$ 34,62, enquanto este ano está custando, em média, R$ 51,61, o que representa um aumento de 49%. Já o salário mínimo, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que era de R$ 998 cinco anos atrás, hoje está em R$ 1.412, ou seja, um crescimento de 41%. 

Isso significa que quem recebe cinco salários mínimos tem cerca de 15% de sua renda comprometida com as refeições de almoço e quem recebe três salários mínimos tem em média 24% de comprometimento. Já para quem tem uma remuneração de um salário mínimo, 73% da renda fica comprometida.  

“O preço da alimentação fora de casa não acompanha o salário, evidenciando o esforço que os trabalhadores precisam fazer para garantir as refeições nos dias trabalhados. Esse cenário também reforça a importância do benefício de refeição oferecido pelas empresas como garantia de acesso a uma refeição completa e de qualidade, que é fundamental para a produtividade e o bem-estar das pessoas”, comenta Natália Ghiotto, Diretora de Produtos da Ticket.

Ainda de acordo com a pesquisa, uma pessoa que não recebe vale-refeição precisaria desembolsar R$ 1.032,23 por mês para garantir o almoço de segunda a sexta – considerando que o mês possui, em média, quatro semanas. “Isso corresponde a 73% do salário mínimo. Se somarmos o preço médio da cesta básica, que segundo o DIEESE é de R$ 709,28, essa conta sobe para R$ 1.741,51, ou seja, 123% do valor do salário”, revela Natália. “Com a pesquisa + Valor, nosso objetivo é apresentar às empresas um panorama do setor de alimentação, auxiliando em suas estratégias quanto ao valor do benefício concedido às pessoas colaboradoras”, completa Natália.

Na análise regional, o Sudeste é o local em que cinco refeições no horário do almoço por semana mais pesam no bolso do trabalhador, onerando 77% do salário mínimo, enquanto o Norte e o Centro-oeste dividiram a última posição, com 64% do valor total do salário.


Comparação por região

 

MÉDIA REFEIÇÃO COMPLETA - TOTAL

O quanto as refeições comprometem o salário-mínimo 

 

 

 

Nacional

R$ 51,61

73%

 

 

Nordeste

R$ 49,09

70%

 

 

Norte

R$ 45,41

64%

 

 

Centro-Oeste

R$ 45,21

64%

 

 

Sudeste

R$ 54,54

77%

 

 

Sul

R$ 48,91

69%

 

 

 


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Coffee Badging: A Nova Tendência que Revela o Descontentamento com o Retorno ao Escritório, Adotada por 60% dos Profissionais Globais


Uma nova tendência tem chamado atenção no mundo corporativo: o "coffee badging". Esse comportamento, conectado diretamente aos profissionais menos engajados com seus trabalhos - cerca de 60% dos profissionais globais, segundo o Gallup Global Workplace Report de 2023 -, revela um crescente descontentamento com o retorno ao trabalho presencial. Com o fim do home office, muitos profissionais comparecem ao escritório apenas para bater ponto, socializar ou participar de reuniões, mas retornam para casa para realizar suas tarefas reais, uma escolha motivada pelos custos de deslocamento, despesas com refeições e o tempo perdido no trânsito. 

Esse fenômeno, no entanto, pode estar profundamente enraizado em questões de liderança e cultura corporativa, como revela a pesquisa utilizando o Hogan Development Survey (HDS). De acordo com o HDS, desenvolvido pela Hogan Assessments, líder global em insights de personalidade, o comportamento dos líderes pode estar desencadeando o desengajamento dos funcionários, contribuindo para o aumento do "coffee badging". Criado em 1996, o HDS é utilizado para identificar características de personalidade que, sob estresse, podem minar carreiras e impactar negativamente o ambiente de trabalho. Ele categoriza essas características em três grupos: Afastamento, Confronto e Acomodação, cada um deles com potencial para criar ambientes de trabalho que levam ao "quiet quitting" e, agora, ao "coffee badging". 

No Brasil, onde as relações pessoais e o trabalho colaborativo são altamente valorizados, características de descarrilamento gerencial podem ter um impacto ainda mais pronunciado. O Dr. Ryne Sherman, diretor científico da Hogan Assessments, sugere que a chave para enfrentar o "coffee badging" é uma liderança que promova transparência, justiça e equidade, além de seguir as mesmas regras que comunicam às suas equipes. No entanto, dados da Hogan mostram que apenas um terço dos líderes globais regularmente adota essas práticas. 

Sherman ainda destaca a importância de uma cultura corporativa focada no engajamento dos funcionários. “Práticas e políticas que promovem a participação ativa, motivação e bem-estar são cruciais para prevenir o aumento do 'coffee badging' nas empresas”, afirma. 

À medida que as empresas enfrentam os desafios de engajar seus funcionários no retorno ao escritório, entender as causas subjacentes, como as características de liderança, pode ser a chave para criar ambientes de trabalho mais produtivos e harmoniosos, reduzindo assim a prevalência do "coffee badging" e outras formas de desengajamento.

 



Hogan Assessments
hoganassessments.com


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