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sábado, 1 de novembro de 2025

Remédios ou cirurgia: o que funciona mais a longo prazo para emagrecer

Segundo a Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica pacientes que fizeram cirurgia perderam cerca de 5 vezes mais peso em dois anos do que aqueles em tratamento com medicações

 

O cirurgião do aparelho digestivo Dr. Rodrigo Barbosa comenta que à medida que novas terapias parecem prometer “soluções rápidas” para a obesidade, ainda há sempre os dois lados a serem avaliados.


O que os medicamentos fazem

Recentemente, estudos com semaglutida de 2,4 mg apontaram que peso perdido chega até 15% em 68 semanas. Em outro estudo, tirzepatida mostrou superioridade sobre semaglutida para redução de peso em adultos com obesidade sem diabetes. Mas, os pacientes que abandonam o tratamento, o peso tende a reganhar.

“Esses medicamentos representam uma inovação importante — mas é essencial compreender que mantê-los no longo prazo é condição para a sustentação da perda de peso”, diz o médico.
 

O que a cirurgia bariátrica oferece

Em contrapartida, as cirurgias metabólicas têm décadas de dados que mostram perdas de peso mais amplas e mantidas no longo prazo — e ainda melhoram comorbidades associadas como diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemia. Um estudo publicado na JAMA mostrou que, entre 7 e 12 anos, pacientes submetidos à cirurgia perderam cerca de 19 % a 20 % do peso corporal total. “A cirurgia traz maior potencial para redução de peso, IMC e circunferência da cintura, mesmo no longo prazo”, afirma o especialista.
 

Principais diferenças de mecanismo e impactos

Entre a principal diferença, segundo o médico, é que medicamentos como semaglutida/tirzepatida atuam sobre hormônios de saciedade, esvaziamento gástrico e apetite, já a cirurgia muda a anatomia do sistema digestivo, reduz o reservatório gástrico, altera hormônios digestivos (como grelina), absorção e também impacta o metabolismo de forma mais ampla.

Os medicamentos, embora promissores, têm efeitos colaterais, são mais recentes e dependem de manutenção contínua. Por outro lado, a cirurgia exige preparo, avaliação pré-operatória, acompanhamento nutricional, vitaminas e pode haver complicações como deficiências nutricionais, mas o médico ressalta que o objetivo não é simplesmente emagrecer rápido, mas garantir saúde, qualidade de vida e manutenção da perda de peso a longo prazo. “Os medicamentos de última geração representam uma evolução importante no tratamento da obesidade — mas não ‘apagaram’ a necessidade da cirurgia em muitos casos. E também não substituem o acompanhamento contínuo após qualquer uma das vias. O paciente precisa estar bem informado, ter expectativas realistas e contar com uma equipe que trabalhe em conjunto”, finaliza o cirurgião. 

 

Dr Rodrigo Barbosa - Cirurgião Digestivo sub-especializado em Cirurgia Bariátrica e Coloproctologia do corpo clínico dos hospitais Sírio Libanês e Nove de Julho. CEO do Instituto Medicina em Foco e coordenador do Canal ‘Medicina em Foco’ no Youtube Link


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