Segundo a Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica pacientes que fizeram cirurgia perderam cerca de 5 vezes mais peso em dois anos do que aqueles em tratamento com medicações
O
cirurgião do aparelho digestivo Dr.
Rodrigo Barbosa comenta que à
medida que novas terapias parecem prometer “soluções rápidas” para a obesidade,
ainda há sempre os dois lados a serem avaliados.
O que os medicamentos fazem
Recentemente,
estudos com semaglutida de 2,4 mg apontaram que peso perdido chega até 15% em
68 semanas. Em outro estudo, tirzepatida mostrou superioridade sobre
semaglutida para redução de peso em adultos com obesidade sem diabetes. Mas, os
pacientes que abandonam o tratamento, o peso tende a reganhar.
“Esses
medicamentos representam uma inovação importante — mas é essencial compreender
que mantê-los no longo prazo é condição para a sustentação da perda de peso”,
diz o médico.
O que a cirurgia bariátrica oferece
Em
contrapartida, as cirurgias metabólicas têm décadas de dados que mostram perdas
de peso mais amplas e mantidas no longo prazo — e ainda melhoram comorbidades
associadas como diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemia. Um estudo
publicado na JAMA mostrou que, entre 7 e 12 anos, pacientes submetidos à
cirurgia perderam cerca de 19 % a 20 % do peso corporal total. “A cirurgia traz
maior potencial para redução de peso, IMC e circunferência da cintura, mesmo no
longo prazo”, afirma o especialista.
Principais diferenças de mecanismo e impactos
Entre
a principal diferença, segundo o médico, é que medicamentos como
semaglutida/tirzepatida atuam sobre hormônios de saciedade, esvaziamento
gástrico e apetite, já a cirurgia muda a anatomia do sistema digestivo, reduz o
reservatório gástrico, altera hormônios digestivos (como grelina), absorção e
também impacta o metabolismo de forma mais ampla.
Os
medicamentos, embora promissores, têm efeitos colaterais, são mais recentes e
dependem de manutenção contínua. Por outro lado, a cirurgia exige preparo,
avaliação pré-operatória, acompanhamento nutricional, vitaminas e pode haver
complicações como deficiências nutricionais, mas o médico ressalta que o
objetivo não é simplesmente emagrecer rápido, mas garantir saúde, qualidade de vida
e manutenção da perda de peso a longo prazo. “Os medicamentos de última geração
representam uma evolução importante no tratamento da obesidade — mas não
‘apagaram’ a necessidade da cirurgia em muitos casos. E também não substituem o
acompanhamento contínuo após qualquer uma das vias. O paciente precisa estar
bem informado, ter expectativas realistas e contar com uma equipe que trabalhe
em conjunto”, finaliza o cirurgião.
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