Técnica utiliza espectroscopia Raman para identificação de substância tóxica
As notícias recentes envolvendo intoxicação por metanol,
substância altamente tóxica quando ingerida, causaram comoção nacional devido à
gravidade dos mais de 50 casos confirmados e as nove mortes que aconteceram no
estado de São Paulo. A situação crítica levou um grupo de pesquisadores da
Escola de Engenharia (EE) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM),
liderados pelos professores Christiano de Matos, Thiago Canevari e Henrique
Rosa, a aplicarem a técnica de espectroscopia Raman na realização de análises
rápidas e precisas de amostras líquidas.
Os resultados promissores apontam que é possível identificar a
presença de metanol em bebidas adulteradas a partir de concentrações tão baixas
quanto 0,5%. Os estudos ainda estão em desenvolvimento para aumentar a
sensibilidade do procedimento.
Quanto ao tempo que a identificação leva, o prof. Henrique Rosa
explica que análises de espectroscopia Raman são
rápidas: cada medida pode variar entre 1 segundo e 1 minuto, e a análise de um
conjunto de amostras, com tratamento de dados por meio de ferramentas
computacionais avançadas, leva alguns minutos.
A técnica já é utilizada comercialmente em diversas áreas, como
identificação e caracterização de materiais (cerâmicas, metais, semicondutores,
nanomateriais, polímeros etc.) e para detecção de substâncias em diversos
compostos químicos. O pesquisador detalha que em
relação ao problema da adulteração de bebidas,
“é importante conhecer as composições das bebidas e as especificações
das substâncias contaminantes, possibilitando assim análises das amostras e
calibração dos equipamentos, e assim que esse objetivo for atingido o serviço
poderá ser oferecido comercialmente”.
O professor ressalta que a aplicação do método faz parte do
compromisso da instituição com a pesquisa aplicada para resolver os desafios
reais da sociedade contribuindo para a proteção da saúde pública por meio do
desenvolvimento e aplicação de tecnologias inovadoras. “A importância do
projeto está em ter a estrutura e ter os especialistas no tema, o que
possibilita nossa contribuição na solução do problema que tem afetado
drasticamente a população”.
Com potencial altamente tóxico quando ingerido, o processamento do metanol pelo organismo gera compostos que danificam órgãos vitais e podem levar à cegueira, coma e a óbito.
A espectroscopia Raman é um processo totalmente óptico e que
permite examinar a composição molecular dos líquidos e materiais sem a
necessidade de destruir a amostra. A simplicidade e sua aplicação, o custo
relativamente baixo, a precisão e rapidez permitem uma triagem eficiente de
grandes volumes de amostras. Além disso, o equipamento é portátil e as medidas
podem ser feitas através dos vidros das bebidas, o que confere rapidez e
confiabilidade às análises.
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