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quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Pesquisadores da Universidade Presbiteriana Mackenzie aplicam método que detecta a presença de metanol em bebidas alcoólicas

Técnica utiliza espectroscopia Raman para identificação de substância tóxica

 

As notícias recentes envolvendo intoxicação por metanol, substância altamente tóxica quando ingerida, causaram comoção nacional devido à gravidade dos mais de 50 casos confirmados e as nove mortes que aconteceram no estado de São Paulo. A situação crítica levou um grupo de pesquisadores da Escola de Engenharia (EE) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), liderados pelos professores Christiano de Matos, Thiago Canevari e Henrique Rosa, a aplicarem a técnica de espectroscopia Raman na realização de análises rápidas e precisas de amostras líquidas. 

Os resultados promissores apontam que é possível identificar a presença de metanol em bebidas adulteradas a partir de concentrações tão baixas quanto 0,5%. Os estudos ainda estão em desenvolvimento para aumentar a sensibilidade do procedimento. 

Quanto ao tempo que a identificação leva, o prof. Henrique Rosa explica que análises de espectroscopia Raman são rápidas: cada medida pode variar entre 1 segundo e 1 minuto, e a análise de um conjunto de amostras, com tratamento de dados por meio de ferramentas computacionais avançadas, leva alguns minutos. 

A técnica já é utilizada comercialmente em diversas áreas, como identificação e caracterização de materiais (cerâmicas, metais, semicondutores, nanomateriais, polímeros etc.) e para detecção de substâncias em diversos compostos químicos. O pesquisador detalha que em relação ao problema da adulteração de bebidas, “é importante conhecer as composições das bebidas e as especificações das substâncias contaminantes, possibilitando assim análises das amostras e calibração dos equipamentos, e assim que esse objetivo for atingido o serviço poderá ser oferecido comercialmente”. 

O professor ressalta que a aplicação do método faz parte do compromisso da instituição com a pesquisa aplicada para resolver os desafios reais da sociedade contribuindo para a proteção da saúde pública por meio do desenvolvimento e aplicação de tecnologias inovadoras. “A importância do projeto está em ter a estrutura e ter os especialistas no tema, o que possibilita nossa contribuição na solução do problema que tem afetado drasticamente a população”. 

Com potencial altamente tóxico quando ingerido, o processamento do metanol pelo organismo gera compostos que danificam órgãos vitais e podem levar à cegueira, coma e a óbito. 

A espectroscopia Raman é um processo totalmente óptico e que permite examinar a composição molecular dos líquidos e materiais sem a necessidade de destruir a amostra. A simplicidade e sua aplicação, o custo relativamente baixo, a precisão e rapidez permitem uma triagem eficiente de grandes volumes de amostras. Além disso, o equipamento é portátil e as medidas podem ser feitas através dos vidros das bebidas, o que confere rapidez e confiabilidade às análises.


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