Infelizmente é comum ver pessoas que participam ativamente da pesquisa ficarem de fora da lista de autores, mas ver que nem todos os autores listados tiveram tanta participação assim, conta a editora-chefe da Atena Editora, Antonella Carvalho de Oliveira
À primeira vista, a lista de autores de um estudo
científico parece uma formalidade bastante simples: escreveu, assinou. Mas por
trás de cada publicação científica há um mundo muito mais complexo que isso
onde onde as questões éticas da autoria ainda enfrentam distorções e
injustiças.
O termo “autor fantasma” tem ganhado notoriedade nos bastidores da ciência. Ele
se refere àquela pessoa que participou significativamente de uma pesquisa mas
que, ao final, tem seu nome omitido da autoria do trabalho.
Um fenômeno que atinge especialmente estudantes de iniciação científica,
mestrandos e doutorandos, figuras fundamentais na engrenagem da produção
acadêmica.
“Infelizmente é comum ver pessoas que participam ativamente da pesquisa ficarem
de fora da lista de autores, mas ver que nem todos os autores listados tiveram
tanta participação assim”.
“Essa prática não apenas compromete a integridade acadêmica, como também
desvaloriza o trabalho intelectual de quem está em formação”, afirma Antonella
Carvalho de Oliveira, editora-chefe da Atena Editora.
A outra ponta da corda: O orientador estrela
Na outra extremidade do problema está o que se convencionou chamar de
“orientador estrela”: aquele pesquisador sênior que assina automaticamente
todos os trabalhos de seus orientandos, mesmo sem envolvimento direto na
elaboração do conteúdo.
A justificativa costuma ser a supervisão do projeto, mas nem sempre há uma
contribuição efetiva para justificar a coautoria. Quando a assinatura vira um
protocolo automático, abre-se espaço para distorções que ferem o princípio da
meritocracia científica.
Normas da titulação
Diretrizes internacionais, como as do ICMJE (Comitê Internacional de Editores
de Revistas Médicas), são claras quanto aos critérios mínimos para figurar como
autor de um artigo: contribuição substancial para o desenho da pesquisa ou
análise dos dados, participação na redação ou revisão crítica do conteúdo,
aprovação da versão final e responsabilidade integral pelo trabalho publicado.
“Assinar sem atender a esses critérios é considerado antiético, da mesma
forma, omitir nomes de colaboradores que cumpriram esses requisitos é
igualmente errado”, conta Antonella Carvalho de Oliveira.
Na prática, no entanto, essas diretrizes muitas vezes são ignoradas ou relativizadas
por conveniências institucionais, hierarquias e vaidades pessoais.
“Discutir autoria não é apenas falar de nomes na capa de um artigo. É falar
de justiça, reconhecimento e respeito por quem faz ciência de verdade”,
destaca.
Antonella Carvalho de Oliveira - professora licenciada em Pedagogia, Mestre em Engenharia de Produção e Doutora em Ensino de Ciência e Tecnologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Tendo mais de 30 anos de carreira no magistério e uma década de atuação como professora na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Autora do livro "Como se Faz um Produto Educacional", o único no Brasil que ensina de maneira específica como criar um produto educacional. Atualmente, ocupa o cargo de Editora Chefe da Atena Editora.

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