Manter as crianças longe das telas é uma tarefa difícil para a maioria dos pais, mas nem sempre oferecer um brinquedo em troca de tablets, celulares ou computadores é seguro. Um estudo realizado por pesquisadores de São Paulo acendeu um alerta: brinquedos aparentemente inofensivos podem conter metais pesados como bário, chumbo, crômio e antimônio.
A pesquisa, realizada na Universidade de São Paulo (USP), analisou
70 produtos de fabricação nacional e revelou níveis de contaminação muito acima
dos limites permitidos, chegando até 15 vezes a mais do que o considerado
seguro. O trabalho, publicado na revista Exposure and Health, também
simulou o contato dos brinquedos com a saliva das crianças, identificando a
liberação de outros 21 elementos tóxicos, incluindo mercúrio, arsênio, cádmio e
níquel.
Diante dos riscos, o que os pais podem fazer? A primeira
providência, diz a médica e professora titular de Saúde da Criança e do
Adolescente da Universidade Iguaçu (Unig), Maria Angélica Barcellos Svaiter, é
desconfiar de qualquer característica pouco usual.
“Brinquedos com cheiro forte ou metálico, tinta descascando, peças
enferrujadas ou quebradas e falta de selo do Inmetro são indícios importantes
de que algo pode estar errado. Produtos sem procedência confirmada ou vendidos
a preços muito baixos também merecem desconfiança”, alerta ela.
Sintomas de alerta
Segundo a médica, a exposição a metais pesados pode causar uma
série de sintomas neurológicos, gastrointestinais e dermatológicos. Entre os
sinais mais comuns estão a irritabilidade, sonolência, fraqueza e dores de
cabeça; náusea, dor abdominal, constipação e perda de apetite; reações na pele,
como manchas, coceira e vermelhidão; alterações de comportamento, como
dificuldade de concentração e distúrbios do sono; e, em casos mais graves,
tremores e convulsões.
De acordo com Carlindo Machado e Silva Filho, professor assistente
da Unig, o chumbo, por usa vez, pode causar atraso cognitivo e déficit de
atenção; o mercúrio, tremores e gengivite; o cádmio, lesões renais; o arsênio,
fadiga extrema e diarreia intensa; e o níquel, dermatite de contato.
Como agir e se prevenir
Em caso de suspeita de intoxicação, Maria Angélica recomenda que
os responsáveis afastem imediatamente a criança do brinquedo suspeito e
procurem atendimento pediátrico imediatamente.
Há exames específicos para detectar a presença de metais no
organismo, como dosagens séricas de chumbo, mercúrio, cádmio e arsênio. Em
casos graves, o tratamento pode incluir hidratação venosa, medicações
sintomáticas e até mesmo o uso de agentes quelantes, que ajudam na eliminação
dessas substâncias do corpo.
Confira abaixo, segundo a especialista, dicas
para evitar riscos:
- Prefira brinquedos com selo do Inmetro e instruções em
português;
- Evite produtos sem procedência ou de origem duvidosa;
- Desconfie de itens muito baratos;
- Evite brinquedos pintados em tons metálicos (dourado ou
prateado);
- Observe o comportamento da criança e sinais físicos sem causa
aparente, especialmente se aparecem após o contato com determinado brinquedo.
Com esses cuidados, as crianças poderão brincar à vontade, dando
tranquilidade aos pais e cuidadores.
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