Pesquisa revela que
70% dos jovens nunca foram ao dermatologista, enquanto as trends banalizam até
mesmo o uso do protetor solar
Às vésperas do verão, quando a exposição solar aumenta e os cuidados com a pele ganham destaque, um novo alerta preocupa os especialistas: sete em cada dez jovens brasileiros nunca passaram por uma consulta com um dermatologista.
O dado faz parte de uma pesquisa inédita da L’Oréal Beleza Dermatológica, em parceria com o Datafolha, apresentada no Congresso Brasileiro de Dermatologia de 2025. O levantamento aponta um distanciamento crescente entre a população — especialmente os mais jovens — e o cuidado com a saúde da pele.
Para
a médica pós-graduada em dermatologia Dra. Camila Mazza, a desinformação nas
redes sociais se tornou um obstáculo real à prevenção. “Tendências que
desestimulam o uso de protetor solar ou incentivam práticas caseiras sem
respaldo científico têm impacto direto na saúde pública. O avanço das redes
sociais trouxe acesso sem precedentes à informação — mas também abriu espaço
para um fenômeno perigoso: a popularização de conteúdos sem base científica”,
alerta.
Desinformação e vulnerabilidade digital
Nas
redes, influenciadores sugerem “rotinas naturais”, questionam o uso de protetor
solar e estimulam comportamentos de risco em nome da “autenticidade”. Segundo a
médica, essas práticas podem gerar danos cumulativos à pele, atrasar
diagnósticos e aumentar a incidência de doenças. “Não existe bronzeado seguro.
A exposição solar desprotegida causa alterações celulares progressivas, que
podem evoluir para o câncer de pele”, explica.
De
acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil registra mais de 180
mil novos casos anuais de câncer de pele não melanoma. “É o tipo mais incidente
no país, e ainda assim a prevenção segue sendo negligenciada”, complementa.
Outros dados preocupantes
A
pesquisa revela ainda que:
• 46%
dos idosos com mais de 60 anos nunca foram ao dermatologista — justamente o
grupo mais vulnerável ao câncer de pele;
• Apenas
6% da população realiza consultas regulares com o especialista;
• 55%
das mulheres já se consultaram ao menos uma vez, contra 37% dos homens;
• 17% dos entrevistados não reconhecem o dermatologista como profissional de saúde.
Esses
números mostram que o cuidado com a pele ainda é visto como uma questão
estética, quando na verdade está diretamente ligado à prevenção de doenças e à
qualidade de vida. “A pele é o maior órgão do corpo humano e desempenha funções
vitais. Cuidar dela não é vaidade — é saúde pública”, reforça Dra. Camila.
Entre ciência e influência
Com
a chegada do verão e o aumento da radiação solar, reforçar hábitos simples e
eficazes é essencial.
Usar protetor solar diariamente, hidratar a pele e realizar avaliações médicas periódicas são atitudes acessíveis e capazes de evitar complicações sérias. Para a médica, democratizar o acesso à dermatologia passa também pela educação em saúde. “Campanhas públicas, orientação nas escolas e capacitação de profissionais da atenção básica podem ajudar a reduzir o número de diagnósticos tardios. Informação é a primeira forma de prevenção”, afirma.
Diante
da força das redes sociais, o desafio da dermatologia moderna é equilibrar
inovação, comunicação digital e responsabilidade científica. “É preciso
transformar informação em ação. A internet pode ser uma aliada — desde que
usada para educar e empoderar com base em evidências”, conclui a médica.
Dicas de como proteger sua pele
• Use
protetor solar com FPS 30 ou superior todos os dias, inclusive em dias
nublados;
• Reaplique
a cada 2 horas, ou após suar e entrar na água;
• Evite
receitas caseiras e produtos sem registro da Anvisa;
• Observe
sinais e manchas que mudem de cor, tamanho ou formato — e procure um
dermatologista.
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