Estudantes relatam altos níveis de estresse na reta final, especialista defende o apoio da família, clareza de propósito e estratégias de estudo mais eficazes
A reta final para os vestibulares é um período de intensas emoções e grandes desafios. Para além da preparação acadêmica, o sucesso dos estudantes nessa fase depende do equilíbrio entre rotina de estudos, apoio familiar, orientação vocacional e bem-estar emocional. Segundo estudo desenvolvido pela Secretaria da Educação e o Instituto Ayrton Senna, mais de 70% dos estudantes brasileiros do Ensino Médio relatam sentir altos níveis de estresse e ansiedade no período que antecede os vestibulares, sendo que uma parcela significativa aponta a pressão por resultados como a principal causa desse desgaste emocional.
Essa realidade revela que a preparação para os exames vai muito além da memorização de conteúdos: trata-se de um processo que exige resiliência, gestão emocional e clareza de propósito. Nesse cenário, escolas que desenvolvem estratégias integradas de apoio acadêmico e socioemocional cumprem um papel decisivo para que os jovens enfrentem essa etapa com mais confiança e equilíbrio.
De acordo com Carolina Sperandio, diretora da Unidade Granja Vianna do Colégio Rio Branco, o processo de preparação não pode ser visto como algo que se resume aos últimos meses do Ensino Médio. “Preparar-se para os vestibulares é como treinar para correr a São Silvestre, não é possível enfrentar o desafio se o treinamento começar apenas na última semana. É necessário que a preparação aconteça ao longo de todo o Ensino Médio, com simulados, acompanhamento pedagógico e estratégias que fortalecem o equilíbrio emocional e a autoconfiança dos alunos”, explica.
A diretora exemplifica com a
rotina intensa e diversificada do Rio Branco para que os alunos cheguem ao dia
da prova mais preparados e confiantes. Aulas interdisciplinares, plantões de
dúvidas, laboratórios de redação em turmas reduzidas, simulados mensais com
análise detalhada de desempenho e exercícios personalizados estão entre as
atividades. Além disso, participam de encontros de mentoria voltados ao projeto
de vida, visitas a universidades e palestras sobre carreiras e mercado de
trabalho, o que contribui para ampliar horizontes e dar mais clareza às escolhas
profissionais. “Nos últimos meses, a qualidade dos estudos deve prevalecer
sobre a quantidade. Nosso papel é orientar os alunos a priorizar os
conteúdos que mais impactam seus objetivos e manter o equilíbrio entre
dedicação, descanso e bem-estar”, reforça Sperandio.
O equilíbrio entre desempenho e bem-estar
O papel da família é considerado um dos principais fatores de apoio emocional para os estudantes que enfrentam a maratona dos vestibulares. A presença de pais e responsáveis, quando equilibrada, pode ser decisiva para dar segurança e motivação, mas sem aumentar a pressão sobre os jovens. “O apoio familiar deve vir acompanhado de diálogo, confiança e compreensão de que escolhas profissionais não são definitivas. Quando a família se torna um pilar de segurança, o estudante sente-se mais preparado para enfrentar esse momento”, comenta a diretora.
Nesse contexto, a orientação vocacional surge como uma ferramenta importante para reduzir a ansiedade e manter o foco. Ter clareza de propósito ajuda os estudantes a direcionar o esforço de maneira mais consciente. “O estresse é maior em jovens inseguros com a escolha profissional. Quando o aluno encontra sentido no esforço que está fazendo, sua motivação cresce e a ansiedade diminui”, acrescenta.
Outro ponto essencial para
lidar com a pressão dos exames é cuidar do bem-estar emocional. Pausas
planejadas, prática de esportes, técnicas de respiração e até momentos de lazer
ajudam a aliviar a tensão. Estratégias como mindfulness e
pequenas rotinas de relaxamento têm se mostrado eficazes para manter o
equilíbrio psicológico nessa fase. Professores e educadores também ressaltam
a importância de lembrar aos jovens que o vestibular é apenas uma etapa dentro
de um processo mais longo de aprendizagem e autoconhecimento.
Estratégias de estudo na reta final
Nos últimos meses antes da prova, Carolina destaca que a constância e a organização nos estudos são mais eficazes do que sessões longas e exaustivas. Métodos como a técnica Pomodoro, a elaboração de mapas mentais, a resolução de provas anteriores e a prática de redações com devolutivas frequentes costumam trazer bons resultados. Criar um cronograma realista, estabelecer metas alcançáveis e até recompensas simples para cada conquista ajuda a manter a motivação.
Além disso, a preparação vai além do conteúdo: é importante incluir pausas para descanso, momentos de lazer e a prática regular de atividades físicas. Essa combinação contribui para evitar a sobrecarga e garantir que o estudante chegue ao dia da prova não apenas preparado intelectualmente, mas também equilibrado emocionalmente. Manter a confiança e o equilíbrio é fundamental.
“Confie na sua trajetória,
mantenha sua rotina de estudos, cuide de si mesmo e lembre-se de que o
vestibular é apenas uma etapa. Ele não define quem você é, mas pode ser uma
oportunidade para colocar em prática todo o seu esforço e dedicação. Respire
fundo, mantenha o foco no presente e celebre cada pequena vitória ao longo do
caminho”, finaliza.

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