Especialistas explicam os cuidados necessários para pacientes que utilizam Ozempic, Mounjaro e outros medicamentos antes de passar por uma cirurgia plástica
O uso das chamadas canetas emagrecedoras, como o
Mounjaro, Ozempic e Wegovy, tem se popularizado no Brasil e ajudado muitos
pacientes no processo de perda de peso. Mas quando o assunto é cirurgia
plástica, especialistas orientam que o uso dessas medicações precisa ser
considerado no planejamento do procedimento, não como um impeditivo, mas como
um cuidado adicional para garantir mais segurança e melhores resultados.
“O que muitos pacientes não sabem é que o uso
contínuo dessas medicações pode exigir ajustes no preparo para exames ou
cirurgias eletivas. Isso não significa que o procedimento não possa ser feito,
mas sim que precisamos avaliar o caso com cuidado. A ideia é preservar a saúde
do paciente e otimizar o resultado estético”, explica Felipe Simões Pires,
cirurgião plástico e cofundador da Clínica Dominique.
A anestesista Dra. Fernanda Fischer, também da
Clínica Dominique, reforça a importância desse acompanhamento detalhado no
pré-operatório. Segundo ela, em pacientes que utilizam as canetas, o tempo de
esvaziamento gástrico pode ser mais lento do que o habitual, mesmo respeitando
o jejum indicado antes da cirurgia.
“No preparo pré-anestésico, orientamos jejum de 8
horas para refeições mais pesadas e de 6 horas para refeições leves. Pacientes
que usam essas medicações podem ainda apresentar conteúdo no estômago nesse
período, o que aumenta o risco durante a sedação, pois o reflexo de proteção
contra aspiração fica comprometido”, esclarece a anestesista.
Fernanda destaca que, por enquanto, não existe uma
orientação única na literatura médica sobre o tempo exato de suspensão das
canetas antes de uma cirurgia, já que os efeitos permanecem mesmo após a última
dose. “As recomendações variam: algumas sociedades médicas americanas sugerem
suspender de 7 a 10 dias antes do procedimento, enquanto as diretrizes
brasileiras falam em até 7 a 14 dias. Mas essa decisão deve sempre ser
individualizada, considerando o tipo de cirurgia, o perfil da paciente e a
avaliação conjunta do cirurgião e do anestesista”, completa.
Para os especialistas, o uso de canetas emagrecedoras não é um impeditivo para cirurgias plásticas, mas deve sempre ser parte de um plano de cuidado conjunto. “O preparo para uma cirurgia plástica vai muito além do centro cirúrgico. Ele começa com exames, avaliação clínica, estabilidade do peso e, principalmente, com uma conversa aberta entre paciente e equipe médica. Antes, muitos pacientes nem mencionavam se estavam em uso de canetas emagrecedoras porque isso não fazia parte da nossa rotina de avaliação. Hoje, com a popularização desses medicamentos, é fundamental informar o cirurgião e o anestesista. Essas medicações não são um impeditivo para a cirurgia, pelo contrário: podem ser grandes aliadas na jornada de transformação, desde que usadas com orientação e acompanhamento médico. O mais importante é que cada passo seja dado de forma segura, sempre em alinhamento com a equipe de saúde”, comenta o cirurgião plástico Felipe Simões Pires.

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