Dra. Bianca Bolonhezi alerta para os efeitos da ansiedade de
desempenho e convida à prática de autoconhecimento neste fim de ano
À medida que o ano se aproxima do fim, é
comum que muitas pessoas se sintam pressionadas a fazer balanços pessoais e
“encerrar ciclos”. Nas redes sociais e no ambiente de trabalho, o discurso do
“fechar o ano com chave de ouro” se repete — e, junto com ele, cresce também a
sensação de insuficiência.
A psiquiatra Dra. Bianca Bolonhezi explica
que esse fenômeno está diretamente ligado à ansiedade de desempenho: um estado
de tensão constante em que a pessoa se sente avaliada o tempo todo, inclusive
por si mesma.
“Vivemos uma cultura que valoriza
resultados e produtividade. Quando chega novembro, muita gente percebe que não
cumpriu tudo o que planejou e isso pode gerar culpa, frustração e até sintomas
de ansiedade ou desânimo”, explica a médica.
De acordo com a especialista, esse tipo de
autocobrança excessiva pode começar de forma silenciosa — como insônia,
irritabilidade, exaustão e dificuldade de concentração – até que aos poucos vá
se tornando um transtorno.
“O cérebro entra em modo de alerta,
tentando compensar tudo o que pareceu faltar. O problema é que esse movimento
drena mais energia do que renova e impede justamente o descanso e a reflexão
que o fim de ano deveria proporcionar”, pontua.
Para a Dra. Bianca, parte do antídoto está
no autoconhecimento e na reflexão sobre o que é prioridade. “É prioridade no
singular mesmo, pois se tudo tem o mesmo grau de importância, nossa atenção
fica dividida cada dia e cada momento em uma área da vida e tudo parece
estagnado o tempo todo”.
“Nem sempre o progresso será visível. Às
vezes, o maior avanço foi atravessar um ano difícil ou ter tido a coragem de se
priorizar e dizer ‘não’ mais vezes. Muitas vezes precisamos reconhecer até
mesmo as pequenas conquistas e não apenas pensar em metas cumpridas”, ressalta.
A psiquiatra reforça ainda que a pausa de fim de ano deve ser um convite à leveza, não à comparação.
“Fechar o ano bem não é fazer mais do que o outro, mas sentir-se em paz com o que foi possível. A saúde mental começa quando trocamos a cobrança por gentileza conosco mesmos”, conclui.
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