A intuição, frequentemente reduzida à ideia de "pressentimento", passa a ser compreendida sob uma nova ótica científica graças à pesquisa conduzida por Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, pós-doutor em neurociências e especialista em genômica. Em estudo publicado no International Journal of Health Science (DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.15952325280511), o autor demonstra, com rigor morfológico e neurobiológico, como a intuição emerge de uma interação altamente especializada entre redes neurais e neurotransmissores, especialmente em indivíduos superdotados.
Intuição: produto de conexões neurais e não de
adivinhações
Segundo
Abreu, a intuição deve ser entendida como um processo cognitivo avançado, e não
um mecanismo místico ou esotérico. Envolve a atuação integrada de áreas como o
córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC), o giro do cíngulo anterior (ACC) e a
amígdala, entre outras regiões cerebrais. A ativação dessas estruturas
possibilita respostas rápidas sem passar pela lógica consciente tradicional. “A
intuição é uma operação neurocognitiva que simula a análise, mas a realiza em
velocidade superior à consciência ordinária”, afirma o autor.
Superdotação e intuição: uma combinação de
plasticidade e emoção
O estudo
utiliza como referência um grupo de indivíduos com altas habilidades
cognitivas, vinculados ao CPAH (Centro de Pesquisas e Análises Heráclito). A
análise demonstrou que essas pessoas apresentam maior densidade de fibras no
corpo caloso, o que potencializa a integração hemisférica e favorece decisões
mais rápidas e assertivas. Além disso, há uma ativação mais eficiente do
sistema dopaminérgico e serotoninérgico, essenciais na motivação e na regulação
emocional.
O papel dos genes: COMT e 5-HTTLPR
Abreu
ressalta a importância dos fatores genéticos. Polimorfismos nos genes COMT
(envolvido na regulação da dopamina) e 5-HTTLPR (ligado à serotonina) foram
identificados como determinantes no desempenho intuitivo. Indivíduos com
variantes favoráveis desses genes tendem a demonstrar maior flexibilidade
cognitiva e controle emocional — pilares da intuição eficaz.
Inteligência emocional e criatividade subjetiva:
os pilares ocultos da intuição
A pesquisa
também aponta que nem todos os superdotados possuem intuição elevada. Aqueles
com menor desenvolvimento de inteligência emocional ou criatividade subjetiva
apresentam menor integração entre os sistemas límbico e pré-frontal, limitando
a efetividade do processo intuitivo. Para Abreu, “a intuição genuína exige um
equilíbrio entre cognição racional e emoção regulada”.
Por que isso importa?
Em um mundo
onde decisões rápidas são cada vez mais exigidas, compreender os mecanismos
biológicos da intuição pode ajudar a aprimorar treinamentos em áreas como
liderança, saúde mental, tomada de decisões críticas e até mesmo educação de
superdotados. Além disso, a abordagem interdisciplinar que une neurociência,
genética e psicologia proporciona novos parâmetros para a avaliação da
inteligência humana além do QI tradicional.
Ao
evidenciar que a intuição não é fruto do acaso, mas de um circuito cerebral
específico e potencializado em pessoas com alta inteligência, o estudo de
Fabiano de Abreu representa um avanço importante na compreensão das habilidades
humanas complexas. E mais do que isso: oferece uma base científica sólida para
aplicá-las de forma estratégica em contextos reais, do ambiente corporativo à
clínica psicológica.
ABREU, Fabiano de. What Intuition is and How it Arises in the Brain: An Analysis Using High Intelligence as a Reference. International Journal of Health Science, v. 5, n. 23, 2025. DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.15952325280511
Nenhum comentário:
Postar um comentário