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sábado, 14 de junho de 2025

O aumento da melancolia nos dias frios não é frescura nem drama, é neuroquímica


Basta a temperatura cair que, junto com os casacos, muitos também tiram do armário sentimentos como desânimo, irritabilidade e até tristeza sem motivo aparente. O inverno — ou mesmo períodos mais frios ao longo do ano — podem mexer profundamente com o equilíbrio emocional, como alerta a psicóloga e neuropsicóloga Tatiana Serra. "O frio não afeta apenas o corpo, ele também tem impacto direto na nossa saúde mental. E isso tem explicações biológicas e comportamentais claras", afirma a especialista.

De acordo com Tatiana, uma das principais razões está na diminuição da exposição à luz solar, responsável por regular hormônios como a melatonina (ligada ao sono) e a serotonina (ligada ao humor). “Com menos luz natural, o cérebro reduz a produção de serotonina, o que pode levar à sensação de tristeza, apatia e cansaço. É como se o organismo entrasse em modo de economia de energia — física e emocional.”

Outro fator relevante é o isolamento social involuntário. Com o frio, as pessoas tendem a sair menos, ver menos amigos e praticar menos atividades ao ar livre, o que reforça a sensação de solidão. “Esse comportamento favorece o surgimento ou o agravamento de quadros como depressão sazonal, especialmente em pessoas que já têm predisposição”, destaca Tatiana.

Entre os efeitos psicológicos mais comuns observados nos dias mais frios estão:

  • Maior tendência à ruminação mental (pensamentos repetitivos e negativos)
  • Alterações no apetite (com busca por alimentos mais calóricos)
  • Queda na motivação para tarefas simples do dia a dia
  • Aumento da irritabilidade e sensibilidade emocional

A boa notícia é que existem formas de se proteger. Segundo Tatiana Serra, manter uma rotina de exercícios físicos, garantir ao menos alguns minutos diários de exposição à luz natural (mesmo nos dias nublados), praticar a auto-observação emocional e procurar manter vínculos afetivos ativos são atitudes que ajudam a equilibrar o bem-estar mental durante o frio. “Não é frescura nem drama. É neuroquímica e contexto. Por isso, o acolhimento e a informação são fundamentais”, finaliza a psicóloga.

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