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sábado, 14 de junho de 2025

Luto não reconhecido: as perdas invisíveis que também doem

Mariana Clark, psicóloga especializada em luto, explica como vivências deslegitimadas podem afetar profundamente a saúde mental


Perder alguém querido é doloroso — mas há perdas que, mesmo gerando sofrimento profundo, passam despercebidas ou são minimizadas socialmente. São os chamados lutos não reconhecidos, que ocorrem quando a dor de uma perda - ou de uma mudança - não encontra espaço de acolhimento, validação ou escuta.

Essas situações envolvem, por exemplo, o término de um relacionamento, a perda de um animal de estimação, a morte de um ex-parceiro, o aborto espontâneo, a perda ou o ganho de peso de maneira não intencional ou até mesmo depois de uma cirurgia bariátrica, a demissão ou aposentadoria, entre outras vivências que, apesar de emocionalmente impactantes, são muitas vezes tratadas como “menos importantes”.

A sociedade reconhece o luto principalmente quando há morte e vínculos formais. Mas a dor não precisa de certidão para existir. É importante explicar e educar a população a respeito dessas ‘dores invisíveis’, mas que são reais e devem ser validadas”, explica Mariana Clark, psicóloga, palestrante e especialista em Perdas, Lutos e Saúde Mental.

Segundo pesquisa da Universidade de Columbia (EUA), cerca de 40% das pessoas que vivem um luto relatam não se sentir compreendidas socialmente — índice ainda maior quando o motivo da perda foge ao "modelo tradicional" de enlutamento. “A falta de reconhecimento agrava o sofrimento, podendo levar à culpa, isolamento e, em alguns casos, até ao adoecimento mental. Muitas pessoas enlutadas nos chamados lutos não reconhecidos precisam lidar com todo o sofrimento que o luto traz e, adicionalmente, com a dor de não ter a sua dor reconhecida. ”, completa Mariana.

Falar sobre luto não é apenas falar sobre a morte, mas sobre todos os sentimentos que envolvem perda e mudança. É uma nova abordagem em saúde mental que precisa ser levada a todas as rodas de conversa”, afirma a psicóloga, que defende uma abordagem mais sensível e ampliada sobre o tema — tanto na vida pessoal quanto no ambiente profissional. 

“Em tempos de tanta pressão emocional, reconhecer as perdas invisíveis é um passo essencial para construir uma cultura de cuidado e empatia”, finaliza a especialista.

 

Mariana Clark - psicóloga formada com MBA em Gestão de RH pela PUC-RJ. Além disso, é formada em Psicologia Positiva e especialista em Perdas, Lutos e Saúde Mental no contexto organizacional. Sua carreira corporativa de mais de 20 anos inclui passagens na Natura e no grupo Globo. Sua missão de levar o cuidado para o centro das relações de trabalho fizeram com que Mariana trocasse uma carreira como executiva de sucesso pela vida empreendedora. Fundadora da Humanizar Consultoria, desde 2018 Mariana leva o seu conhecimento para empresas através de processos de acolhimento, letramento emocional, capacitações e travessias para a promoção da saúde e do desenvolvimento humanos. Mentora de Saúde Mental na Top2You, palestrante e escritora, Mariana é também um dos nomes em ascensão na Suicidologia brasileira, sempre tendo o luto e suas dores no contexto principal de seu trabalho.



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