Além das tão famosas ondas de calor e a interrupção da menstruação, a menopausa pode causar insônia, cansaço extremo, alterações de humor e impacto profundo na saúde física e emocional da mulher.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), aproximadamente 30 milhões de mulheres no Brasil estão
vivendo na faixa etária do climatério e da menopausa, o que representa 7,9% da
população feminina. No entanto, apenas cerca de 238 mil foram diagnosticadas
pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, de acordo com a revista
Climateric, 82% das brasileiras na faixa etária de 46 a 48 anos apresentam
sintomas que comprometem sua qualidade de vida.
A Dra. Elaine Dias JK, phd em endocrinologia pela USP e metabologista, explica
que a mulher entra na fase de transição hormonal muito antes de perceber.
“Muitas vezes, ela não apresenta essas ondas de calor e nem percebe as mudanças
imediatas no ciclo menstrual, mas ela começa a sofrer com sintomas como
insônia, dificuldade de concentração, cansaço persistente, alterações de humor
e até mesmo ressecamento vaginal severo. Esses sinais não são reconhecidos de
imediato como parte do climatério, o que atrasa o diagnóstico e o início do
tratamento”, explica a médica.
Ela ainda ressalta que outra manifestação comum nessa fase é a redistribuição
da gordura corporal. “O que eu percebo bastante: as pacientes, quando estão no
climatério, nesse período de pré-menopausa, que começa até oito ou dez anos
antes da menopausa, apresentam uma redistribuição de gordura. A gordura
começa a se acumular na região visceral, no abdômen, o que é muito comum.
Também é frequente o ganho de peso, a diminuição do metabolismo e o aumento da
vontade de comer doce”, revela a Dra. Elaine.
Ondas de calor, suores noturnos e o fim da menstruação são alguns dos sinais
mais conhecidos da menopausa. No entanto, para muitas mulheres, esse período
pode chegar de forma bastante discreta, quase imperceptível. Chamado por
especialistas de “menopausa silenciosa”, esse fenômeno ocorre quando as manifestações
clínicas da queda hormonal surgem de forma progressiva e sutil, muitas vezes
confundidas com estresse, sobrecarga de trabalho, insônia ou quadros emocionais
como depressão e ansiedade.
De acordo com a especialista, é comum que pacientes passem por diferentes
médicos em busca de respostas, quando na verdade estão vivenciando os primeiros
impactos da queda gradual do estrogênio. “A mulher se sente exausta, com lapsos
de memória, sono leve e não reparador, e começa a duvidar de si mesma. Muitas
vezes, ela ouve que tudo é emocional, quando há, sim, uma base fisiológica e
hormonal para o que está vivendo”, enfatiza a Dra. Elaine.
O termo “menopausa silenciosa” refere-se a esse quadro clínico sutil que começa
durante o climatério, a fase de transição que pode durar anos antes da última
menstruação e que tende a ser negligenciada. Segundo um amplo estudo brasileiro
publicado na revista científica Climateric, a mulher brasileira entra na
menopausa, em média, aos 48 anos, sendo que os primeiros sinais da transição
hormonal, como a irregularidade menstrual, costumam surgir aos 46. Ainda
segundo o estudo, 73,1% das mulheres sentem sintomas climatérios, como ondas de
calor, entre a fase anterior à menopausa e a própria menopausa, e 78,4% continuam
sentindo tais sintomas mesmo após a menopausa, esses sintomas de forma
irregular acabam confundindo a mulher, contribuindo para um ciclo de
desinformação e de um sofrimento silencioso.
Embora o quadro não envolva riscos imediatos à vida, a menopausa, quando mal
conduzida, pode ter impactos profundos na saúde física, metabólica, emocional e
até social da mulher. A queda do estrogênio, por exemplo, está associada à
piora da qualidade do sono, à perda de massa muscular e à piora da saúde metabólica,
incluindo o aumento da glicose, da resistência insulínica e do colesterol.
Ocorre também o afinamento da pele, a secura das mucosas, especialmente da
região vaginal, a piora da memória de curto prazo, além de um aumento da ansiedade
e da irritabilidade.
“O corpo da mulher muda por completo, mas, como essas mudanças não vêm
acompanhadas de sinais drásticos, elas vão sendo administradas erroneamente ou
ignoradas. Muitas pacientes relatam que sentem como se tivessem deixado de ser
quem eram. Isso é extremamente doloroso e, infelizmente, ainda é pouco falado”,
afirma a Dra. Elaine.
Para ela, a menopausa precisa ser tratada como uma questão de saúde pública e
não apenas como um marco biológico. “Precisamos romper o silêncio e criar espaços
de escuta e acolhimento. Menopausa não é doença, mas pode se tornar um problema
de saúde se ignorada ou mal conduzida”, alerta.
O diagnóstico da menopausa silenciosa é realizado com base na análise do
histórico clínico, na escuta atenta das queixas da paciente e em exames
laboratoriais que avaliam os níveis hormonais. O tratamento é individualizado.
Em alguns casos, pode incluir terapia hormonal, desde que não haja
contraindicações. Em outros, mudanças no estilo de vida, suplementações e apoio
psicológico podem ser suficientes para reverter os sintomas e devolver
qualidade de vida.
“Cada mulher tem sua própria história, seu próprio ritmo de transição hormonal.
O papel do médico é respeitar essa individualidade e oferecer cuidado integral,
com orientação clara, sem tabu e com empatia”, conclui a endocrinologista.
Dra. Elaine Dias JK - PhD em endocrinologia pela USP, também é membro ativo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, onde foi professora no curso de USG de Tireoide. Em sua clínica-boutique na Oscar Freire, atua com uma equipe de profissionais multidisciplinares em um espaço acolhedor e humanizado, com tecnologias de última geração. É uma das poucas no Brasil a realizar o exame de epigenética, que permite a personalização do tratamento com a orientação de dieta e atividade física ideal para cada paciente, apontando os melhores caminhos para resultados mais efetivos.
www.elainedias.com.br
Instagram @draelainediasjk

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