Especialista
alerta sobre importância do diagnóstico genético para tratamentos mais precisos
e eficazes 
El. S - Unplash
O número de brasileiros com distúrbios da tireoide
tem aumentado expressivamente. Estima-se que cerca de 15% da população adulta
sofra com algum tipo de disfunção da glândula, segundo o Ministério da Saúde.
Já o câncer de tireoide é o quinto tipo mais comum entre as mulheres no país,
com mais de 14 mil novos casos previstos para 2025, de acordo com o Instituto
Nacional de Câncer (INCA).
Por trás de sintomas como fadiga persistente,
variações de peso, ansiedade, queda de cabelo ou sensação constante de frio,
pode haver uma origem que vai além dos exames laboratoriais tradicionais. A
genética e a saúde intestinal ganham destaque como ferramentas-chave para o
diagnóstico preciso e o tratamento eficaz. A boa notícia: a medicina de precisão
já permite identificar essas causas e atuar de forma preventiva e
personalizada.
Segundo a nutricionista, pesquisadora e CEO do
Scanner da Saúde, Aline Quissak, o funcionamento da tireoide
pode estar diretamente inscrito nos nossos genes. “Alterações no gene DIO2, por
exemplo, comprometem a conversão do hormônio T4 em T3, sua forma ativa. Mesmo
com exames normais, o paciente pode apresentar sintomas de hipotireoidismo”,
explica.
Além do DIO2, outros genes como CTLA4, RET, TPO,
TG, FOXE1 e SLC5A5 influenciam processos como produção hormonal, risco de
doenças autoimunes (como Hashimoto e Graves), captação de iodo e até o
surgimento de câncer de tireoide. A partir desses dados, é possível construir
um plano de cuidado sob medida.
Outro fator determinante na saúde tireoidiana é a
microbiota intestinal. Um intestino desequilibrado, com baixa diversidade
bacteriana ou inflamação, pode prejudicar a absorção de nutrientes essenciais
como selênio, zinco e iodo – fundamentais para a tireoide. “Além disso, quadros
de permeabilidade intestinal aumentada podem acionar respostas autoimunes que
afetam diretamente a glândula”, alerta Aline.
Por isso, a análise funcional da microbiota também
faz parte das condutas integrativas. Em casos como o da Tireoidite de
Hashimoto, é comum que a origem esteja ligada a uma disbiose intestinal. Nestes
perfis, são indicadas estratégias como o uso de probióticos específicos,
compostos bioativos anti-inflamatórios (como curcumina e antocianinas) e
eliminação temporária de alimentos inflamatórios, como glúten e leite.
Mais do que nutrir, os alimentos podem ativar ou
silenciar genes, interferindo diretamente na expressão de processos metabólicos
e imunológicos. Essa é a base da nutrigenômica, um dos pilares da nutrição de
precisão. Entre as condutas citadas pela especialista estão:
- Suplementação
orientada de selênio e zinco, especialmente para indivíduos com alterações
em DIO1/DIO2;
- Dieta
anti-inflamatória rica em compostos bioativos, como quercetina, curcumina
e antocianinas;
- Redução
ou preparo adequado de alimentos com substâncias goitrogênicas, como couve
e soja, em pacientes com dificuldade na captação de iodo (gene SLC5A5).
Aline destaca que não se trata de dietas genéricas.
“É um plano construído a partir da genética, da microbiota, dos exames
laboratoriais e da história do paciente. É quando a ciência encontra a
individualidade”, afirma.
Software auxilia
profissionais da saúde no tratamento de doenças
Além dos testes, hoje existe uma ferramenta no mercado para auxiliar os
profissionais da saúde que quer se aprofundar na medicina de precisão, com
perfis clínicos e condutas personalizadas. O Scanner da Saúde,
software desenvolvido pela nutricionista, permite cruzar informações genéticas,
laboratoriais e funcionais para identificar perfis clínicos e direcionar
estratégias. Veja alguns exemplos:
- Perfil
Hashimoto com disbiose intestinal: foco em restaurar a integridade da
barreira intestinal, usar cepas probióticas específicas e alimentos
imunomoduladores;
- Perfil
DIO2 alterado com fadiga persistente: ênfase em otimizar a conversão
hormonal com nutrientes, antioxidantes mitocondriais e ritmo alimentar
adaptado;
- Perfil
com mutação RET e histórico familiar de câncer: rastreamento médico
intensivo, estratégia antioxidante robusta e ações epigenéticas
preventivas por meio da dieta.
E quando o paciente apresenta mais de um perfil? É
nesse ponto que a medicina de precisão se destaca. “O mesmo sintoma pode ter
causas diferentes: um ganho de peso pode estar relacionado a má conversão
hormonal, a inflamação autoimune ou à deficiência nutricional. Entender isso é
o que faz a diferença no sucesso do tratamento e é aí que o software vem
auxiliar”, conclui a especialista.
Scanner da Saúde
https://dralinequissak.com/home
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