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sábado, 14 de junho de 2025

Amor com equilíbrio: por que a autonomia emocional é essencial nos relacionamentos

 

Especialista analisa vínculos afetivos e alerta para os riscos da dependência emocional nas relações amorosas 

 

O Dia dos Namorados, quando muitos casais celebram o amor e a companhia, é também um bom momento para refletir sobre a qualidade das relações afetivas, especialmente quando o amor se confunde com dependência emocional. A autonomia dentro de um relacionamento não significa distanciamento, mas sim maturidade emocional, respeito às individualidades e vínculos mais saudáveis.  

Segundo a professora Talita Rocha, professora do curso de Psicologia da Una Uberlândia, a autonomia emocional é um dos pilares de uma relação afetiva saudável. “Ter autonomia emocional é ser capaz de reconhecer as próprias emoções, lidar com elas e não colocar a responsabilidade do próprio bem-estar no outro. Isso não diminui o amor, pelo contrário: fortalece o vínculo com base no respeito mútuo”, explica. 

 

Quando o amor vira dependência 

Embora o desejo de proximidade seja natural nas relações amorosas, é importante estar atento aos sinais de desequilíbrio. Rocha alerta que a dependência emocional pode surgir de forma sutil, mas tem efeitos profundos. “A pessoa dependente vive em função do outro, teme ser abandonada e sente que não consegue ser feliz sozinha. Isso leva a um ciclo de insegurança, ciúme excessivo e, muitas vezes, à anulação de si mesma para agradar o parceiro”, destaca.  

Entre os sinais de alerta estão a dificuldade de tomar decisões sem a aprovação do outro, medo constante de rompimento, idealização extrema da pessoa amada e abandono de interesses pessoais. “Quando a relação passa a ser o único centro da vida, há perda de identidade. Isso não é amor, é uma relação de fusão emocional, que tende a gerar sofrimento para ambas as partes”, analisa a psicóloga. 

 

Autonomia não é ausência de afeto 

Rocha reforça que autonomia emocional não é sinônimo de frieza ou desapego. “Pelo contrário. Pessoas emocionalmente autônomas conseguem se entregar de forma mais verdadeira, porque não esperam que o outro preencha todos os seus vazios. Elas amam com liberdade, não por carência”, explica.  

Desenvolver essa autonomia exige autoconhecimento, autoestima e, muitas vezes, apoio profissional. “Muitos padrões de dependência têm origem em vivências anteriores, como abandono, negligência ou insegurança na infância. O processo terapêutico pode ajudar a ressignificar essas experiências e construir vínculos mais equilibrados”, pontua. 

 

Equilíbrio entre autonomia e vínculo 

De acordo com a psicóloga, é possível manter a autonomia sem perder a intimidade. “O equilíbrio vem do respeito mútuo à individualidade e da construção de um vínculo baseado na confiança, e não na necessidade”, afirma. Diálogo, escuta empática, liberdade de escolha e acordos saudáveis são ferramentas importantes para isso.  

Rocha também aponta estratégias práticas, além da terapia individual, para quem deseja cultivar essa independência emocional: “escrever um diário emocional para reconhecer sentimentos, estabelecer limites e aprender a dizer ‘não’ sem culpa, construir uma rede de apoio e de hobbies fora da relação fortalecem a identidade pessoal”. 

 

Relacionamentos mais saudáveis começam dentro de nós 

Neste Dia dos Namorados, a psicóloga convida à reflexão: “Mais do que ter alguém, é preciso saber ser alguém. Amar com autonomia é reconhecer o outro como parceiro, não como salvador. É dividir a vida, e não se anular nela”.  

Para quem está em um relacionamento, vale observar se há espaço para o diálogo, o crescimento individual e a liberdade emocional. Já quem está solteiro também pode aproveitar a data para fortalecer o autocuidado e investir em si mesmo, afinal, um relacionamento saudável começa com uma relação amorosa com quem somos.  

“Relacionar-se com o outro é importante, mas não pode ser condição para se sentir completo. A solidão não deve ser temida, mas compreendida como parte do processo de amadurecimento emocional. Quando aprendemos a estar bem com nós mesmos, as relações que criamos tendem a ser mais leves, recíprocas e verdadeiras”, conclui Rocha. 

 

Una 



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