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segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Transtornos alimentares têm uma participação ativa em casos de suicídio


800 mil pessoas acabam com suas vidas todos os anos no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos

Com a chegada do mês de setembro, precisamos voltar nosso olhar para um tema bastante pertinente e atual: o suicídio. Esse é um período importante para alertamos e conscientizarmos a todos sobre a importância de cuidar da saúde mental.

O último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que a taxa de suicídios a cada 100 mil habitantes aumentou 7% no Brasil, ao contrário do índice mundial, que caiu 9,8. Apesar dos números mundiais estarem em queda, os índices são alarmantes: cerca de 800 mil pessoas acabam com suas vidas todos os anos no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. O suicídio foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, após os acidentes de carro.

Para a psicóloga especializada em transtornos compulsivos alimentares e coordenadora do AMBULIM/USP, Valeska Bassan, embora o tema ainda seja um tema tabu para a sociedade, nunca foi tão necessário mostrar apoio para quem precisar quanto agora. “A pandemia foi um verdadeiro gatilho para muitos casos de suicídio, o isolamento por si só é algo muito difícil de lidarmos, ainda mais quando vêm com solidão, desemprego, incertezas sobre o amanhã.”, diz.

E explica que os transtornos alimentares têm uma participação ativa em casos de suicídio, lembrando que pacientes com anorexia nervosa têm 23 vezes mais propensão de se suicidar do que a população geral. A cada cinco pacientes com anorexia, um vai a óbito por tirar a própria vida.  Um estudo recente conduzido entre universitárias com sintomas de distúrbios alimentares, mostrou que o uso de laxantes e vômitos induzidos, estão relacionados a uma maior tendência suicida.

As redes sociais tem um papel importante no desencadeamento dos transtornos, uma vez que muitos influenciadores supervalorizam a magreza e o corpo perfeito, tornando-se um gatilho para esses seguidores. “Não existe uma causa específica para os transtornos, é uma combinação de fatores que variam caso a caso e afeta outros aspectos da vida do paciente”. Muitos deles, especialmente os adolescentes, apresentam resistência em reconhecer o quadro de compulsão, por isso, é fundamental que os pais fiquem atentos e ajam o mais rápido possível.

Informações do Centro de Valorização à Vida (CVV) alertam que 90% dos suicídios poderiam ser evitados com ajuda psicológica. A maioria deles é causada por doenças mentais que não são tratadas porque muita gente nem sabe que precisa de tratamento. Aproximadamente 60% das pessoas que morrem por suicídio não buscam ajuda.

“Quanto mais informações sobre o assunto, melhor será a prevenção e combate ao suicídio, encorajando as pessoas a buscar ajuda e a se perceber enquanto indivíduo. Estar saudável emocionalmente é o caminho para sobreviver em qualquer situação de crise e na construção da sua vida pós-crise.”, finaliza Valeska.

 



Valeska Bassan - psicóloga e coordenadora do AMBULIM

 

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