800 mil pessoas acabam com suas vidas todos os anos no mundo, o que
equivale a uma morte a cada 40 segundos
Com a chegada do mês de setembro, precisamos voltar nosso olhar para um
tema bastante pertinente e atual: o suicídio. Esse é um período importante para
alertamos e conscientizarmos a todos sobre a importância de cuidar da saúde
mental.
O último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que a
taxa de suicídios a cada 100 mil habitantes aumentou 7% no Brasil, ao contrário
do índice mundial, que caiu 9,8. Apesar dos números mundiais estarem em queda,
os índices são alarmantes: cerca de 800 mil pessoas acabam com suas vidas todos
os anos no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. O suicídio foi
a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, após os
acidentes de carro.
Para a psicóloga especializada em transtornos compulsivos alimentares e
coordenadora do AMBULIM/USP, Valeska Bassan, embora o tema ainda seja um tema tabu para
a sociedade, nunca foi tão necessário mostrar apoio para quem precisar quanto
agora. “A pandemia foi um verdadeiro gatilho para muitos casos de suicídio, o
isolamento por si só é algo muito difícil de lidarmos, ainda mais quando vêm
com solidão, desemprego, incertezas sobre o amanhã.”, diz.
E explica que os transtornos alimentares têm uma participação ativa em
casos de suicídio, lembrando que pacientes com anorexia nervosa têm 23 vezes
mais propensão de se suicidar do que a população geral. A cada cinco pacientes
com anorexia, um vai a óbito por tirar a própria vida. Um estudo recente
conduzido entre universitárias com sintomas de distúrbios alimentares, mostrou
que o uso de laxantes e vômitos induzidos, estão relacionados a uma maior
tendência suicida.
As redes sociais tem um papel importante no desencadeamento dos
transtornos, uma vez que muitos influenciadores supervalorizam a magreza e o
corpo perfeito, tornando-se um gatilho para esses seguidores. “Não existe uma
causa específica para os transtornos, é uma combinação de fatores que variam
caso a caso e afeta outros aspectos da vida do paciente”. Muitos deles,
especialmente os adolescentes, apresentam resistência em reconhecer o quadro de
compulsão, por isso, é fundamental que os pais fiquem atentos e ajam o mais
rápido possível.
Informações do Centro de Valorização à Vida (CVV) alertam que 90% dos
suicídios poderiam ser evitados com ajuda psicológica. A maioria deles é
causada por doenças mentais que não são tratadas porque muita gente nem sabe
que precisa de tratamento. Aproximadamente 60% das pessoas que morrem por
suicídio não buscam ajuda.
“Quanto mais informações sobre o assunto, melhor será a prevenção e
combate ao suicídio, encorajando as pessoas a buscar ajuda e a se perceber
enquanto indivíduo. Estar saudável emocionalmente é o caminho para sobreviver
em qualquer situação de crise e na construção da sua vida pós-crise.”, finaliza
Valeska.
Valeska
Bassan - psicóloga e coordenadora do AMBULIM
Nenhum comentário:
Postar um comentário