A Federação Brasileira de Hemofilia
esclarece as principais dúvidas sobre o assunto.
A hemofilia é um distúrbio
genético e hereditário que afeta a coagulação do sangue. O sangue é composto
por várias substâncias, onde cada uma delas tem uma função. Algumas dessas
substâncias são as proteínas denominadas fatores da coagulação, que ajudam a
estancar as hemorragias quando ocorre o rompimento de vasos sanguíneos. Existem
13 tipos diferentes de fatores de coagulação e os seus nomes são expressos em
algarismos romanos. Assim, existe desde o Fator I até o Fator XIII. Esses
fatores são ativados apenas quando ocorre o rompimento do vaso sanguíneo, onde
a ativação do primeiro leva à ativação do seguinte até que ocorra a formação do
coágulo pela ação dos 13 fatores.
A pessoa com hemofilia
apresenta baixa atividade do fator VIII ou fator IX. Pessoas com deficiência de
atividade do Fator VIII possuem hemofilia A, que acomete 1 a cada 10 mil homens
nascidos vivos, enquanto aquelas com deficiência de atividade do Fator IX
possuem hemofilia B, e acomete 1 a cada 50 mil homens nascidos vivos. Como
esses fatores apresentam baixa atividade nessas pessoas, a formação da
coagulação é interrompida antes da produção do coágulo e, por essa razão, os
sangramentos demoram muito mais tempo para serem controlados.
No mundo, existem mais
de 337 mil pessoas que convivem com os transtornos de coagulação. Segundo dados
da Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados (CGSH) do Ministério da Saúde
(MS), há cerca de 25 mil brasileiros com coagulopatias hereditárias, o que faz
do Brasil o quarto país com o maior número de indivíduos diagnosticados. O
tratamento evoluiu muito nos últimos anos e pode ser realizado de forma
preventiva (profilaxia), evitando a ocorrência de sangramentos e sequelas
físicas. O tratamento é gratuito e disponibilizado pelo SUS nos Centros de
Tratamento de Hemofilia (CTH)/Hemocentros.
Pandemia do novo
coronavírus
Visando manter o apoio
prestado há anos a todas as pessoas com hemofilia e outras coagulopatias
hereditárias, especialmente neste momento da pandemia da COVID-19, a Federação
Brasileira de Hemofilia (FBH), presente em 25 estados através das Associações
Estaduais Filiadas, tem mantido contato frequente com a Coordenação Geral de
Sangue e Hemoderivados (CGSH) do Ministério da Saúde. Este alinhamento visa
garantir a manutenção do tratamento domiciliar, durante a pandemia, a todas as
pessoas que dele necessitam.
“Com isso, está sendo
possível garantir a profilaxia e ampliar o tratamento domiciliar para mais um
mês e, consequentemente, estimular a autonomia, independência, inserção social
e qualidade de vida às pessoas com coagulopatias hereditárias”, explica Tania
Maria Onzi Pietrobelli, presidente da FBH.
Anteriormente a isso, os
hemocentros dispensavam fatores de coagulação para trinta dias. "Fizemos
este movimento junto ao governo também para reduzir o deslocamento até os
Hemocentros evitando possível risco de contaminação e para que as pessoas não
deixassem de se tratar por medo de falta de medicação", completa Tania.
ANVISA esclarece
tratamento domiciliar
Também acionada pela
Federação Brasileira de Hemofilia, a ANVISA ratificou que não há suspensão de
uso de Fatores de Coagulação em tratamento domiciliar. Em ofício, o órgão
informou que “ainda que bulas de Fatores de Coagulação contenham a recomendação
de uso restrito em ambiente hospitalar, a ANVISA reconhece a importância dessa
forma de tratamento, desde que pacientes, familiares e cuidadores recebam
capacitação pelos profissionais de saúde dos Hemocentros a que estão
registrados, e que se responsabilizem pelo registro das infusões e retorno ao
Hemocentro para consultas e avaliação, e reavaliação do tratamento”.
Desde 2000, o Brasil
iniciou essa prática, com o programa de Dose Domiciliar de Urgência (DDU) para
que os pacientes tratassem imediatamente o início de um sangramento e, assim,
pudessem se deslocar até os hemocentros para consulta médica e sequência do
tratamento.
Em meados de 2012, a Federação Brasileira de
Hemofilia conquistou junto ao Ministério da Saúde as profilaxias primária,
secundária e terciária, garantindo apoio a todas as pessoas com hemofilia grave
ou com doença clínica que sangra, independentemente da idade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário