Momentos difíceis
podem ser vistos como inspiração para as produções artísticas mais marcantes da
história
Álbum "The Times They are a-changin'"
de Bob Dylan |
A música esteve presente desde os primórdios da
sociedade e foi responsável por registrar - e até alterar - acontecimentos
durante a história. Guerras, manifestações e a união de pessoas com diferentes
propósitos foram influenciadas diretamente pela música. "A pandemia do
novo coronavírus impossibilita shows, como o Woodstock, que entraram para a
história, porém, a produção musical continua, e os músicos tiveram de se
adaptar ao isolamento", afirma o produtor musical e professor de Música do
Colégio Positivo - Internacional, Leandro Ramos.
Artistas como Marília Mendonça e Alok fizeram lives
com mais de 1,5 milhão de participantes, servindo como uma alternativa para a
renda, que substituiu a cobrança de ingressos pelas cotas de patrocínio. “Como em
nenhum outro momento da história, artistas do mundo todo tiveram que cancelar
ou postergar shows e outros eventos que garantiam suas rendas, então tiveram
que se reinventar e acabam tendo que substituir com lives e outras
plataformas para seguir produzindo”, comenta o professor.
Segundo o especialista, a quarentena também
pode servir como inspiração para composições que ficarão para a história,
marcando o momento ímpar pelo qual a humanidade está passando. “Várias canções
que mudaram o mundo foram escritas em momentos de dificuldade extrema, e
realmente mudaram a maneira que a gente vê a música e o mundo. Acho que no
final dessa quarentena podemos ter composições muito mais profundas e que
representam o momento” explica o professor.
Leandro Ramos organizou para seus alunos uma lista
de seis músicas que, segundo ele, mudaram o mundo após períodos de sofrimento
ou dificuldades.
- Harold Arlen - Over the
rainbow
Composta em 1939, a música ganhou maior dimensão
quando foi cantada pela atriz que interpretava Judy, no filme “O mágico de Oz”,
para tropas americanas, durante a Segunda Guerra. O show foi gravado e enviado
para soldados posteriormente para que tivessem a esperança de dias melhores. A
música foi uma marca na história por retratar “um lugar onde pássaros voam,
acima do arco íris” durante um momento de muita dificuldade.
- John Lennon - Imagine
A canção de John Lennon foi criada em 1971, em meio
a um crescente desenvolvimento militar dos EUA e da URSS, por conta da Guerra
Fria. Ela retrata um mundo onde não existem raças, povos ou nações diferentes,
no qual todos podem viver em paz. Além de representar o momento, Imagine se
tornou um hino de protestos e clamor pela paz, tornando-se atemporal.
- Geraldo Vandré - Pra não
dizer que não falei das flores
A letra icônica de Geraldo Vandré, escrita em 1968,
foi um grito de resistência durante a ditadura militar brasileira. A música
ganhou maior expressão durante o Festival Internacional da Canção, ficando em
segundo lugar no mesmo ano de sua apresentação. Por conta da importância da
canção em protestos e pelo impacto de reunir forças populares contra a ditadura
militar, Geraldo Vandré foi exilado do país. Até hoje, a música é usada em
movimentos populares em luta contra a repressão e a violência.
- Bob Dylan - The times they
are a-changin'
Lançada em 1964, a música de Bob Dylan foi um
retrato direto da mudança de tempos e avanços tecnológicos, políticos e sociais
do período. A canção foi considerada um hino dos direitos humanos pelo mundo e
virou uma forma de resistência e apelo à paz pelas guerras que ocorreram no
período.
- Pink Floyd - Another Brick
In the Wall
Lançada em 1979, o clássico que pede aos
professores deixarem as crianças em paz marcou época no Reino Unido. A canção
composta por Roger Waters era um apelo pela mudança do sistema de ensino do
país, que na época era extremamente opressor e não desenvolvia nenhum tipo de
pensamento crítico ou valores éticos nas crianças. A música é usada até hoje
como forma de protesto em luta à opressão por diversas partes do
mundo.
- Tupac - Changes
A canção Changes, de um dos nomes mais importantes
da história do rap, foi gravada em 1992, porém só foi lançada em 1998. Em
conjunto ao músico Talent, Tupac criou a música como forma de protesto contra a
violência policial, racismo e as dificuldades de ser um negro da periferia
norte-americana. A canção, mesmo escrita cerca de duas décadas atrás, segue
atual e representa movimentos anti-racistas e contra a violência policial que
ocorrem pelo mundo, ainda em 2020.
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