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quarta-feira, 3 de junho de 2020

Percepção dos brasileiros 50+ sobre a finitude; 7 em cada 10 entrevistados estão refletindo mais sobre a morte durante a pandemia


Conduzida pela agetech Janno em parceria com a MindMiners, a pesquisa "Plano de Vida & Legado" aponta que a pandemia do Covid-19 colocou holofotes nas questões da longevidade e finitude. A pandemia de Covid-19 colocou holofotes nas questões da longevidade e finitude. O mapeamento mostra que sete em cada 10 entrevistados com mais de 60 anos afirmam que estão refletindo mais sobre a finitude durante a pandemia; quatro em cada 10 estão com medo de morrer; dois em cada 10 começaram o planejamento de fim de vida durante o distanciamento social.


 O movimento de transformação liderado pelos maduros está alterando a percepção e relação que temos do fim da vida. A Revolução da Longevidade – que movimentou a Economia Prateada nos últimos cinco anos – está prestes a acontecer, também, com a finitude. Problemas de consumo não resolvidos e produtos de baixa tecnologia não centrados no ser humano estão com os dias contados. Aos poucos, esse mercado começa a ganhar força com agetechs que mostram as oportunidades de alterar a relação das pessoas com o finamento. Essa nova face da morte pode ser mais real, afetiva e prática; o tabu cede lugar ao diálogo e a surpresa é atenuada pelo planejamento. Para entender a relação do brasileiro com a finitude – sobretudo em tempos de pandemia da Covid-19 – a startup Janno conduziu a pesquisa Plano de Vida & Legadoem parceria com a MindMiners. Entre as análises, a forma como os 50+ se planejam para a segunda metade da vida.

onduzida com 1.053 brasileiros com mais de 45 anos, a pesquisa inova ao pautar análises da relação do cidadão maduro com o novo formato e perspectiva de vida, que agora esticou. O estudo mostra que há um território vasto a ser explorado por vários segmentos do consumo e startups, inclusive de planejamento de fim da vida. “Estamos no século da velhice da humanidade e, se seguirmos os passos dos 30 milhões de brasileiros com mais de 60 anos, vamos viver mais nessa fase da vida do que em todas as outras. Portanto, em uma idade na qual, por gerações, o fim parecia próximo, sabemos que o melhor da vida está apenas começando. Assim, as quase 60 milhões de pessoas que já passaram dos 50 anos, desenham um novo modo de envelhecer. Nele, os sonhos são restaurados, os desejos se avivam, a liberdade é o maior valor – e um novo plano de vida começa a ser escrito”, analisa Layla Vallias, cofundadora da Janno.

Maior que a população da Espanha, os maduros com mais de 50 anos já somam quase 60 milhões no Brasil; em pouco tempo, seremos o sexto país mais velho do mundo. Pela primeira vez na história, a humanidade tem mais tempo para viver; sonhar; reinventar a vida, a carreira, os relacionamentos e a própria trajetória. A chave está em desenvolver novos territórios nos quais o capital social e intelectual lapidado em décadas possa redefinir padrões de consumo e comportamento. 


 PRINCIPAIS DESTAQUES DA PESQUISA |
  •  Envelhecer nesse século é uma grande novidade para todos nós. Os novos maduros – brasileiros com mais de 50 anos – trabalham, viajam, namoram, cuidam da família e se divertem como os jovens. Os 60+ formam um contingente de avós e avôs que estão nas ruas, trabalhando. De acordo com Layla Vallias, uma das coordenadoras da pesquisa Plano de Vida & Legado e especialista em Economia Prateada, os cinquentões de hoje não são os novos 50+; esses brasileiros não são nem como os maduros de outros tempos, nem como os millennials – eles formam uma geração jamais vista: estão quebrando padrões e criando a própria forma de viver. “Eles estão revolucionando o que é envelhecer; entre os entrevistados que têm mais de 55 anos, 68% afirmam que nunca pensaram em chegar à essa idade tão bem; 73% são financeiramente independentes”, detalha Layla, acrescentando que essa realidade tem um impacto considerável na construção dessa nova geração de cinquentões brasileiros.
  • Independência e autonomia são palavras de ordem. Oito em cada 10 brasileiros afirmam que são independentes e não gostam de dar trabalho a familiares ou amigos. Na prática, independência e autonomia são palavras de ordem: 83% dos brasileiros com mais de 45 anos afirmam que um dos maiores medos é depender fisicamente de outras pessoas ao envelhecer; 78% têm medo da dependência financeira.
  • Sobre o planejamento, sete em cada 10 afirmam que planejam a velhice para não depender financeiramente de familiares e amigos. E esse planejamento tem que levar em conta o alongamento da vida. Embora o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística aponte que a expectativa de vida é de 76 anos no Brasil, seis em cada 10 dos entrevistados com mais de 65 anos acreditam que vão viver mais de 90 anos.
  • Viver mais significa ter que poupar por mais tempo, porém os brasileiros começam a se planejar mais próximos da aposentadoria. Entre os entrevistados com mais de 45 anos, 19% já se planejaram; 27% entre os que têm entre 55 e 64 anos e 30% dos brasileiros 60+ se planejaram para o envelhecimento. Entre as mulheres, essa é uma pauta mais distante, em especial entre as com mais de 65 anos: somente 18% das entrevistadas – com idade entre 45 e 54 anos – começaram o processo de se planejar; 25% com idade entre 55 e 64 anos; e 24% somente aos 65 anos iniciaram o planejamento. Entre os homens, os índices são 20%, 33% e 45%, respectivamente.
  • Entre 10 brasileiros, apenas dois já fizeram algum tipo de planejamento financeiro para a velhice. Mesmo sabendo que a longevidade exige um novo plano financeiro, pouco são os que realmente calcularam o valor que precisam poupar: 32% afirmam que nunca pensaram no tema; 23% já fizeram o cálculo.
  • Contexto de pandemia | A pandemia de Covid-19 colocou holofotes nas questões da longevidade e finitude. A pesquisa Plano de Vida & Legado traz um recorte sobre a percepção dos brasileiros: sete em cada 10 entrevistados com mais de 60 anos afirmam que estão refletindo mais sobre a finitude durante a pandemia; quatro em cada 10 estão com medo de morrer; dois em cada 10 começaram o planejamento de fim de vida durante o distanciamento social.
  • Novos formatos familiares | A longevidade chega primeiro na família, antes mesmo de ser notada pela sociedade, pelas marcas e de ocupar as ruas. É dentro do lar que as relações mudam, impulsionadas pelo envelhecimento. Nesse contexto, o cuidador familiar – em geral, esposas, filhas e netas – assumem os cuidados. Não raro, essas mulheres fazem parte da chamada “Geração Sanduíche”, formada por pessoas que cuidam dos pais, mais velhos, e ainda têm filhos e netos sob sua responsabilidade. Sete a cada 10 brasileiros com mais de 45 anos já cuidou ou ainda cuida de algum familiar idoso; 52% dos brasileiros com idades entre 45 e 65 anos fazem parte dessa geração; seis em cada 10 dos que têm 45+ têm algum dos pais vivos (32% mãe viva; 25% pai). Além do desgaste emocional, esse modelo de relação afeta as finanças da pessoa madura. A pesquisa mostra que 43% dos entrevistados se identificam com a frase “ajudar financeiramente meus familiares pesa na minha renda mensal”.

  •  É preciso falar sobre a morte | Sete em cada 10 brasileiros considera a morte um tabu. Embora seja um tema frequentemente abordado pelas religiões e artes, o tema não chega facilmente à mesa do jantar. Ao ser administrada com um distanciamento emocional e de forma prática, a morte passou a ser tratada apenas no ambiente hospitalar. No Vale do Silício, por exemplo, há quem queira matar a morte em busca da imortalidade. Na análise de Layla Valias, colocar o assunto embaixo do tapete não está nos ajudando. “Somos um dos piores países para se morrer: no ranking Qualidade da Morte, conduzido pela Economist Intelligence Unit, o país ocupa a 42ª posição entre 80 países. No cotidiano, 74% dos brasileiros não falam sobre a morte. Quando a ameaça à vida ganha proporções globais e palpáveis – como temos visto nesta pandemia – o assunto é ainda mais urgente. Mas, é importante lembrar que falar sobre finitude não se trata de abordar somente o luto, a perda, a saudade. Planejar a finitude é, acima de tudo, assegurar a liberdade de tomar as próprias decisões e honrar o legado”, afirma.

  • Seis em cada 10 brasileiros com mais de 45 anos já refletiram sobre a própria morte e não acham difícil falar sobre o tema. Conforme a idade passa, fica cada vez mais fácil falar sobre a morte: 47% entre 45 e 54 anos; 38% entre 55 e 64 anos; e 31% entre os 65+. Cinquenta e quatro por cento dos brasileiros com mais de 45 anos se identificam com a afirmativa: eu me preocupo com o que vou deixar (patrimônio ou dívidas) para meus filhos e familiares quando não estiver mais aqui.

  • Sobre as “vontades”, seis em cada 10 brasileiros com mais de 45 anos, afirmam que querem morrer em casa; 13% em hospice (com cuidados especiais de tratamento de fim da vida); 13% em hospital, mas não UTI; 4% em casa de repouso (ILPI); e 2% na UTI.

  • Seis em cada 10 brasileiros com 45+, que já refletiram sobre a morte, sabem quais são os desejos de final de vida: sete em cada 10 já conversaram sobre os ritos funerários com familiares e amigos próximos; cinco em cada 10 já conversaram sobre como querem ser cuidados em caso de doença terminal. Entretanto, nesse assunto falta a reflexão sobre o planejamento (pessoal e financeiro) para essa etapa da vida. Oito em cada 10 brasileiros 45+ não registraram os seus desejos, por exemplo.

  • Planejar o legado | De acordo com estudo do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios (SINCEP), 87% dos brasileiros não se sentem preparados para lidar com a morte. Entretanto, segundo Uri Levin, cofundador da Janno e um dos coordenadores da pesquisa, planejar e organizar os documentos mais importantes da vida é essencial para auxiliar a família a lidar, com o mínimo de estresse, com questões como heranças, dívidas e outras pendências. “Sete em cada 10 brasileiros 45+ acreditam ser importante organizar documentos, testamento e plano funeral, mas apenas três já começaram efetivamente esse planejamento”, afirma. Segundo Levin, entre os que buscam informações sobre o planejamento de final de vida, 34% recorrem a familiares; 25% a profissionais da área; 25% a internet; e 8% a empresas especializadas.

  • Organização | Entre os entrevistados, 81% dos brasileiros com mais de 45 anos se consideram organizados com documentos e informações importantes. Sobre onde guardam os documentos: 65% apontam que são em pastas físicas em casa; 40% em casa, mas também na nuvem; 9% no próprio computador; 9% somente na nuvem; e 1% em nenhum lugar.

  • Testamento vital | Documento capaz de ajudar no registro dos desejos sobre o final da vida para pessoas maiores de 18 anos – consideradas lúcidas e com capacidade cognitiva –, o testamento vital traz informações sobre como o indivíduo gostaria de ser cuidado no futuro. Para oito em cada 10 brasileiros com mais de 45 anos, o testamento vital é um documento importante; 60% afirmam que quem deve decidir sobre cuidados, tratamentos e procedimentos no caso de doença terminal é a própria pessoa e, em segundo lugar, seus familiares. Sete em cada 10 brasileiros gostariam que a família aceitasse a morte como algo natural da vida e o deixassem ir, no caso de alguma doença terminal.

  • Consumo | Nove em cada 10 brasileiros, acima dos 45 anos, já comprou pela internet; três em cada 10 brasileiros compram mensalmente. Setenta e um por cento dos entrevistados assinam produtos recorrentes como Netflix, HBO Go, Amazon. Quando questionados sobre o que uma empresa deve ter para ser considerada uma marca que respeita e atende às necessidades dos consumidores maduros, os brasileiros 45+ apontaram que excelência no atendimento (96%); resolver solicitações e reclamações com eficiência (96%); e ter canais de atendimento eficientes (94%) são os principais atributos, seguidos de oferecer mais informações sobre o produto e serviços (93%); qualidade e variedade dos produtos/serviços (93%); preço (93%); demonstrar preocupação com toda a jornada de compra do cliente (89%); responsabilidade socioambiental (89%); oferecer promoções (87%); ter produtos para pessoas da minha idade (79%); mensurar a experiência dos clientes por meio de pesquisas e agir (79%); ter atendimento especializado para pessoas da minha idade (68%); e ter um programa de fidelidade (66%).

  • Digital | Os novos maduros são ativos e digitais. Para 86%, a tecnologia ajuda no dia a dia para viver melhor; 83% dos entrevistados gostam de testar novas marcas de produtos e serviços; eles são independentes e se planejam para o futuro. Da base de entrevistados, 81% se identificam com a frase "sou independente e não gosto de dar trabalho para os outros"; 71% confirmam que planejam a velhice para não depender de ninguém financeiramente.

MERCADO DA FINITUDE | Embora não conste nas teses dos fundos de investimento ou entre as badaladas tendências de consumo, o Mercado da Finitude movimenta milhões de reais todos os anos, envolvendo produtos e serviços para diferentes etapas do fim da vida. Seja para quem deseja deixar tudo organizado e decidido, seja para os que precisam lidar com o luto, o seguro ou a burocracia que envolve o falecimento de um parente, esse segmento da economia vai muito além de cemitérios e hospitais. A pesquisa Plano de Vida & Legado – conduzida pela startup Janno em parceria com a MindMiners – aponta que apesar de saberem sobre a importância e conhecerem os documentos e serviços, a parcela de brasileiros que planeja o legado é pequena.

A pesquisa aponta que 77% conhecem os seguros de vida, mas somente 35% possuem. Outros documentos como testamento, plano funerário, lista de beneficiários, procuração para cuidados de saúde, testamento vital, mandato, fundo fiduciário, diretivas antecipadas são conhecidos por, respectivamente, 65%, 65%, 61%, 35%, 27%, 17%,16%, 10%, 8% e 8% dos entrevistados. Entretanto, somente 6% fizeram testamento; 22% têm plano funerário; 9% têm lista de beneficiários organizada; 1% fez procuração para cuidados com a saúde; 2% possuem testamento vital; 1% tem mandato; 2% providenciaram diretivas antecipadas; e nenhum dos entrevistados conta com fundo fiduciário.

Sobre a experiência de lidar com o estresse da burocracia e com o luto, 55% dos entrevistados com mais de 45 anos afirmaram que já vivenciaram essa experiência de ter que organizar documentos, pertences e informações de uma pessoa próxima que faleceu; desses, cinco em cada 10 consideram que se trata de um processo trabalhoso.

SOBRE A METODOLOGIA DA PESQUISA | Conduzida de forma online com 1.053 brasileiros pela Janno e MindMiners entre fevereiro e março de 2020, a pesquisa Plano de Vida & Legado conta com 1053 entrevistados com idades entre 45 e 54 anos; 359 entre 55 e 64 anos; e 122 com mais de 65 anos. A maioria dos respondentes é formada por mulheres (712); entre os entrevistados, 747 são do Sudeste; 121 do Sul; 86 do Nordeste; 66 do Centro-Oeste; e 33 do Norte.




JANNO


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