Conduzida pela
agetech Janno em parceria com a MindMiners, a pesquisa "Plano de Vida
& Legado" aponta que a pandemia do Covid-19 colocou holofotes nas
questões da longevidade e finitude. A pandemia de Covid-19 colocou holofotes
nas questões da longevidade e finitude. O mapeamento mostra que sete em cada 10
entrevistados com mais de 60 anos afirmam que estão refletindo mais sobre a
finitude durante a pandemia; quatro em cada 10 estão com medo de morrer; dois
em cada 10 começaram o planejamento de fim de vida durante o distanciamento
social.
onduzida com 1.053 brasileiros com mais de 45 anos,
a pesquisa inova ao pautar análises da relação do cidadão maduro com o novo
formato e perspectiva de vida, que agora esticou. O estudo mostra que há um
território vasto a ser explorado por vários segmentos do consumo e startups,
inclusive de planejamento de fim da vida. “Estamos no século da velhice da
humanidade e, se seguirmos os passos dos 30 milhões de brasileiros com mais de
60 anos, vamos viver mais nessa fase da vida do que em todas as outras.
Portanto, em uma idade na qual, por gerações, o fim parecia próximo, sabemos
que o melhor da vida está apenas começando. Assim, as quase 60 milhões de
pessoas que já passaram dos 50 anos, desenham um novo modo de envelhecer. Nele,
os sonhos são restaurados, os desejos se avivam, a liberdade é o maior valor –
e um novo plano de vida começa a ser escrito”, analisa Layla Vallias,
cofundadora da Janno.
Maior que a população da Espanha, os maduros com
mais de 50 anos já somam quase 60 milhões no Brasil; em pouco tempo, seremos o
sexto país mais velho do mundo. Pela primeira vez na história, a humanidade tem
mais tempo para viver; sonhar; reinventar a vida, a carreira, os
relacionamentos e a própria trajetória. A chave está em desenvolver novos
territórios nos quais o capital social e intelectual lapidado em décadas possa
redefinir padrões de consumo e comportamento.
PRINCIPAIS
DESTAQUES DA PESQUISA |
- Envelhecer nesse século é
uma grande novidade para todos nós. Os novos maduros – brasileiros com
mais de 50 anos – trabalham, viajam, namoram, cuidam da família e se
divertem como os jovens. Os 60+ formam um contingente de avós e avôs que
estão nas ruas, trabalhando. De acordo com Layla Vallias, uma das
coordenadoras da pesquisa Plano de Vida & Legado e
especialista em Economia Prateada, os cinquentões de hoje não são os novos
50+; esses brasileiros não são nem como os maduros de outros tempos, nem
como os millennials – eles formam uma geração jamais vista:
estão quebrando padrões e criando a própria forma de viver. “Eles estão
revolucionando o que é envelhecer; entre os entrevistados que têm mais de
55 anos, 68% afirmam que nunca pensaram em chegar à essa idade tão bem;
73% são financeiramente independentes”, detalha Layla, acrescentando que
essa realidade tem um impacto considerável na construção dessa nova
geração de cinquentões brasileiros.
- Independência e autonomia
são palavras de ordem. Oito em cada 10 brasileiros afirmam que são
independentes e não gostam de dar trabalho a familiares ou amigos. Na
prática, independência e autonomia são palavras de ordem: 83% dos
brasileiros com mais de 45 anos afirmam que um dos maiores medos é
depender fisicamente de outras pessoas ao envelhecer; 78% têm medo da
dependência financeira.
- Sobre o planejamento, sete
em cada 10 afirmam que planejam a velhice para não depender
financeiramente de familiares e amigos. E esse planejamento tem que levar
em conta o alongamento da vida. Embora o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística aponte que a expectativa de vida é de 76 anos no Brasil,
seis em cada 10 dos entrevistados com mais de 65 anos acreditam que vão
viver mais de 90 anos.
- Viver mais significa ter que
poupar por mais tempo, porém os brasileiros começam a se planejar mais
próximos da aposentadoria. Entre os entrevistados com mais de 45 anos, 19%
já se planejaram; 27% entre os que têm entre 55 e 64 anos e 30% dos
brasileiros 60+ se planejaram para o envelhecimento. Entre as mulheres,
essa é uma pauta mais distante, em especial entre as com mais de 65 anos:
somente 18% das entrevistadas – com idade entre 45 e 54 anos – começaram o
processo de se planejar; 25% com idade entre 55 e 64 anos; e 24% somente
aos 65 anos iniciaram o planejamento. Entre os homens, os índices são 20%,
33% e 45%, respectivamente.
- Entre 10 brasileiros, apenas
dois já fizeram algum tipo de planejamento financeiro para a velhice.
Mesmo sabendo que a longevidade exige um novo plano financeiro, pouco são
os que realmente calcularam o valor que precisam poupar: 32% afirmam que
nunca pensaram no tema; 23% já fizeram o cálculo.
- Contexto de pandemia | A pandemia de Covid-19
colocou holofotes nas questões da longevidade e finitude. A pesquisa Plano
de Vida & Legado traz um recorte sobre a percepção dos
brasileiros: sete em cada 10 entrevistados com mais de 60 anos afirmam que
estão refletindo mais sobre a finitude durante a pandemia; quatro em cada
10 estão com medo de morrer; dois em cada 10 começaram o planejamento de
fim de vida durante o distanciamento social.
- Novos formatos familiares | A longevidade chega primeiro
na família, antes mesmo de ser notada pela sociedade, pelas marcas e de
ocupar as ruas. É dentro do lar que as relações mudam, impulsionadas pelo
envelhecimento. Nesse contexto, o cuidador familiar – em geral, esposas,
filhas e netas – assumem os cuidados. Não raro, essas mulheres fazem parte
da chamada “Geração Sanduíche”, formada por pessoas que cuidam dos pais,
mais velhos, e ainda têm filhos e netos sob sua responsabilidade. Sete a
cada 10 brasileiros com mais de 45 anos já cuidou ou ainda cuida de algum
familiar idoso; 52% dos brasileiros com idades entre 45 e 65 anos fazem
parte dessa geração; seis em cada 10 dos que têm 45+ têm algum dos pais
vivos (32% mãe viva; 25% pai). Além do desgaste emocional, esse modelo de
relação afeta as finanças da pessoa madura. A pesquisa mostra que 43% dos
entrevistados se identificam com a frase “ajudar financeiramente meus
familiares pesa na minha renda mensal”.
- É preciso falar sobre
a morte | Sete
em cada 10 brasileiros considera a morte um tabu. Embora seja um tema
frequentemente abordado pelas religiões e artes, o tema não chega
facilmente à mesa do jantar. Ao ser administrada com um distanciamento
emocional e de forma prática, a morte passou a ser tratada apenas no
ambiente hospitalar. No Vale do Silício, por exemplo, há quem queira matar
a morte em busca da imortalidade. Na análise de Layla Valias, colocar o
assunto embaixo do tapete não está nos ajudando. “Somos um dos piores
países para se morrer: no ranking Qualidade da Morte, conduzido pela
Economist Intelligence Unit, o país ocupa a 42ª posição
entre 80 países. No cotidiano, 74% dos brasileiros não falam sobre a
morte. Quando a ameaça à vida ganha proporções globais e palpáveis – como
temos visto nesta pandemia – o assunto é ainda mais urgente. Mas, é
importante lembrar que falar sobre finitude não se trata de abordar
somente o luto, a perda, a saudade. Planejar a finitude é, acima de tudo,
assegurar a liberdade de tomar as próprias decisões e honrar o legado”,
afirma.
- Seis em cada 10 brasileiros
com mais de 45 anos já refletiram sobre a própria morte e não acham
difícil falar sobre o tema. Conforme a idade passa, fica cada vez mais
fácil falar sobre a morte: 47% entre 45 e 54 anos; 38% entre 55 e 64 anos;
e 31% entre os 65+. Cinquenta e quatro por cento dos brasileiros com mais
de 45 anos se identificam com a afirmativa: eu me preocupo com o que vou
deixar (patrimônio ou dívidas) para meus filhos e familiares quando não
estiver mais aqui.
- Sobre as “vontades”, seis em
cada 10 brasileiros com mais de 45 anos, afirmam que querem morrer em
casa; 13% em hospice (com cuidados especiais de tratamento de fim da
vida); 13% em hospital, mas não UTI; 4% em casa de repouso (ILPI); e 2% na
UTI.
- Seis em cada 10 brasileiros
com 45+, que já refletiram sobre a morte, sabem quais são os desejos de
final de vida: sete em cada 10 já conversaram sobre os ritos funerários
com familiares e amigos próximos; cinco em cada 10 já conversaram sobre
como querem ser cuidados em caso de doença terminal. Entretanto, nesse
assunto falta a reflexão sobre o planejamento (pessoal e financeiro) para
essa etapa da vida. Oito em cada 10 brasileiros 45+ não registraram os
seus desejos, por exemplo.
- Planejar o legado | De acordo com estudo do
Sindicato dos Cemitérios e Crematórios (SINCEP), 87% dos brasileiros não
se sentem preparados para lidar com a morte. Entretanto, segundo Uri
Levin, cofundador da Janno e um dos coordenadores da pesquisa, planejar e
organizar os documentos mais importantes da vida é essencial para auxiliar
a família a lidar, com o mínimo de estresse, com questões como heranças,
dívidas e outras pendências. “Sete em cada 10 brasileiros 45+ acreditam
ser importante organizar documentos, testamento e plano funeral, mas
apenas três já começaram efetivamente esse planejamento”, afirma. Segundo
Levin, entre os que buscam informações sobre o planejamento de final de
vida, 34% recorrem a familiares; 25% a profissionais da área; 25% a
internet; e 8% a empresas especializadas.
- Organização | Entre os entrevistados,
81% dos brasileiros com mais de 45 anos se consideram organizados com documentos
e informações importantes. Sobre onde guardam os documentos: 65% apontam
que são em pastas físicas em casa; 40% em casa, mas também na nuvem; 9% no
próprio computador; 9% somente na nuvem; e 1% em nenhum lugar.
- Testamento vital | Documento capaz de ajudar no
registro dos desejos sobre o final da vida para pessoas maiores de 18 anos
– consideradas lúcidas e com capacidade cognitiva –, o testamento vital
traz informações sobre como o indivíduo gostaria de ser cuidado no futuro.
Para oito em cada 10 brasileiros com mais de 45 anos, o testamento vital é
um documento importante; 60% afirmam que quem deve decidir sobre cuidados,
tratamentos e procedimentos no caso de doença terminal é a própria pessoa
e, em segundo lugar, seus familiares. Sete em cada 10 brasileiros
gostariam que a família aceitasse a morte como algo natural da vida e o
deixassem ir, no caso de alguma doença terminal.
- Consumo | Nove em cada 10 brasileiros,
acima dos 45 anos, já comprou pela internet; três em cada 10 brasileiros
compram mensalmente. Setenta e um por cento dos entrevistados assinam
produtos recorrentes como Netflix, HBO Go, Amazon. Quando questionados
sobre o que uma empresa deve ter para ser considerada uma marca que
respeita e atende às necessidades dos consumidores maduros, os brasileiros
45+ apontaram que excelência no atendimento (96%); resolver solicitações e
reclamações com eficiência (96%); e ter canais de atendimento eficientes
(94%) são os principais atributos, seguidos de oferecer mais informações
sobre o produto e serviços (93%); qualidade e variedade dos
produtos/serviços (93%); preço (93%); demonstrar preocupação com toda a
jornada de compra do cliente (89%); responsabilidade socioambiental (89%);
oferecer promoções (87%); ter produtos para pessoas da minha idade (79%);
mensurar a experiência dos clientes por meio de pesquisas e agir (79%);
ter atendimento especializado para pessoas da minha idade (68%); e ter um
programa de fidelidade (66%).
- Digital | Os novos maduros são ativos
e digitais. Para 86%, a tecnologia ajuda no dia a dia para viver melhor;
83% dos entrevistados gostam de testar novas marcas de produtos e
serviços; eles são independentes e se planejam para o futuro. Da base de
entrevistados, 81% se identificam com a frase "sou independente e não
gosto de dar trabalho para os outros"; 71% confirmam que planejam a
velhice para não depender de ninguém financeiramente.
MERCADO DA FINITUDE | Embora não conste nas teses dos fundos de investimento ou entre as
badaladas tendências de consumo, o Mercado da Finitude movimenta milhões de
reais todos os anos, envolvendo produtos e serviços para diferentes etapas do
fim da vida. Seja para quem deseja deixar tudo organizado e decidido, seja para
os que precisam lidar com o luto, o seguro ou a burocracia que envolve o
falecimento de um parente, esse segmento da economia vai muito além de
cemitérios e hospitais. A pesquisa Plano de Vida & Legado – conduzida
pela startup Janno em parceria com a MindMiners – aponta que
apesar de saberem sobre a importância e conhecerem os documentos e serviços, a
parcela de brasileiros que planeja o legado é pequena.
A pesquisa aponta que 77% conhecem os seguros de
vida, mas somente 35% possuem. Outros documentos como testamento, plano
funerário, lista de beneficiários, procuração para cuidados de saúde,
testamento vital, mandato, fundo fiduciário, diretivas antecipadas são
conhecidos por, respectivamente, 65%, 65%, 61%, 35%, 27%, 17%,16%, 10%, 8% e 8%
dos entrevistados. Entretanto, somente 6% fizeram testamento; 22% têm plano
funerário; 9% têm lista de beneficiários organizada; 1% fez procuração para
cuidados com a saúde; 2% possuem testamento vital; 1% tem mandato; 2%
providenciaram diretivas antecipadas; e nenhum dos entrevistados conta com
fundo fiduciário.
Sobre a experiência de lidar com o estresse da
burocracia e com o luto, 55% dos entrevistados com mais de 45 anos afirmaram
que já vivenciaram essa experiência de ter que organizar documentos, pertences
e informações de uma pessoa próxima que faleceu; desses, cinco em cada 10
consideram que se trata de um processo trabalhoso.
SOBRE A METODOLOGIA DA
PESQUISA | Conduzida de forma online com 1.053 brasileiros
pela Janno e MindMiners entre fevereiro e março de 2020, a pesquisa Plano de
Vida & Legado conta com 1053 entrevistados com idades entre 45
e 54 anos; 359 entre 55 e 64 anos; e 122 com mais de 65 anos. A maioria dos
respondentes é formada por mulheres (712); entre os entrevistados, 747 são do
Sudeste; 121 do Sul; 86 do Nordeste; 66 do Centro-Oeste; e 33 do Norte.
JANNO
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