“Minha avó do computador”. É assim que minha sobrinha-neta Laura de quatro anos, se refere à sua avó paterna que mora nos Estados Unidos. Elas se vêem fisicamente uma ou duas vezes ao ano e várias vezes por semana, via zoom. Vá saber o que se passa na cabeça de uma criança dessa idade sobre o que é relacionamento.
Na nossa cabeça de
adulto, esse termo anda meio confuso nos últimos meses, devido à overdose de
tele reuniões. Realizar vários encontros assim ao longo do dia é fazer
relacionamento? Uma amiga minha do Rotary pede para reservar a sala de reunião
digital com antecedência de um mês para evitar choque de agendas. Uma
loucura!!!
Antes da pandemia em um
dia de trânsito normal em São Paulo, ou seja, com congestionamentos, dava para
agendar duas reuniões por dia. Uma pela manhã na zona sul e outra à tarde na
zona leste. Com muita sorte era possível agendar um terceiro compromisso de fim
de tarde, desde que no mesmo bairro da reunião anterior.
Uma rotina virtual
Agora com o
confinamento, opção para quem quer preservar a sua saúde em meio à pandemia,
parece ter aumentado a “produtividade”.
Tenho um amigo advogado
que consegue fazer uma reunião atrás da outra e pasmem: conseguiu outro dia 8
encontros. As reuniões não passam de uma hora de duração. Os resultados para
ele, no entanto, em termos de fechamento de novos negócios, são praticamente os
mesmos de antes.
Já um outro amigo da área
de seguros disse que está sofrendo com tudo isso porque prefere o olho no olho,
sentir a expressão corporal do cliente ou do colega de trabalho, perceber as
reações a cada assunto abordado.
Há os radicais que acham
que quando a pandemia passar, tudo será virtual, que o home office será total e
que haverá andares inteiros às moscas em prédios comerciais.
O “novo” normal
E você, o que acha que
vai acontecer no “novo normal”? Na overdose de lives hoje acompanhei uma bela
apresentação do diretor do Centro Nacional de Investigação sobre Evolução
Humana, professor espanhol José Maria Bermúdez de Castro. Ele nos ajuda a
encontrar o caminho do meio ao afirmar: “os humanos têm a necessidade de viver
em grupos presencialmente por um motivo científico: nosso genoma é quase igual
ao dos primatas, que precisam andar em grupos para sobreviver”.
O bom senso parece ser a
chave para um bom relacionamento. Presencialmente quando necessário e virtual
quando recomendável. Como no caso da pequena Laura.
Roberto Souza - jornalista, diretor presidente da
agência de Comunicação RS PRESS
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