Especialistas alertam sobre riscos de
aplicação inadequada e baixa efetividade. Produto ainda não tem previsão
de lançamento, no Brasil
Na última semana, as
mulheres ganharam novo aliado para contracepção e planejamento familiar. A
agência federal americana reguladora de medicamentos FDA (sigla em inglês para
Food and Drug Administration) aprovou a comercialização de novo método
contraceptivo não hormonal. Trata-se de um gel vaginal que altera o pH vaginal,
modificando as características de fertilização dos espermatozoides. A Febrasgo
(Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) aponta que
é importante as mulheres terem novas soluções para contracepção, contudo
salienta que esse novo gel não tem a mesma eficácia dos métodos que bloqueiam a
ovulação ou mesmo do DIU de cobre (que também não possui hormônios) e ainda
demanda uma rotina cuidadosa da paciente para maior efetividade.
Segundo o fabricante, o
gel é produzido à base de ácido láctico, ácido cítrico e bitartaro de potássio
e deve ser aplicado até uma hora antes do ato sexual. Embora a aprovação do
produto seja comemorada por muitas mulheres que não querem ou não podem
utilizar métodos hormonais, os estudos que embasaram seu lançamento apontaram
que uma em cada sete mulheres monitoradas engravidou durante sua utilização.
O ginecologista Dr.
Carlos Alberto Politano, membro da Comissão Nacional Especializada em
Anticoncepção da Febrasgo, destaca que “o produto é um método a mais para se
utilizar. Mas depende de uma rotina cuidadosa, visto que não tem a mesma
efetividade de métodos que bloqueiam a ovulação. Sua ação é muito semelhante
aos espermaticidas que usamos no Brasil, há vários anos”.
O médico comenta ainda
que apesar dos prós de não ser hormonal, existe considerável possibilidade de
falha de uso durante a relação. “Quando você coloca o DIU de cobre, não há a
necessidade de uma ação durante a prática sexual. Diferentemente deste novo
produto que depende de uma ação direta durante a relação. Deste modo, ele é
mais passível de aplicação inadequada, principalmente, naqueles casos em que há
necessidade de parar e repetir a aplicação – o que também interfere no
intercurso sexual”.
O presidente da Febrasgo
Dr. Agnaldo Lopes comenta que é de fundamental importância a ciência olhar para
a mulher em sua complexidade e diversidade. Apesar dos recorrentes avanços na
formulação das pílulas anticoncepcionais, há muitas pacientes que não se sentem
confortáveis ou não se adaptam a esse tipo de método contraceptivo. E é preciso
lhes oferecer alternativas adequadas as suas necessidades e dinâmicas de vida.
O Dr. Carlos Politano completa apontando que o novo
gel tem sua efetividade aumentada quando associado a outro método de
contracepção – como o preservativo masculino que também previne infecções
sexualmente transmissíveis. Contudo, ressalta que, neste caso, o preservativo
escolhido não deve apresentar lubrificante visto que não se sabe se pode haver
alguma interação com o gel contraceptivo.
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