Opinião
Fumantes são mais suscetíveis a
infecções. Têm quatro vezes mais gripes por influenza e maior mortalidade, três
vezes mais tuberculose, quatro vezes mais pneumonias graves particularmente
pneumocócicas. É uma consequência dos danos da fumaça do tabaco nas defesas e
estrutura dos pulmões. Na COVID-19, o tabagismo também causa prejuízos.
Embora o tempo de observação
seja pequeno para avaliar-se toda a extensão do problema, já existem evidências
de que fumar aumenta o impacto da pandemia. A mortalidade na China, segundo
relato da Universidade de HuazHong, em Wuhan, foi maior em homens pois lá fumam
muito mais. Pneumonia grave, doença progressiva e morte ocorreu quatorze vezes
mais em fumantes. Pesquisa no Laboratório Cold Spring Harbor, nos Estados
Unidos, mostrou que a fumaça de cigarros estimula a produção pulmonar de ACE2
(enzima conversora da angiotensina 2). É a enzima que favorece ao novo
coronavírus ligar-se nas células humanas. Observou-se que crianças produzem
menores quantidades desta enzima e isto permite entender o melhor prognóstico
da COVID-19 nos jovens. A boa notícia é que, parando de fumar o nível de ACE2
volta rapidamente a níveis normais.
Outro aspecto é de que o
fumante toca com mais frequência as mãos nos lábios aumentando a contaminação.
Fumantes de narguilé ao compartilhar o mesmo bocal para aspirar fumaça
transmitem o vírus. E os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) também
causam sérios prejuízos pelos motivos já mencionados.
O confinamento para proteção da
pandemia, particularmente em regiões frias, aumenta o risco de contágio, também
com outros vírus. Acrescente-se piora da ansiedade e de situações
comportamentais e psiquiátricas. Infelizmente, pode aumentar o consumo de
drogas, particularmente tabaco, álcool, outras dependências, e inclusive
medicamentos psicoativos usados como automedicação.
Este é um momento para revisar
prioridades de vida, sendo a saúde o bem primordial. Constitui grande
oportunidade de parar de fumar e evitar danos maiores.
Ao fumante e ao não fumante,
principalmente jovem: seja coerente e não se deixe enganar pela mídia do
tabaco. Siga recomendações da ciência e governos que nela se baseiam para
prevenir a COVID-19 e preservar a vida. Pare de fumar!
Luiz Carlos Corrêa da Silva - Pneumologista.
Santa Casa de Porto Alegre. Fumo Zero AMRIGS. Academia Sul-Rio-Grandense de
Medicina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário