Especialista da FGV, Andre
Miceli, destaca os prejuízos causados pelos ataques e quem são as vítimas
potenciais
O Brasil saltou da 4ª para a 2ª posição no ranking de
países que mais sofreram crimes cibernéticos, de acordo com a pesquisa da
Norton Cyber Security Insights Report 2017, recentemente divulgada. O País
totalizou mais de 62 milhões de vítimas e um prejuízo acima de US$ 22 bilhões
no último ano, ficando atrás apenas da China, com débito de US$ 66,3 bilhões.
O excesso de confiança das pessoas no ambiente on-line
está colaborando cada vez mais para o aumento de cibercrimes no mundo. De acordo
com o relatório da Norton, em 2017, os crimes cometidos na internet somaram um
prejuízo de US$ 172 bilhões e prejudicaram mais de 978 milhões de consumidores
em 20 países.
Conforme o professor e coordenador do MBA em Marketing Digital da
Fundação Getúlio Vargas em todo o Brasil, Andre Miceli, já havia previsto, o
número de crimes pela internet continuou crescendo no período e esse cenário
não deverá se alterar. Miceli avalia que "temos visto o aumento de ataques
a servidores, computadores e smartphones. Nos próximos anos, veremos ataques a
carros, drones, roupas, cardioversores, bombas de insulina e outros gadgets que
irão fazer parte de nossas vidas. Por isso é tão importante falar sobre esse
assunto".
Atualmente 54% das residências brasileiras têm acesso à
internet, e a conexão nos lares via dispositivos móveis dobrou nos últimos
anos. O número de domicílios sem computadores, que acessam a web via aparelhos
portáteis, na maioria smartphones, passou de 7% em 2014, para 14% em 2016,
indica pesquisa da TIC Domicílios, divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no
Brasil em 2017.
O relatório da Norton aponta que 8 em 10 entrevistados
utilizam dispositivos portáteis para efetuar compras online, e 72% acreditam
que essa ação possui uma ameaça moderada. O Brasil fechou 2017 com mais 236
milhões de celulares, uma média de 113,52 celulares/ 100 habitantes.
"Esse aumento também impacta no crescimento de
cibercrimes, já que muitos acreditam que estejam mais seguros utilizando
aparelhos móveis. O paradoxo segurança x liberdade, que sempre existiu no meio
físico, existe no digital também. Quanto mais livres estivermos, menos seguros
estaremos" explica o especialista da FGV.
A pesquisa da Norton Cyber Security ainda afirma que os
consumidores que mais enfatizam a segurança cibernética, são os mais propícios
a sofrerem um cibercrime. Normalmente as ações desses usuários no ambiente
on-line, não condizem com o comportamento e eles ficam mais vulneráveis e
comentem erros simples. O número recorde de ataques no último ano aponta que
devemos ficar mais atentos quando se trata de informações pessoais no mundo
virtual.
"A melhor maneira é se precaver para navegar de uma
forma mais segura na web. Evitar o uso de redes públicas, modificar sua senha
constantemente, não usar a mesma senha em todos os sites, não instalar nenhum
software sem ter certeza da procedência e não abrir e-mails de desconhecidos.
Essas práticas irão resolver 80% dos casos.
Miceli assegura que, para ajudar no processo de combate ao
crime no espaço virtual, as empresas têm usado práticas de inteligência
artificial. O uso desse recurso para prevenção de fraudes não é exatamente um
conceito novo, de acordo com o professor da FGV, mas tem ganhado bastante em
sofisticação e precisão.
"Ao rastrear as características de uso do cartão de
crédito e do acesso aos dispositivos eletrônicos, os especialistas geram dados
de maneira que os computadores possam aprender e prever a maneira através da
qual espera-se que um determinado usuário se comporte. Então, esses algoritmos
passam a ajudar a detectar padrões fraudulentos em transações e evitar fraudes
de cartões", observa o professor da FGV.
Por fim, Miceli, relata que, se por um lado vemos uma
grande discussão sobre todo o estrago que a inteligência artificial pode causar
no mercado de trabalho, por outro, muito em breve, temos nela um forte aliado
em nossa segurança.
Andre Miceli - Mestre em Administração pelo Ibmec RJ, com
MBA em Gestão de Negócios e Marketing pela mesma instituição. Coordenador do
MBA em Marketing Digital da Fundação Getulio Vargas (FGV). Já ganhou mais de
vinte prêmios de internet e tecnologia, incluindo o melhor aplicativo móvel
desenvolvido no Brasil. Certificado no programa Advanced Executive Certificate
in Management, Innovation & Technology do Massachusetts Institute of
Technology (MIT). Autor dos livros "Planejamento de Marketing
Digital", "Estratégia Digital: vantagens competitivas na
internet" e "UML Aplicada: da teoria à implementação". É ainda
fundador e Diretor Executivo da Infobase, uma das cinquenta maiores
integradoras de TI do Brasil, e da agência digital IInterativa, atuando com
clientes de diversos segmentos.
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