O debate
reacende após Anitta anunciar Felipe Rodrigues, jovem de 26 anos com SD, como
novo integrante da sua equipe de balé
O mundo inteiro vive um período de maior aceitação
às diferenças, sejam raciais, sociais ou religiosas. Atualmente, as pessoas têm
mais facilidade se colocar no lugar do outro e, consequentemente, respeitá-lo.
O mesmo se aplica à Síndrome de Down. Descrita pela primeira vez em 1866, essa
condição genética era vista, inicialmente, como doença e incapacitante, mas
este pensamento foi modificado com o passar dos anos.
Hoje, encontramos pessoas com Síndrome de Down
vivendo suas vidas plenamente em família, no trabalho e relacionamentos
afetivos. Estão presentes em grupos de música, dança, fotografia, e outros. Com
essa mudança de pensamento e a inclusão social que se faz mais do que
necessária, os artistas e formadores de opinião vem proporcionando
oportunidades a essas pessoas, além de reacender o debate sobre a inclusão.
Recentemente, a cantora Anitta estimulou essa
questão para pessoas com SD, num projeto especial e até o momento 'secreto',
segundo assessoria de imprensa da artista. Meses atrás a cantora fez a mesma
ação com um grupo de dançarinas plus size.
Participar da vida de uma pessoa com SD é muito
gratificante, pois eles nos ensinam a romper preconceitos e barreiras ensinadas
ao longo dos séculos. É importante estimular, independentemente de possuir SD,
o respeito, a humanidade e o inconformismo", destaca a médica e
sócia-fundadora do Espaço Elo21, dedicado às pessoas com SD, Dra. Carla Pinto.
A médica geneticista, Carla Pinto, destaca algumas
ações para serem sempre praticadas a partir do ambiente familiar e além dele,
no intuito de promover a inclusão, além do discurso.
Papel dos pais - O
carinho e respeito da família é essencial para o bem-estar dessas pessoas. É
importante que os familiares, principalmente os mais próximos, deixem o filho
participar efetivamente do cotidiano. Os cuidados e atenção não devem ser
superprotetores para que ela possa se desenvolver adequadamente e com maior
segurança e autonomia.
Interação - Independentemente de SD,
tendemos a ser afetivos e sociáveis. Porém, eles podem apresentam uma
dificuldade em se expressar, maior do que a de compreender. Além disso é
importante comunicar-se de forma clara, objetiva e concreta. Diante disso, cabe
aos familiares, amigos e professores utilizarem uma linguagem acessível, para
que as crianças fiquem mais à vontade e confortáveis com mudanças, com o
aprendizado e com o expressar-se.
Cuidados - Adaptação do meio. É
preciso entender que, assim como todos, quem possui Síndrome de Down vive e
enxerga o mundo a sua maneira.. Por exemplo: quando uma criança com SD deixa de
fazer algo solicitado em sala de aula, não é, necessariamente porque ela não
quer. Existem algumas limitações, que todas as pessoas têm, mas isso pode ser
resolvido e adaptado, sem gerar estresse ou repreensão.
Preconceito - De acordo com a Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), 96,5% das pessoas ainda têm algum
preconceito com quem apresenta alguma necessidade específica. Há quem confunda,
por exemplo, as deficiências intelectuais (Síndrome de Down) com as doenças mentais
(esquizofrenias e paranoias), em que o indivíduo tem surtos e ataques. Porém,
os indivíduos com Síndrome de Down podem conviver totalmente incluídos na
sociedade. Diante disso, entender exatamente o que é a Síndrome de Down é o
primeiro passo para desenvolver a empatia e a solidariedade.
Brincadeiras - Crianças
são crianças, independentemente de suas diferenças e condições específicas.
Encontrar brincadeiras e jogos em que todos possam se divertir é uma excelente
maneira de integração. O brincar é de extrema importância para o
desenvolvimento cognitivo, emocional e físico para todas as crianças,
potencializando o seu desenvolvimento globalmente e muito útil na estimulação
daquelas com SD. Brincar ajuda a desenvolver diversas capacidades, como
habilidades motoras, cognitivas, linguística e raciocínio lógico.
A atenção ao desenvolvimento integral e o respeito à singularidade das pessoas com Síndrome de Down e de seus familiares, numa proposta de trabalho interdisciplinar que une Saúde e Educação, fazem do Elo21 um modelo único. Os atendimentos acontecem de segunda a sexta, das 6h às 20h. O local abrigará workshops, treinamentos e vivências, durante os finais de semana. O espaço é aberto para pessoas com SD, amigos, familiares, profissionais da saúde, educadores e pessoas com alguma dificuldade física ou intelectual, permanente ou transitória e que deseja construir novos caminhos através da interdisciplinaridade, que integra a pessoa, a família e os profissionais simultaneamente.
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