O Brasil lutou anos contra a desnutrição.
Mas agora o que está preocupando governo, sociedade, médicos e operadoras de
saúde é a obesidade. Com exceção dos fumantes e daqueles que têm hábitos
saudáveis já incorporados à sua rotina, o desemprego pode ser uma porta de
entrada para a obesidade. O problema é que, no último ano, o desemprego tirou
do mercado de trabalho mais 2,6 milhões de pessoas. Hoje em dia, o número total
de desempregados gira em torno de 14 milhões – praticamente o dobro dos 7,2
milhões de pessoas sem ocupação formal que existia em 2014. Portanto, é de se
preocupar mesmo com esse link entre obesidade e desemprego.
Pesquisa
feita pelo Instituto Gallup, nos Estados Unidos, revelou que os americanos que
estão um ano ou mais sem trabalhar têm muito mais chances de se tornar obesos
do que aqueles que ficaram fora do mercado de trabalho por curtos períodos. A
proporção é de 32,7% para 22,8%, respectivamente. O estudo também analisou o
percentual de pessoas que foram diagnosticadas com doenças relacionadas à
obesidade, como hipertensão, colesterol alto e diabetes. Quem está desempregado
por seis meses ou mais tem duas vezes mais chances de ficar hipertenso e
registrar altas taxas de colesterol.
Apesar dessa associação entre desemprego e
obesidade ter sido identificada, as causas ainda não estão totalmente claras.
Aparentemente, o desemprego pode deixar a pessoa mais vulnerável a determinados
comportamentos que geram impacto na saúde. Por outro lado, doenças
pré-existentes também podem predispor a pessoa a enfrentar mais problemas para
conseguir e manter um emprego formal. Seja como for, trata-se de um ciclo
negativo entre carreira e saúde. Também não se pode deixar de levar em conta
que pessoas obesas costumam enfrentar dificuldade para ser contratadas para
ocupar funções que exigem muito esforço físico, como na indústria da construção
e manufatura.
Na opinião do médico Almino Cardoso
Ramos, cirurgião digestivo com área de atuação em cirurgia bariátrica, é
fundamental que a pessoa busque ajuda especializada assim que perceber um ganho
de peso progressivo e relevante. “Primeiramente, a pessoa atinge a faixa do
sobrepeso, em que é considerada pré-obesa, com IMC entre 25 e 29,9. Nessa fase,
o risco de comorbidades já é maior, predispondo-a ao diabetes e à hipertensão,
entre outras doenças relacionadas à obesidade. Quando o paciente atinge IMC
entre 30 e 34,9, ele já é tratado como obeso grau 1. Pessoas com IMC entre 35 e
40 geralmente são excelentes candidatas à cirurgia bariátrica”.
De acordo com o especialista, a técnica de
cirurgia bariátrica mais realizada em anos recentes é o Bypass Gástrico.
Grosso modo, trata-se de um desvio de uma grande porção do estômago e de
uma pequena porção do intestino delgado. A cada 100 mil cirurgias bariátricas
realizadas no Brasil anualmente, essa técnica responde por 60%. “Através da
técnica de grampeamento, isolamos uma parte grande do estômago e ligamos a
parte menor ao intestino, por onde o alimento irá transitar. A vantagem dessa
técnica é a reversibilidade, além de permitir que o paciente atinja a
saciedade, ao se alimentar, muito mais rapidamente do que antes”.
Mas outra técnica vem ganhando cada vez
mais adeptos. É a Gastrectomia Vertical (Sleeve). Partindo do
mesmo pressuposto do Bypass Gástrico – isto é, redução do estômago –,
essa cirurgia transforma o órgão num tubo afilado verticalmente, restringindo o
volume de alimento ingerido. Na opinião de Almino Ramos, a grande vantagem
dessa técnica é que o paciente não necessita de suplementação vitamínica, já
que vai comer praticamente tudo o que comia antes, só que em porções bem
menores. “Nessa técnica, extraímos uma parte do estômago que é responsável pela
produção de grelina, também conhecido como ‘hormônio da fome’. Mas, se houver
reganho de peso, é possível realizar novas cirurgias bariátricas. De todo modo,
é fundamental um acompanhamento psicológico para tratar a compulsão alimentar –
muito comum entre pessoas obesas.”
Hospital SAHA
Fontes:
Estudo
Gallup
:
Dr. Almino Cardoso Ramos -
cirurgião digestivo com área de atuação em cirurgia bariátrica.
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