O impacto
emocional da descoberta do câncer pode interferir na vida dos pacientes e
familiares. Por isso, é necessário cuidar da saúde mental
O adoecer por
câncer pode provocar um sofrimento físico, dor por exemplo, interferindo no
cotidiano, na rotina do paciente. Soma-se a este o sofrimento emocional
decorrente do “estar adoecido”, limitações físicas, e principalmente, pela
estigmatização da doença “câncer”, impactando o emocional do paciente e das
pessoas ao seu redor.
O “Janeiro Branco” surgiu em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, com o objetivo
de alertar as pessoas a cuidarem da saúde mental. No tratamento oncológico, o
cuidar da saúde mental é extremamente importante. “Sabemos que o câncer provoca
um intenso impacto psicológico no paciente, porém infelizmente ainda é
frequente as pessoas não considerarem importante expressar, falar sobre este
impacto, sobre a mudança que o câncer provocou em suas vidas. É comum o foco
ser apenas a doença, o tratamento oncológico (quimioterapia, radioterapia), com
a pessoa encarando que precisa ser forte, tratar a doença e que não pode
desabar”, afirma a psicóloga oncológica da Oncomed-BH, Francine Portela.
É comum também o paciente não querer expressar-se e não procurar ajuda de um
psicólogo para não preocupar os familiares, como se aceitar o acompanhamento
psicológico fosse dizer “não estou conseguindo, sou fraco, estou muito mal”.
Esta atitude pode intensificar o sofrimento. É preciso desmistificar o fato de
que falar, expressar seus sentimentos seja sinal de fraqueza”, acrescenta
Francine Portela.
As mudanças do dia-a-dia, as visitas rotineiras à clínica, assim como os
efeitos do tratamento (como a queda de cabelo, por exemplo) são fatores que
provocam mudanças e adaptações. “Pode haver alterações no meio familiar, no
cotidiano, no social e também no financeiro. Lidar e reorganizar esse novo momento
da vida não é fácil. O psicólogo torna-se um parceiro, apoiando, auxiliando na
compreensão das informações sobre o tratamento, no enfrentamento dessa nova
fase, mas é preciso que o paciente esteja disposto a este apoio”, explica a
psicóloga oncológica.
Raiva, insegurança, medo, negação são alguns dos sentimentos que podem surgir
ao receber o diagnóstico e ao longo do tratamento, porém não existe regra, como
afirma Francine Portela. “Não se pode prever o que o paciente sentirá, como
enfrentará um diagnóstico de câncer. Contudo, é imprescindível acompanhar e
cuidar da saúde mental neste momento, possibilitando um melhor enfrentamento ao
tratamento, a adaptação a esta fase da vida. O acompanhamento psicológico pode
propiciar especialmente uma revisão dos objetivos de vida, das prioridades, os
sentidos que damos às coisas, resumindo uma ressignificação da vida”, diz.
E não é só o paciente que sofre nesse período, mas também as pessoas à sua
volta, como família, amigos. “Os familiares, muitas vezes, vivenciam intenso
sofrimento, seja por acompanharem o sofrimento do paciente como a dor, reações
ao tratamento, seja pela readaptação de sua rotina, de seus planos de vida para
acompanhar o paciente nas consultas e no tratamento”, complementa.
Mas é possível dar a volta por cima. A Dra. Francine Portela deu alguns
conselhos que podem ajudar pacientes e famílias a adaptarem-se às novas
mudanças.
- Um passo importante é aceitar ajuda. É
importante contar com toda equipe para auxiliá-lo nas dúvidas, nas orientações
e encaminhamentos necessários.
- Explique a situação para as crianças, elas
percebem o que está acontecendo e também precisam adaptar-se as mudanças. Use
termos simples, pergunte-as como estão se sentindo.
-Peça e aceite ajuda. Não é um sinal de
fraqueza.
Apoio, acolhimento de família e amigos é essencial
para ajudar no enfrentamento ao tratamento.
- Caso perceba dificuldade em adaptar-se às
mudanças, esteja se sentindo triste ou ansioso peça ajuda a um profissional,
converse com a equipe que lhe acompanha.
Oncomed-BH
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