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terça-feira, 6 de setembro de 2016

INFLUÊNCIA DA MICROBIÓTA INTESTINAL NO METABOLISMO



Há muito que se sabe que os microrganismos presentes no intestino humano desempenham um importante papel na saúde digestiva. Contudo, investigações mais recentes indicam que as bactérias intestinais podem igualmente estar relacionadas com outros aspectos de saúde, incluindo obesidade e saúde metabólica. 

Os microrganismos habitam variados locais do organismo humano, incluindo a pele, o nariz, a boca e o intestino. Este último, em particular, constitui a “casa” de uma enorme variedade de microrganismos - aproximadamente 100 triliões de células bacterianas, número este dez vezes superior ao número de células humanas. Os microrganismos presentes no intestino humano são, sobretudo, bactérias que pertencem a mais de 1000 espécies, 90% das quais pertencem ao grande grupo dos Firmicutes e Bacteroidetes. Cada indivíduo apresenta uma composição distinta e altamente variável de microrganismos intestinais, muito embora um conjunto deles seja comum a todos nós. A composição dos microrganismos intestinais designa-se por microbiota, enquanto que a totalidade dos genes do microbiota se designa por microbioma. Os genes do microbioma intestinal são 150 vezes mais elevados do que os genes do organismo humano.

O microbiota humano estabelece-se no início da vida – o feto no útero é estéril e a exposição aos microrganismos inicia-se no parto durante a passagem pelo canal vaginal e/ou exposição aos microrganismos presentes no ambiente. Os bebés nascidos por cesariana apresentam um microbiota com composição diferente dos bebés nascidos por parto natural, situação que se julga menos favorável e que, de acordo com alguns autores, pode eventualmente estar associada ao aumento do risco de doenças e excesso de peso e obesidade na vida futura. Apesar do microbiota se estabelecer na altura do parto, pode sofrer alterações ao longo da vida, sendo influenciado por determinados fatores, como idade, alimentação, localização geográfica, consumo de suplementos alimentares, consumo de alimentos alergênicos, fármacos ou outros fatores ambientais. O excesso de gordura corporal ou situações de doença estão igualmente associados à alteração do microbiota intestinal. 

Sabe-se que a alimentação, incluindo a dieta da criança logo desde o nascimento (aleitamento materno versus fórmulas infantis), modula a composição da microbiota intestinal humana e pensa-se que os hábitos alimentares ao longo da vida exercem um efeito considerável, o que pode explicar algumas das diferenças geográficas.  Alguns componentes da dieta como, por exemplo, a fibra alimentar, é degradada pela fermentação das bactérias, que os utilizam como combustível. O consumo aumentado de certos componentes alimentares pode contribuir para o aumento do número de bactérias que utilizam estes componentes específicos como combustível, significando que alterações na composição da dieta podem conduzir a alterações na composição da microbiota intestinal. 

A composição em macronutrientes da dieta (isto é, a proporção de proteína, gordura e hidratos de carbono) parece exercer influência e alterações na alimentação podem conduzir a modificações no microbiota. A forma como a dieta interage com o microbiota continua a ser alvo de intensa investigação. A maioria da investigação acerca da microbiota humana foca os microrganismos presentes no intestino, uma vez que se pensa que eles influenciam a saúde em vários aspectos. Existem evidências de que os indivíduos que sofrem de determinadas doenças (por exemplo, doença intestinal inflamatória ou alergias) apresentam um microbiota diferente daquela apresentada por indivíduos saudáveis, apesar de, em grande parte dos casos, não ser possível afirmar se a microbiota alterada é causa ou consequência da doença. Os padrões da microbiota intestinal associados à saúde são, contudo, mais difíceis de definir. 

MICROBIOTA x SISTEMA IMUNOLÓGICO
Os microrganismos presentes no intestino desempenham um papel crucial na saúde digestiva, mas influenciam igualmente o sistema imunológico. Os tecidos imunes presentes no trato gastrointestinal constituem a maior e mais complexa fração do sistema imunológico humano. A mucosa intestinal é uma grande superfície que delimita o intestino e que está exposta a antígenos ambientais (substâncias que despoletam a produção de anticorpos pelo sistema imunológico) patogênicos (que causam doenças) e não patogênicos. No lúmen intestinal, os microrganismos desempenham um papel crítico no desenvolvimento de um sistema imunológico equilibrado e robusto.  Alterações que possam ocorrer na microbiota intestinal dos indivíduos, por exemplo, quando toma determinados antibióticos, aumentam o risco de infecção por microrganismos patogênicos oportunistas, nomeadamente por Clostridium difficile.

MICROBIOTA X OBESIDADE
Nos últimos anos, os investigadores estabeleceram uma associação entre o microbiota intestinal e o peso corporal. Muito embora a investigação nesta área se encontre a dar os primeiros passos, os estudos revelaram que os indivíduos obesos tendem a apresentar uma composição em bactérias intestinais algo diferente daquela apresentada por pessoas com índice de massa corporal normal. Não se sabe ainda se a composição do microbiota alterado é uma causa ou uma consequência da obesidade. Os estudos mostram que a composição da microbiota intestinal se altera com a perda de peso e/ou com o ganho de peso; no entanto. Alguns investigadores sugeriram que a microbiota de indivíduos obesos pode contribuir para o aumento da quantidade de energia que é retirada dos alimentos, sugerindo que determinadas estruturas da microbiota intestinal possa aumentar a probabilidade de se desenvolver obesidade. Contudo, esta teoria está a ser debatida sendo necessários mais estudos que permitam investigar se esta hipótese tem efetivamente fundamento.

MICROBIOTA X FUNÇÃO NEUROLÓGICA
Pode parecer estranho, mas o intestino é considerado na medicina o segundo cérebro, abrigando o segundo maior sistema nervoso do corpo, com mais de 100 milhões de neurônios. Cerca de 80% da serotonina, o hormônio que regula a sensação de bem-estar do organismo, tem origem nesse órgão. Por essa razão, ele tem relação direta com o bem-estar emocional e a própria qualidade de vida de cada um de nós. O intestino tem ainda função neurológica, endócrina e imunológica. Ele é chamado de segundo cérebro, pois tem uma complexa rede nervosa e neuronal em permanente comunicação com o cérebro. Recentemente, foi descoberto que o intestino contém células capazes de identificar o sabor dos alimentos. Existe uma comunicação constante do intestino com o cérebro e vice-versa. Um exemplo da influência do cérebro no intestino é que, em situações de estresse e ansiedade, as pessoas sofrem as alterações intestinais, aumentando a necessidade de ir várias vezes ao toalete ou apresentando reações opostas, como a paralisação do seu funcionamento.

DICAS PARA CUIDAR DO SEU INTESTINO
§  Eliminar excesso de alimentos gordurosos, processados, refinados, ricos em sódio e açúcares.
§  Aumentar o consumo de frutas frescas, verduras e legumes.
§  Aumentar o consumo de fibras (farelos, cereais e tubérculos, como batata doce, mandioca, inhame)
§  Evitar ficar muitas horas em jejum, pois o jejum prolongado também pode provocar os “buracos” no intestino.
§  Ingestão adequada de água (pelo menos 2 litros de água por dia).
§  Aumento do consumo de alimentos funcionais como quinua, linhaça, oleaginosas, frutas vermelhas arroxeadas, vegetais folhosos escuros.
§  Uso de pré e probióticos.
§  Retirar alimentos que você apresenta intolerância e alergia (diagnosticado pela avaliação clinica do nutricionista ou através do Teste de Intolerãncia alimentar)

Essas orientações são essenciais e devem ser mantidas durante toda vida, não só para estabelecer a saúde intestinal, como também, para melhorar todos os mecanismos de defesas, energia, vitalidade, equilíbrio e o bom funcionamento de todo o organismo.



Dras. Roseli Rossi (CRN 2084) e Dra. Juliana Rossi Di Croce (CRN 40228)
Clínica Equilíbrio Nutricional
Tel. 11 2672-7300 ou WhatsApp (11) 97334-9847

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