É
sabido, sobretudo por especialistas em preparação física, neuromusculares,
patologistas musculares, enfim, pessoas que trabalham ou conhecem as
propriedades dos músculos esqueléticos, que grande parte dos atletas
profissionais usam substâncias químicas que melhoram a performance física ou
acarretam uma hipertrofia muscular.
Também é de conhecimento de boa parte dos cientistas que existem
laboratórios especializados em mascarar, nos exames de sangue e urina, estas
mesmas substâncias. Estes laboratórios, em geral, possuem uma tecnologia muito
mais apurada em relação àqueles que normalmente são utilizados para detectar as
substâncias listadas como doping.
Sendo assim, é preciso mudar filosoficamente o conceito de doping e
refletir com inteligência sobre o que significa uma droga (qualquer substância
da natureza que, acima de uma determinada quantidade, provoca dano à saúde do
indivíduo). Por exemplo, os fisiculturistas que eu conheço são usuários destas
substâncias proibidas rotineiramente.
A hipocrisia desta situação no esporte leva a outra ocorrência, quando
um determinado atleta é “pego no doping”. Boa parte da mídia corrobora para
transformá-lo em um verdadeiro fora da lei e, algumas vezes, pior que um
bandido cruel. Vejamos o caso desta última luta entre Anderson Silva e Nick
Diaz. Em primeiro lugar, deixo esta pergunta: se a luta fosse no Uruguai ou nos
estados americanos em que o uso da maconha é permitido, Diaz seria punido? Mas
o pior, para mim, é transformar um herói do Brasil, como Anderson Silva, em um
vilão corrupto.
Para terminar, em 2011, publicamos um artigo na Scientific American
Brasil sobre os principais benefícios e malefícios dos anabolizantes. Nós, da
Neuromuscular da Escola Paulista de Medicina, usamos anabolizantes de rotina na
prática médica.
Beny Schmidt - chefe e fundador do Laboratório de
Patologia Neuromuscular e professor adjunto de Patologia Cirúrgica da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele e sua equipe são responsáveis
pelo maior acervo de doenças musculares do mundo, com mais de doze mil biópsias
realizadas, e ajudou a localizar, dentro da célula muscular, a proteína
indispensável para o bom funcionamento do músculo esquelético - a distrofina.
Beny Schmidt possui larga experiência na área de medicina esportiva, na qual já
realizou consultorias para a liberação de jogadores no futebol profissional e
atletas olímpicos. Foi um dos criadores do primeiro Centro Científico Esportivo
do Brasil, atual Reffis, do São Paulo Futebol Clube, e do CECAP (Centro
Esportivo Clube Atlético Paulistano).
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