Como é a pessoa em quem você votaria de olhos fechados, sairia feliz para votar até debaixo de chuva e frio, como se diz, ou até debaixo de facas, não temeria a pandemia e voltaria para casa orgulhoso por ter praticado a cidadania em sua melhor forma? Ela existe?
Mulher? Homem? Alguma causa social a ser defendida? Você se
importa com o partido ao qual pertencem? É que temos tantos (33) que é até bem
confuso, porque pouco eles se diferenciam entre si, sejam de centro, esquerda,
direita, direções que cada vez mais apontá-las se torna indiferente nessa nova
sociologia que enfrentamos. Existem tantos porque tem uma torneirinha que vaza
nosso dinheiro para cada um deles.
Essa semana pensei muito nisso. Passamos por seis horas de imersão
no tema eleições e marketing político, em curso online do jornalista e um dos
experts no assunto, Carlos Brickmann. Foram seis horas, duas horas em três
dias. Interessante pensar nos variados aspectos eleitorais pelo menos um pouco
antes, e, especialmente, neste ano tão cheio de surpresas, mudanças, medo. Além
da premente e visível necessidade de renovação e mudança. Tempo muito curto.
Piscou, e vai chegar o dia, um domingo, 15 de novembro, primeiro turno; e onde
houver segundo turno será 29 de novembro, apenas 14 dias depois.
Como será a presença? Terá forte abstenção? Vacina, até lá,
desistam. A eleição atual será de âmbito municipal, prefeitos e vereadores,
tudo o que é mais perto da gente, de onde moramos, vivemos, transitamos. A
“outra”, nacional, federal e estadual, tão esperada por grande parte da
população que não sabe nem como é que chegaremos lá, tão destroçados que já
estamos, só em 2022. Você seria a favor de que todas as eleições fossem
unificadas? Gostaria que esta tivesse sido adiada? Você vai votar?
O tempo curto: a campanha começa oficialmente só no próximo dia 27
de setembro. Imagino que já deve ter recebido aceno de algum amigo ou conhecido
que será candidato, com quem você há anos não falava e já esteja percebendo a
candura e “saquinhos de bondades” de alguns prefeitos que adorariam se
reeleger. Acredito ainda que já perceba de repente até algumas máquinas
na pista e homens trabalhando em locais onde eram
esperados já há algum tempo.
Nas nossas conversas sobre o assunto, na qual participaram pessoas
de todas as regiões do país, percebemos a chegada de vários candidatos bem
intencionados, que vão tentar serem eleitos para buscar contribuir com seus
conhecimentos. Embora pelas Câmaras passem todos os assuntos, seria muito bom
se nelas houvesse conhecimento mais preciso sobre temas como Saúde, Educação,
Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano, Segurança Pública. Mas também é
fundamental, muito especialmente, que a Câmara seja composta de forma
diversificada e que atente também a temas comportamentais, como as questões de
gênero, raça, entre outras que nos são tão caras e sempre tão esquecidas ou
deixadas de lado. Pense bem nisso quando for votar.
Na questão feminina, pela qual tenho especial apreço, pensa na
importância de termos mais mulheres nos parlamentos. Não só pela luta pela
igualdade, mas pelos aspectos que tanto nos afligem, e só a nós, que precisam
ser consertados ou resgatados, inclusive em relação ao respeito aos direitos
conquistados e nos tantos que ainda faltam. Cuidado com essa questão de cotas,
onde muitas são postas apenas como números. Procure as que realmente fazem a
diferença. É a hora das lideranças comunitárias, daquelas que há muito tempo
guerreiam, sejam de qual idade forem. O mesmo para as questões LGBTs.
No curso, interessante, se concluiu que o povo vota por emoção,
mas não gosta de quem ataca os adversários, especialmente se esse ataque for
abaixo da linha da cintura. Agora não é hora de acirrar ainda mais essa divisão
nacional, bolsonaristas, lulistas, etc... – mas, sim, hora – e oportunidade -
de dissipá-las, em prol de uma união nacional. Vote em quem fala a verdade,
aliás, quem sempre falou, porque nessa hora o que tem de gente esquecendo o que
disse, o que escreveu, o que já prometeu e não cumpriu, não é brincadeira.
Se eu pudesse pedir voto, apenas diria: vote contra a ignorância
que precisamos conter, com tanta força. Fique atento às notícias, promessas e
informações falsas, a arma dos incompetentes. Muitas coisas talvez não dê para
falar pessoalmente, nesse ano o contato será muito “digital”, com máscaras. Não
se deixe enganar por quem é capaz de levantar, sem perceber, um anão, pensando
ser uma criança. Esqueça a política antiga e, já que essa chegará em grande
parte por redes sociais, utilize esse mesmo campo com consciência, seja para
apoiar, seja para incrementar com os temas que farão a diferença nesse futuro
ainda tão incerto que vivemos.
Ah, me conta, por favor, se puder, como é o seu
candidato/candidata ideal? Não é de hoje que me dedico a tentar entender este
país.
MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de
comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo
no Cotidiano - Bom para mulheres. E para homens também, pela
Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon
marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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