É certo que a
pandemia do coronavírus trouxe ao mundo pânico talvez comparado aos efeitos de
uma grande guerra.
É certo que a pandemia do coronavírus
trouxe ao mundo pânico talvez comparado aos efeitos de uma grande
guerra.
Ao mesmo tempo não se trata de uma crise do sistema
capitalista, mas de uma crise exógena de saúde pública que afeta o sistema
capitalista. Algo bem diferente da crise de 2008 iniciada no sistema de
garantias de hipotecas norte-americano.
O absurdo crescimento chinês no PIB global, que de
acordo com o Banco Mundial saltou de 5% em 1990 para mais de 20% em anos
recentes, indicam a insustentável dependência econômica do globo em face da
China.
Trata-se de uma dependência absurda que deve ser
repensada imediatamente.
As grandes corporações mundiais não hesitaram em
instalar unidades fabris na China e demais países periféricos em razão do baixo
salário e da legislação trabalhista chinesa que impõe, por exemplo, férias
anuais de apenas 5 dias por ano.
Em que pese a mesma legislação determinar jornada
de 8 horas é comum que o trabalhador chinês realize jornadas de até 12 horas.
Evidente, nessas condições, o capitalismo global não pensou duas vezes ao levar
a linha de produção para a China a partir dos anos 90 do Século passado.
Parece claro o dumping praticado pela China nas
últimas décadas que, em conjunto com o sistema global e políticas cambiais
chinesas, desequilibrou toda a cadeia produtiva.
Enquanto os financistas de Nova Iorque vibravam com
a valorização dos negócios, e o governo brasileiro na era Lula surfava na
exportação de commodities, nossas indústrias baixavam as portas nos núcleos industriais
nacionais.
Foi o golpe chinês que deu certo e proporcionou um
crescimento espetacular às custas em grande parte dos empregos ocidentais.
Conforme indica reportagem do Financial Times, o
salário médio na China em 2005 era de USD 1,2, saltando para USD 3,6 em 2016.
Em termos comparativos o salário médio no Brasil, de acordo com o mesmo estudo,
era de USD 2,7 em 2016.
Mas eis que surge o Covid-19, como já surgiu a
gripe suína e tantas outras doenças importadas. E mais uma vez, nenhuma
informação da China pode ser dada como totalmente confiável, e acompanhamos os
números e consequência da doença, especialmente da Itália para uma melhor
referência.
Acreditamos que algumas consequências são esperadas
após o fim do surto. A quebra de muitas empresas ligadas ao transporte e
turismo, eventos, dentre outras atividades. Também acreditamos em
recrudescimento da xenofobia relacionada aos imigrantes e exacerbação do
nacionalismo, uma vez que o perfil de vários presidentes ocidentais tem esse
viés.
No decorrer dos próximos anos esperamos um novo
balanceamento da linha de produção global para outros países. Desta forma,
pulverização da logística produtiva e de distribuição é algo que deverá
acontecer.
Porém, pela complexidade das ações, tudo isso será
conduzido de forma paulatina no sentido de diminuir a dependência global
exagerada do mercado chinês, e acreditamos que EUA, União Europeia e
Grã-Bretanha tenham alinhamento neste tema.
Os países mais estáveis politicamente, que melhor
organizarem seus custos internos com diminuição da burocracia exigida das
empresas, e com melhor capacitação educacional da população serão muito
beneficiados.
Conforme dados expostos, do ponto de vista do custo
de trabalho, este já é menor no Brasil. E mais, a existência de flexibilidade
de jornada de trabalho, conforme a autorização legislativa existente para
implantação de banco de horas de trabalho, também facilitarão a migração de
novos negócios para o país, se houver senso de oportunidade do governo federal.
Os demais requisitos devem ser buscados rapidamente para aproveitar a
oportunidade global.
Por fim, entendemos que trata-se de uma nova era de
oportunidades e a globalização terá novos parâmetros após o Covid-2019.
Cassio
Faeddo@faeddo
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