Conforme as informações da
Organização Mundial da Saúde (OMS), 40% dos brasileiros têm distúrbios do sono.
De acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS), mais de 70 milhões de
brasileiros sofrem com problemas na hora de repousar. O dado é preocupante e
chama a atenção de especialistas para problemas de saúde em quem enfrenta
longas noites sem dormir. No Dia Mundial do Sono (16/3), Celso Musa,
coordenador da cardiologia do Hospital Samaritano (Barra da Tijuca), alerta
sobre a apneia obstrutiva – mais prevalente na população.
A apneia obstrutiva do sono
pode afetar cerca de 4% das mulheres e 9% dos homens adultos, sendo que sua
prevalência é maior entre pessoas obesas, com pescoço largo, na faixa etária
acima dos 35 anos. “ É caracterizada por pausas respiratórias, com interrupção
ou diminuição da respiração, com duração de mais de 10 segundos. A doença pode
ser provocada por alterações anatômicas e pela diminuição de atividades dos
músculos dilatadores da faringe”, explica.
O especialista informa ainda
que os sintomas mais frequentes de apneia obstrutiva são: episódios de
roncos altos - interrompidos por paradas respiratórias e observados por quem
convive com a pessoa -, forte sonolência diurna, sono agitado e aumento da
vontade de urinar à noite, além de alterações de memória e raciocínio. “Os
indivíduos com apneia costumam acordar com dor de cabeça, cansados e sem
disposição, mesmo tendo dormido durante toda a noite. Outra característica
comum nessas pessoas é a diminuição da libido, além de uma tendência a quadros
de depressão”, diz.
O cardiologista observa que a
ciência já comprovou que, para manter o cérebro em alto desempenho, é
necessário descanso e que o sono de qualidade é fundamental. “A
quantidade de horas de sono varia entre as pessoas, de acordo com o sexo, a
idade e a constituição biológica. As mulheres dormem cerca de 50 minutos a mais
que os homens e têm maior quantidade de sono profundo”, informa.
De acordo com o médico, em
relação à idade, o sono diminui durante a vida. Enquanto um recém-nascido
dorme até 18 horas por dia, um jovem chega a sete ou oito horas, já um idoso
pode se satisfazer com apenas cinco horas de sono. “Durante o sono normal,
ocorrem alguns despertares breves nos quais não se recupera a consciência ou a
memória. Isso se manifesta através de 30 a 60 movimentos por noite, na hora da
troca de posição, sem que se lembre disso pela manhã”, explica.
Com relação aos casos mais críticos,
a apneia obstrutiva do sono pode ocasionar uma série de alterações, como
diabetes, disfunções hormonais e vários problemas cardiológicos, o que inclui
arritmias cardíacas e hipertensão arterial, podendo levar a redução do fluxo de
sangue no músculo cardíaco e maior incidência de infarto do miocárdio.
A obesidade também é um fator
de risco importante para o desenvolvimento da apneia, mas vários estudos
mostraram que, devido às mudanças hormonais e à privação do sono, o problema
contribui ainda mais para o aumento da obesidade, fazendo com que esses
indivíduos tenham maior dificuldade para emagrecer, quando comparados com
aqueles que têm um sono reparador.
O especialista reforça a
necessidade de se procurar um médico, pois, mesmo tendo alta prevalência na
população, apenas agora foram elencados os riscos trazidos por esse
distúrbio, bem como a importância do seu diagnóstico. “O grande problema é que
cerca de 90% dos indivíduos que possuem apneia do sono ainda não possuem o
diagnóstico. Os pacientes portadores de apneia obstrutiva precisam de
tratamento, pois, sem acompanhamento clínico, as chances de mortalidade devido
ao problema são grandes”, finaliza.
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