O passo-a-passo da
ativação do sistema imunológico para proteção contra a doença
Fomos
acostumados a buscar maneiras de tratar uma doença depois que ela já está
presente em nosso organismo. Para muitas pessoas, é difícil pensar em prevenção
- talvez porque não entendam a maneira que mecanismos de precaução, como as
vacinas, são capazes de nos proteger. Por isso, gostaria de sugerir uma pauta
que mostre como uma vacina age dentro do nosso corpo.
Um
exemplo é a vacina contra dengue. A imunização completa acontece depois de
aplicadas três doses, com intervalos de seis meses entre cada uma, completando
um ano da primeira até a última dose1. A partir da primeira
aplicação, a vacina já oferece proteção, mas é fundamental receber as três
doses para garantir que a imunização seja adequada para todos os sorotipos de
dengue2. Por isso é importante aproveitar esta época do ano, em que
a circulação dos vírus da doença – transmitido pela picada do mosquito Aedes
aegypti – está menor, já que o inverno é o que podemos chamar de “baixa
temporada”, pois a proliferação do mosquito transmissor é maior quando as
temperaturas estão elevadas.
A
vacina contra dengue é um imunizante recombinante tetravalente, isto é, oferece
proteção para os quatro sorotipos existentes da doença – tipos 1, 2, 3 e 4,
produzida com vírus vivo atenuado1. Uma vez no corpo, ativa o
sistema imunológico e a produção de anticorpos1. Na prática, o
sistema imunológico é ativado em etapas3:
1.
As
células dendríticas (glóbulos brancos ou leucócitos) capturam e transportam as
cepas da vacina (os quatro sorotipos vivos, porém atenuados) por meio dos vasos
linfáticos para os gânglios linfáticos3.
2.
Nos
gânglios linfáticos, as células T, leucócitos responsáveis pela defesa do
organismo contra agentes desconhecidos(ou antígenos)
são ativados e, em seguida, acionam as células B, outro tipo de glóbulos
brancos. Ao se multiplicarem, as células B produzem os anticorpos contra cada
um dos 4 vírus da dengue, inseridos no organismo pela vacina3.
3.
Os
anticorpos contra os quatro tipos de vírus da dengue são disseminados em todo o
corpo por meio da corrente sanguínea3. Quando um mosquito infectado
pica alguém que já foi vacinado, o vírus que entra no corpo é reconhecido pelo
sistema imunológico3. Os anticorpos específicos (gerados pela
vacina) podem atuar neutralizando o vírus, que é bloqueado pelo próprio sistema
imunológico da pessoa3.
No
Youtube, você pode acessar um vídeo que mostra por
meio de animações gráficas como estas etapas acontecem.
Mais
informações sobre a vacina
Produzida pela Sanofi Pasteur, a divisão de
vacinas da Sanofi, é indicada para pessoas de 9 a 45 anos de idade que vivem em
áreas endêmicas, e oferece proteção contra os quatro sorotipos existentes da
doença (tipos 1, 2, 3 e 4), produzida com vírus vivo atenuado e possui em sua
estrutura o vírus vacinal da febre amarela1.
Aprovada pela ANVISA no Brasil, em dezembro
de 2015, a vacina chega como uma adicional ferramenta de saúde pública para
contribuir, junto com as estratégias e educação e controle do vetor
transmissor, o mosquito Aedes Aegypti4. Pode ajudar na
redução dos gastos com internações, uma vez que os estudos demonstraram redução
de 81% das internações e de 93% dos casos graves2. A eficácia global
é de aproximadamente 66% o que significa que em um grupo de 1 milhão de
pessoas, 660 mil evitariam contrair a doença, ou a prevenção de dois em cada três
casos da doença2.
É a primeira vacina contra dengue aprovada
no Brasil e no mundo4. Recebeu, em 2016, a recomendação da
Organização Mundial de Saúde para introdução em países endêmicos (como o
Brasil), além da indicação da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim),
Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sociedade Brasileira de Pediatria
(SBP) e também da Sociedade Latino Americana de Infectologia Pediátrica (SLIPE)
e da Associação Latino Americana de Pediatria (ALAPE)4-7. Em 2017,
recebeu a recomendação da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia
(FEBRASGO) e da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM)8,9.
Referências:
1. Bula da vacina dengue 1, 2, 3 e 4
(recombinante e atenuada), Dengvaxia®, registrada pela ANVISA em 28/12/2015.
2. Hadinegoro SR, et al. Efficacy and Long-Term Safety of a
Dengue Vaccine in Regions of Endemic Disease. N Engl J Med. 2015 Sep
24;373(13):1195-206.
3. Guy B, et al. Dengue vaccine: hypotheses to understand
CYD-TDV-induced protection. Nat Rev Microbiol. 2016 Jan;14(1):45-54
4. World Health Organization (WHO). Dengue vaccine: WHO position paper –
July 2016. Wkly
Epidemiol Rec. 2016 Jul 29;91(30):349-364
5. Sociedade Brasileira de Imunizações
(SBIm); Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI); Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP). Nota Técnica 31/08/2016 - Vacina Dengue. [Internet] Disponível
em: http://sbim.org.br/images/files/nota-tecnica-sbim-31082016-v2.pdf.
Acesso em: 2017 Set 01.
6. Sociedad Latinoamericana de infectologia Pediátrica (SLIPE).
Documento de Posición. [Internet]. Disponível em: http://www.slipe.org/DENGUE_PositionPaper_Revision_References.pdf.
Acesso em: 2017 Set 01.
7. Asociación Latinoamericana de Pediatría (ALAPE). Apoyo al Documento
de Posición de La International Dengue Iniciative. [Internet]
Disponível em: http://alape.org/documento_%20iniciativa_%20internacional_%20dengue_%20completo.pdf.
Acesso em: 2017 Set 01.
8. Federação Brasileira das Associações de
Ginecologia e Obstetrícia. Vacina contra a dengue. [Internet] Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/images/comissoes/Vacina_contra_a_dengue_V_Cecilia_Julio_13MAR17_REVISADO.pdf.
Acesso em: 2017 Set 01
9. Sociedade Brasileira de Clínica Médica
(SBCM). Nota Técnica sobre a Vacina contra Dengue. [Internet] Disponível em: http://www.sbcm.org.br/arquivos/vacinaDengue.pdf.
Acesso em: 2017 Set 01.
Nenhum comentário:
Postar um comentário