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quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Síndrome de Burnout já acomete 30% dos brasileiros

 Segundo dados apresentados recentemente pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros enfrentam problemas com a síndrome de burnout. O caso se mostra ainda mais complexo, sendo que o Brasil é o segundo país com mais casos diagnosticados no mundo. 

Esse dado é reflexo de um cenário acelerado e competitivo do mundo moderno. Lembrando que a Síndrome de Burnout é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença ocupacional, essa doença emocional ganha destaque como um dos maiores desafios de saúde mental enfrentados por trabalhadores em todo o mundo. 

A Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, é um distúrbio emocional que surge em resposta a situações extremamente desgastantes no contexto laboral. Seus sintomas, que variam de exaustão física e mental a estresse, ansiedade e alterações de humor, são um chamado de alerta para uma crise que está se aprofundando nas entranhas das organizações. 

“O reconhecimento oficial da Síndrome de Burnout como doença ocupacional pela OMS desencadeia uma série de implicações significativas. Aqueles que são diagnosticados com a síndrome agora têm garantidos os mesmos direitos trabalhistas e previdenciários concedidos a indivíduos com outras doenças ou acidentes relacionados ao trabalho. Isso sinaliza uma mudança fundamental na forma como a sociedade enxerga e lida com a saúde mental dos trabalhadores”, explica Vicente Beraldi Freitas, médico e consultor e gestor em saúde da Moema Assessoria em Medicina e Segurança do Trabalho.

 

Estouro de casos no Brasil 

Os números são impressionantes e alarmantes, com o Brasil ocupando o segundo lugar no ranking global de países com maior prevalência da doença, é crucial examinar as condições de trabalho e os fatores que contribuem para esse cenário preocupante. 

"Temos testemunhado uma inversão drástica nas razões para os afastamentos do trabalho", observa Vicente Beraldi Freitas. "Há duas décadas, os acidentes do trabalho e questões ortopédicas dominavam os afastamentos. Hoje, vemos um cenário diferente, onde cerca de 70% dos pacientes na Unidade da Moema apresentam problemas psiquiátricos, seguidos por questões ortopédicas", destaca. 

Essa mudança de paradigma reflete a crescente importância da saúde mental no local de trabalho. Entre os distúrbios que se destacam nesse cenário, estão a Depressão, Síndrome do Pânico, estresse e, particularmente recorrente, a Síndrome de Burnout.

 

Compreendendo a Síndrome de Burnout: Sintomas e causas 

Vicente Beraldi Freitas compartilha uma visão abrangente dos sintomas dessa síndrome, que incluem aspectos afetivos, cognitivos, físicos e comportamentais. Esses sintomas podem variar desde sentimentos de tristeza e irritabilidade até dificuldades de concentração, problemas físicos e alterações comportamentais significativas. 

As causas da Síndrome de Burnout estão enraizadas em fatores como alta competitividade no ambiente de trabalho, pressão inadequada e atividades intensas e arriscadas. Questões organizacionais, como sobrecarga de trabalho e desalinhamento de objetivos, também desempenham um papel fundamental. 

Como Vicente Beraldi Freitas destaca, a Síndrome de Burnout não é apenas uma doença, mas um problema que exige ação e soluções eficazes. A prevenção envolve melhorar as condições de trabalho e as relações profissionais, reduzindo o isolamento e promovendo um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional. 

No caso em que a síndrome já se instalou, intervenções como afastamentos temporários, reorganização das atividades, investimento em interesses pessoais e prática de exercícios físicos podem ser fundamentais. A ajuda médica e a psicoterapia desempenham um papel crucial para compreender as raízes da síndrome e evitar recorrências no futuro. 

A Síndrome de Burnout é um sinal de alerta para a necessidade urgente de repensar o ambiente de trabalho moderno e priorizar a saúde mental dos trabalhadores. À medida que o Brasil enfrenta uma epidemia crescente, a colaboração entre empresas, profissionais de saúde e governo é essencial para reverter essa tendência alarmante. Ações coletivas e medidas preventivas podem desempenhar um papel crucial na construção de locais de trabalho mais saudáveis e sustentáveis, garantindo um futuro mais brilhante para todos os trabalhadores do país.

 

Homens que cuidam da saúde

O mês de novembro é voltado para a conscientização e cuidados com a saúde do homem, sobretudo com maior atenção à prevenção do câncer de próstata. A campanha Novembro Azul teve origem na Austrália, em 2003, com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para a importância das medidas preventivas e o diagnóstico precoce da doença, entre outras tipicamente masculinas. 

Essa campanha se tornou mais importante porque o câncer de próstata é o tipo mais recorrente nos homens nos dias atuais, representando 10% de todos os cânceres no mundo, com o crescente número de casos após os 50 anos de idade e entre aqueles com histórico familiar. 

Os números do Instituto Nacional do Câncer (INCA) indicaram 65.840 novos casos da doença em 2020 com 15.841 mortes registradas no Sistema de Informações do Ministério da Saúde. A falta de informação, o preconceito e até a vergonha levam muitos homens a deixarem de fazer consultas médicas e exames que poderiam detectar o câncer de próstata a tempo de curá-lo. 

Além de conscientizar toda a população, essa campanha reforça a cultura da prevenção e do diagnóstico precoce, realizado preferencialmente por um médico urologista. Este profissional é capaz de detectar infecções prostáticas através da consulta, bem como identificar alterações na glândula pelo exame físico (toque retal), que pode ser complementado com exames de sangue (PSA) ou de imagem. 

Existem formas de prevenir o aparecimento do câncer de próstata: assumindo atitudes como o controle do colesterol, diabetes e da pressão; evitando o consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo; mantendo uma dieta equilibrada e praticando atividades físicas. 

Portanto, homens, fiquem atentos às mudanças do seu corpo: alterações no jato urinário, presença de dor ou ardência ao urinar e secreções ou mudança no aspecto da urina, que podem indicar ocorrência da doença. Nesse caso, o quanto antes, procure ajuda médica. 

O Ministério da Saúde enfatiza que “a principal estratégia é o diagnóstico precoce, que tem por objetivo identificar o câncer de próstata no início, a partir de sinais e sintomas. Homens que desejam realizar exames de rotina devem ser orientados pelo profissional de saúde sobre os riscos e possíveis benefícios. A decisão deve ser compartilhada.” 

O diagnóstico precoce aumenta as chances de cura. Livre-se do preconceito e do câncer de próstata! 

 

Dra. Sula Marie - Médica do Trabalho e colaboradora da Fundação João Paulo II/Canção Nova.


 

Sabará Hospital Infantil promove Novembrinho Azul e aborda a conscientização sobre a saúde masculina infantil

Adolescentes entre 12 e 18 anos frequentam 18 vezes menos um médico do que as meninas na mesma faixa etária

 

Acaba de ser sancionada a Lei 14.694, que institui a campanha Novembrinho Azul, que tem por objetivo promover ações direcionadas à proteção e à promoção da saúde de meninos com até 15 anos de idade. 

Um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) com dados do Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde mostra que, em 2021, foram registrados 10.673 atendimentos de adolescentes com a faixa etária entre 12 e 18 anos por urologista. Esse índice é cerca de 18 vezes menor que as meninas com a mesma idade.

De acordo com a Cirurgiã Urologista Pediátrica e Coordenadora do Departamento de Cirurgia Pediátrica do Sabará Hospital Infantil, Dra. Fernanda Ghilardi Leão, algumas doenças que envolvem a parte reprodutiva masculina podem ser tratadas na infância ou na adolescência.

“As doenças urológicas nas crianças não se resumem a problemas no trato urinário. Qualquer alteração apresentada nessa faixa etária, ou durante a puberdade, quando diagnosticadas de forma preventiva e tratadas corretamente podem reduzir as chances de o homem adulto ter graves problemas de saúde no futuro, como por exemplo, as infecções recorrentes, risco de câncer testicular e infertilidade”, explica a Dra. Fernanda.

A especialista afirma que entre as principais doenças urológicas, três podem ser destacadas como as mais comuns. São elas: fimose, testículos fora da bolsa e varicocele.


Fimose

Segundo algumas estimativas, cerca de 97% dos meninos nascem com fimose. A fimose ocorre quando ao se puxar a pele do prepúcio não é possível expor a cabeça do pênis, sendo dividido em duas formas: a fisiológica e a patológica que pode desencadear a dificuldade de higienização, gerando infecções locais e infecções urinárias.

“A cirurgia é recomendada nos primeiros anos de idade e isso vai beneficiar a qualidade de saúde da criança como, por exemplo, diminuição do risco de doenças sexualmente transmissíveis no futuro, redução de infecção urinária e outras inflamações”, afirma Dra. Fernanda.


Testículos fora da bolsa

A criptorquidia ou testículos fora da bolsa (ou não descidos) pode surgir em 45% dos meninos nascidos prematuramente e acontece quando os testículos - que normalmente são formados no interior do abdômen, descem até o escroto durante o crescimento intrauterino e não chegam ao local correto. 

“A cirurgia para reposicionamento dos testículos é indicada para as crianças entre seis e 12 meses de idade. Esse procedimento cirúrgico reduz, entre outras coisas, futuras complicações como hérnias e torções testiculares e câncer de testículos”, explica a especialista.


Varicocele

A varicocele é considerada uma das principais causas de infertilidade masculina e tem uma incidência de 15% dos homens, surgindo na maioria das vezes, entre 12 e 13 anos.

A varicocele é uma dilatação das veias que drenam o sangue testicular devido à incompetência das válvulas venosas, associada ao refluxo venoso.

“A cirurgia é indicada quando há algum tipo de alteração no tamanho do testículo ou o adolescente sentir dores no local. Após um exame mais detalhado, pode se identificar a necessidade, ou não, de uma intervenção cirúrgica”, diz a urologista.

Todas essas três doenças podem ser identificadas por meio de alteração de tamanho na região, inchaço, dores, incômodo e vermelhidão. A especialista afirma que, os responsáveis devem sempre estar atentos e que a conversa é ideal para diagnóstico rápido e eficaz.

“É muito difícil para os meninos falarem sobre dores ou incômodos nessa região para os pais. Por isso, ter um diálogo aberto é sempre o melhor caminho para que haja uma prevenção de doenças mais sérias no futuro”, conclui Dra. Fernanda.


Zumbido, um problema que atordoa 14% da população mundial

 Comunidade médica do país se mobiliza neste mês de novembro para alertar o público sobre as causas associadas ao distúrbio que, além de comprometer a audição, pode ser indicativo de doenças mais graves 

 

Levantamento publicado em 2022 pela revista científica JAMA Neurology aponta que o chamado “zumbido de ouvido” (também chamado de tinnitus ou acúfenos) está presente na vida de aproximadamente 740 milhões de pessoas pelo mundo. Ou seja, 14% da população mundial adulta sofre com esse problema.

No Brasil, são cerca de 28 milhões que fazem parte dessa atordoante estatística, conforme dados da Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde. Uma questão, portanto, que desafia toda a sociedade mundial e, claro, merece a nossa atenção.

É por essa razão, a propósito, que, anualmente, a comunidade médica se mobiliza em torno da campanha “Novembro Laranja”. O objetivo é justamente conscientizar a população sobre a realidade preocupante do aumento de problemas do ouvido em todas as idades e motivar mais profissionais da saúde a abraçarem as causas relativas ao zumbido.

"Não se trata propriamente de uma doença, mas de um sintoma que pode ser provocado por inúmeros problemas clínicos, otológicos ou neurológicos. Por isso, o zumbido sempre deve ser investigado. Quando o indivíduo começa a apresentar esse tipo de sintoma, deve procurar um médico para avaliação", alerta o Dr. José Ricardo Gurgel Testa, otorrinolaringologista do Hospital Paulista - referência em saúde de ouvido, nariz e garganta.

De acordo com o médico, algumas condições que levam ao zumbido podem ter origem no próprio sistema auditivo ou em outros sistemas que afetam o ouvido de forma indireta. A perda da audição é a mais comum e pode ser decorrente da deterioração das células sensoriais do ouvido, problemas que alteram a condução do som, exposição a ruídos intensos ou mesmo à presença de excessiva de cerume nos canais auditivos.

Outras causas associadas são possíveis alterações dos ossículos da audição; doença de Ménière (que causa zumbido, vertigem e perda de audição); e neurinoma do acústico (tumor raro que acomete o nervo auditivo), dentre outros distúrbios relacionados à articulação têmporo-mandibular, metabolismo, sistema cardiovascular e, até mesmo, a quadros de depressão e hábitos de consumo pouco saudáveis.



Diagnóstico e tratamentos

O diagnóstico, segundo o especialista, depende da avaliação do tipo de zumbido (ou seja, qual a emissão sonora que é captada); quando surge; o tempo que dura; além dos sintomas associados, que eventualmente podem incluir tontura, desequilíbrio ou palpitações, por exemplo.

Um dos exames mais recomendados é a acufenometria, que consiste na emissão de sons com determinadas frequências até o paciente identificar um som semelhante ao zumbido que o incomoda. O procedimento é realizado a partir da avaliação de um fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista, com o audiômetro – equipamento utilizado para a obtenção dos limiares auditivos.

Esse trabalho de investigação, ainda segundo o médico, também inclui a observação interna dos ouvidos, mandíbula e vasos sanguíneos da região, além de exames de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética, que podem identificar de forma mais precisa alterações cerebrais ou na estrutura dos ouvidos.

"Para tratar o zumbido, é necessário conhecer a sua causa. Algumas vezes, o tratamento é simples, podendo incluir a remoção de cera pelo médico otorrinolaringologista, o uso de antibióticos para tratar a infeção ou uma cirurgia para corrigir defeitos no ouvido, por exemplo”, afirma.

Entretanto, em alguns casos, conforme o Dr. Testa, o tratamento é demorado e mais complicado, podendo necessitar de um conjunto de terapias que podem ajudar a aliviar os sintomas ou a diminuir a percepção do zumbido. “Por isso, é importante que as pessoas tenham consciência sobre o tema e investiguem as causas”, finaliza.



Hospital Paulista de Otorrinolaringologia


Como ajudar no desenvolvimento de crianças com T21, a "Síndrome de Down"

Especialista dá orientações para pais e familiares de crianças com comprometimentos no desenvolvimento e deficiência  

 

A T21 (Trissomia do Cromossomo 21), nomenclatura que vem sendo cada vez mais utilizada para a então chamada “Síndrome de Down”, é uma condição genética que acontece no momento da concepção. Ela é causada pela presença de três cromossomos 21 em todas ou em grande parte das células, e os indivíduos que a possuem têm traços físicos comuns e deficiência intelectual, porém com personalidades e habilidades únicas. 

De acordo com o Centro Síndrome de Down (CESD), estima-se que no Brasil haja cerca de 300 mil pessoas com T21 e em todos os casos, é importante que recebam os estímulos adequados desde cedo para que possam desenvolver habilidades pessoais, conquistar autonomia e independência. Mas como ajudar nesse desenvolvimento?

Segundo Patrícia Stankowich, psicanalista, psicóloga e especialista na clínica de crianças com comprometimentos no desenvolvimento e deficiência, pais e familiares que são estimuladores e acreditam na capacidade dos filhos fazem toda a diferença nos processos de crescimento e aprendizagem das crianças com T21. “O estímulo deve começar em casa, continuar na escola e em todos os lugares de convivência. É importante que os indivíduos saibam se virar com as situações do dia a dia, trabalhar e até mesmo morar sozinhos, ainda que com apoio externo”, avalia. 

A especialista afirma que é importante começar o processo de estímulo o quanto antes. Ou seja, pais e familiares de crianças com T21 devem promover o acesso às terapias desde o nascimento, provendo as intervenções precoces facilitadas por uma equipe multiprofissional com especialistas em terapia ocupacional, fisioterapia e fonoaudiologia, os quais irão promover experiências sensório-motoras que vão intervir na maturação da criança. “São condições necessárias para conseguir uma reação dinâmica com o meio em que vive, favorecendo o desenvolvimento e a aquisição de habilidades, promovendo funcionalidade e independência, dando escolhas a essas crianças no seu percurso de desenvolvimento para mais autonomia e melhor qualidade de vida”, explica. 

Também é importante levar a criança a ambientes com brinquedos, atividades e interações que ajudem no desenvolvimento motor, cognitivo e emocional, assim como incentivar a realização de práticas esportivas e a participação em jogos estimulantes para favorecer e promover experiências com outras crianças, possibilitando a construção de vínculos afetivos”, sugere Patrícia.

A psicóloga e psicanalista orienta que seja escolhida uma escola que tenha uma estrutura que ofereça não só estratégias pedagógicas adaptativas e inclusivas, mas que promova o acolhimento e o respeito à diversidade. “É importante entender que as crianças com T21 podem precisar de mais tempo para aprender, mas têm grande potencial de desenvolvimento. A disponibilidade da família, com empatia e amor, deve respeitar o tempo e os limites da criança”, diz.

Para Patrícia, outra questão essencial é incentivar a independência desde cedo. “Estimule a criança a realizar algumas atividades diárias sozinha, como se vestir e comer. Lembre de traçar metas realistas. Cada caso é um caso, por isso cada pequena conquista deve ser celebrada, sem a necessidade de comparações”, aponta.

A especialista enfatiza, por fim, que é crucial contar com profissionais de uma equipe multiprofissional, tais como terapeutas, educadores, grupos de ajuda e outros pais de crianças com a síndrome, no processo de desenvolvimento da criança. No entanto, vale frisar sobre a importância do psicólogo. “A participação deste profissional é extremamente necessária, antes mesmo de a criança ser capaz de participar de uma sessão de psicologia, uma vez que o acolhimento e orientação aos pais é fundamental na construção de uma harmonia familiar que facilitará todo o processo de desenvolvimento e autonomia da criança”, conclui.   


Patrícia Stankowich - Psicanalista, graduada em Filosofia pela UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e também em Psicologia. Pós Graduada em Psicologia Jurídica e Mestre em Psicologia da Saúde. Facilitadora em Capacitações nas áreas da Saúde e Educação, com ênfase nas temáticas sobre Infância, Adolescência e Inclusão. Pesquisadora na área da Psicologia da Saúde. Realiza atendimento clínico a adultos. Especialista na clínica de crianças com comprometimentos no desenvolvimento e deficiência. Palestrante. Escritora. Autora do livro “Como pimenta mastigada”; coautora dos livros “O aprendiz de psicanálise” e “Sexuação & Identidade”, além de livros de poesia. Autora do Projeto +Inclusão. Colunista na rádio CBN Maceió com Podcast nas plataformas do Spotify e Deezer e YouTube. Malabarista de palavras, circense de nascença, apaixonada pela arte, leitura e pela mente humana. Para saber mais acesse o instagram.



Novembro azul: Câncer de próstata é silencioso e exames de rotina são fundamentais

Oncologista fala sobre a doença, que atinge centenas de milhares de homens em todo o mundo 

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), o câncer de próstata é o tipo de câncer mais frequente em homens no Brasil, depois do câncer de pele. A doença, que a hereditariedade como um dos principais fatores de risco, não apresenta sintomas na fase inicial e, muitos homens, por medo ou desconhecimento, deixam de fazer os exames de rotina.

O médico Fernando Zamprogno, oncologista na Kora Saúde, explica que quando os sintomas desse tipo de câncer começam a aparecer, geralmente é um sinal de doença avançada e de cura mais difícil. Por isso, campanhas como o Novembro Azul, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância dos exames de rastreio, são tão importantes.

O especialista tira as principais dúvidas sobre o tema:


O que é o câncer de próstata?

Câncer de próstata é uma neoplasia, ou seja, um tecido novo formado dentro da próstata. E ele tem uma característica que o distingue das lesões benignas, que é um crescimento desordenado e a capacidade de invadir outros pontos (órgãos e tecidos) ao redor da próstata. Essa é a característica primordial de todo câncer: a proliferação celular e a capacidade de invadir os tecidos vizinhos.


Quais os fatores de risco?

Como fator de risco, há questões genéticas, hoje cerca de 20% dos casos de câncer de próstata têm uma correlação hereditária. Além disso, a raça negra tem mais câncer de próstata do que a branca.

Por fim, o próprio processo de envelhecimento do homem. Quanto mais velho, maior o risco. Por uma questão de falha natural do processo de renovação celular. Se pegarmos uma amostra de 1000 homens de menos de 50 anos, por exemplo, será raro encontrar um caso de câncer de próstata. Se fizermos esse mesmo recorte com homens de 80 anos, vai ser bem comum.


Quais são os sintomas e em que estágio aparecem?

O Câncer de próstata não dá sintoma na parte mais curável, por isso é importante fazer o programa de rastreio de câncer de próstata com toque retal e PSA. Isso porque a maioria dos homens não terá sintoma nenhum no momento em que a doença tiver mais chances de cura.

Se esperar sintomas aparecerem, a chance de cura já cai bastante. Aí, os sintomas são: dor local, dificuldade de urinar, às vezes sangramento. Mas, sempre importante lembrar, os sintomas de câncer de próstata são sintomas tardios.


Quais as opções de exames diagnósticos?

A partir dos 45 ou 50 anos, de acordo com o risco familiar, é necessário começar a fazer PSA e toque retal todos os anos.

E o tratamento, como é feito?

Para o câncer de próstata curável, o tratamento é cirúrgico, a retirada da próstata. Como tratamento para aqueles pacientes que, por algum motivo, tenham risco cirúrgico alto, a radioterapia com bloqueio de hormônio é a escolha convencional. Todos os outros tratamentos que costumamos ouvir, são ainda tratamentos alternativos, que precisam de dados clínicos mais robustos, então não podemos classificar como tratamento de escolha.

Existem pessoas também que diagnosticam câncer de próstata de baixa agressividade e que não precisam de tratamento. Existem homens que convivem com o câncer de próstata longamente sem que ele apresente nenhum problema, pela natureza de baixa agressividade dessa lesão.


Qual a importância da prevenção e da conscientização?

Isso tem a ver com a chance de cura. Se chego em um problema quando ele está pequeno, eu resolvo mais fácil. Nesse exato momento, centena de milhares de homens no mundo tem o câncer de próstata dentro deles e não sabem disso. E a única forma de saber, é procurar esse câncer. Então, é preciso rastrear e, caso o rastreamento dê alguma alteração, é indicada a biópsia. Parte dessa biópsia vai apresentar algum problema, parte demonstrar que é benigno.

O rastreamento é como uma peneira. Eu vou passar uma peneira na população de interesse e aqueles que “agarrarem” nessa peneira, investigo mais de perto. E o objetivo é a detecção precoce para aumentar as chances de cura.

 

Luto: dicas para superar a perda de um pet

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A morte de um animal de estimação pode ser a primeira experiência das crianças com o luto: especialistas ensinam como lidar com esse vazio

 

Os brasileiros não lidam bem com a morte e a maioria tem dificuldades para falar sobre o assunto. Um estudo realizado pelo Studio Ideias revela que o tema é tabu para 73% das pessoas e 82,4% acham que não existe nada mais sofrido do que perder alguém. 

E não é só a morte de pessoas queridas que deixa um vazio. Perder um pet é igualmente doloroso. Nessa hora, tutores precisam de atenção, em especial as crianças, já que a morte de um animal de estimação pode ser a primeira experiência delas com o luto. 

A psicopedagoga Daniela Jungles, professora de Psicologia e supervisora da clínica-escola do UniCuritiba – instituição que faz parte da Ânima Educação, um dos maiores ecossistemas de ensino superior do país – explica que o fato de considerar os animais de estimação como membros da família aumenta o vínculo emocional. 

“Para algumas pessoas a _perda de um animal de estimação pode ser comparável ao luto pela perda de um ente querido humano em termos de intensidade emocional_. No caso das crianças, pode ser uma experiência bastante significativa”, diz a mestre em Ciências da Educação pela Université de Sherbrooke, no Canadá. 

A intensidade das emoções é uma das semelhanças no processo de luto entre a perda de um familiar ou amigo e a de um animal de estimação. O processo de luto requer adaptação para viver sem o pet. “Isso pode levar tempo e incluir estágios como negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. A experiência de luto pela perde de um animal de estimação é única, influenciada por fatores como o relacionamento com o animal, a cultura, a personalidade e a experiência de vida.” 

Segundo a psicóloga, é importante reconhecer as emoções das pessoas enlutadas e oferecer apoio. No caso das crianças, a maneira como lidam com a perda varia de acordo com idade e personalidade. “Se a criança tiver dificuldades graves para viver esse luto ou demonstrar sinais de depressão ou ansiedade significativos é preciso buscar ajuda de um profissional de saúde mental.”

 

Luto não tem certo ou errado

Cada pessoa vive o luto de maneira única, não há certo ou errado. O fato é que superar a falta de um animal de estimação pode ser desafiador. Não reprimir as emoções é o primeiro passo. Conversar sobre o assunto com amigos e familiares também é reconfortante. “Encontrar pessoas que compreendam e apoiem esse luto ajuda a aliviar a dor”, ensina Daniela. 

De acordo com a psicóloga, outras estratégias ajudam a superar esse momento, como fazer um memorial em homenagem ao pet, cuidar do bem-estar físico e emocional (boa alimentação, exercícios físicos e descanso), respeitar o tempo necessário para lidar com a perda e, se preciso, buscar suporte profissional. 

“Participar de trabalhos voluntários em abrigos de animais ou fazer doações podem ser formas de honrar a memória do pet. A possibilidade de adotar outro animal de estimação também deve ser considerada quando a pessoa estiver emocionalmente preparada. Um novo animal de estimação não vai substituir o pet anterior, mas ajuda a preencher o vazio”, explica a professora do UniCuritiba.

 

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O papel do médico veterinário

Se os pets já são membros da família, comunicar a morte aos tutores não é fácil. A forma como os médicos veterinários fazem isso pode tornar o luto mais ou menos doloroso. 

Professora do curso de Medicina Veterinária do UniCuritiba, Ana Elisa Arruda Rocha diz que cada médico veterinário tem uma abordagem própria, mas algumas condutas são adotadas de maneira parecida por boa parte dos profissionais. “A abordagem inicial com o tutor deve ser feita presencialmente e em um ambiente reservado. A recomendação é evitar ao máximo dar essa notícia por telefone.” 

Antes de comunicar o óbito, é importante também certificar-se de que o tutor sabia sobre a gravidade do caso. “Podemos repassar o histórico do animal com o tutor deixando que ele participe da narrativa e tenha seus sentimentos e emoções cuidadosamente observados e acolhidos”, explica. Além da comunicação da morte, o profissional pode auxiliar os tutores na tomada de decisões sobre enterro ou cremação.

 

Preparo psicológico

Os médicos veterinários devem se preparar psicologicamente e emocionalmente antes de comunicar o óbito ao tutor. Treinamentos sobre saúde mental e aconselhamento aprimoram as habilidades para oferecer apoio emocional eficaz. 

Segundo a professora do UniCuritiba, a melhor forma é ser transparente, passar as informações com gentileza, ouvir o tutor com atenção e validar os sentimentos que surgem. “Eu também me coloco em uma posição vulnerável para que vivamos o luto juntos. Muitas vezes cuido de pacientes durante 15, 20 anos e me conecto aos seus familiares. É uma dor compartilhada. Juntos, pensamos em opções de homenagens e compartilhamos memórias que nos fazem rir e chorar. Essa amizade com os familiares permanece para sempre”, conta.

 

Sem mentiras ou invenções

Nas comunicações às crianças, o ideal é que o médico veterinário tenha o consentimento dos pais para contar a verdade e permitir que elas se despeçam do animal, sempre dando suporte com palavras positivas e expressando o quanto elas foram importantes para o animal também. 

Ana Elisa é _contra inventar desculpas_ de que o animal fugiu, por exemplo. “As crianças podem aprender desde cedo que a morte é parte do processo da vida e encarar isso com mais naturalidade. Encorajo a expressão de sentimentos, seja por meio de palavras, desenhos, cartinhas ou outras formas criativas. Os rituais de despedida ajudam a lidar com as emoções.” 

Assim como a psicóloga Daniela Jungles, a médica veterinária Ana Elisa recomenda que as crianças sejam acompanhadas de perto no processo de luto, pois podem manifestar sua tristeza em forma de birra, choros excessivos, ansiedade ou irritabilidade. “O luto tem dias mais fáceis e outros mais difíceis, tanto para adultos quanto para crianças. As famílias precisam estar atentas para que todos sejam acolhidos. Essa fase vai passar e as memórias compartilhadas continuarão sempre valendo a pena”, afirma Ana Elisa. 

Para ajudar nesse processo, a psicopedagoga Daniela Jungles dá algumas dicas.

1) Seja honesto e compassivo: use palavras apropriadas à idade e explique de forma gentil o que aconteceu. Mostre empatia e compaixão, validando os sentimentos da criança. 

2) Incentive a expressão de sentimentos: encoraje a criança a expressão o que estiver sentindo: tristeza, raiva, confusão ou medo. Mostre que esse sentimento é normal. 

3) Faça uma cerimônia de despedida: dê à criança a oportunidade de se despedir, fazendo um enterro simbólico no jardim, por exemplo. 

4) Ofereça informações sobre a morte: dependendo da idade da criança, explique o ciclo natural da vida e da morte. Responda às perguntas da criança com sinceridade, sem recorrer a respostas evasivas. 

5) Mantenha a rotina: após a perda do animal de estimação é importante manter a rotina da criança o mais consistente possível. Isso oferece segurança e previsibilidade durante um período emocionalmente desafiador. 

6) Ofereça apoio emocional: esteja disponível para a criança e ouça atentamente o que ela tem a dizer. Esteja presente para consolá-la quando for preciso. Mostre empatia e paciência. 

7) Lembre-se das memórias positivas: incentive a criança a compartilhar histórias e memórias positivas sobre o animal de estimação. Isso ajuda a preservar o legado do animal e a celebrar a alegria que ele trouxe para a vida da criança. 

8) Respeite o tempo de luto: o luto é um processo individual e pode variar em duração para cada pessoa. Respeite o tempo da criança para lidar com a perda e esteja disponível para apoiá-la.


 UniCuritiba

 

Dia de Finados: como ensinar as crianças a lidar com a saudade?

Unsplash - Senjuti Kundu

No Dia de Finados, um dos sentimentos mais presentes é a saudade de quem já partiu. Saudade é uma palavra que curiosamente só existe na Língua Portuguesa, embora esse sentimento, obviamente, não seja exclusivo dos que falam esta língua. No dicionário, ela é definida como um “sentimento melancólico devido ao afastamento de uma pessoa, uma coisa, um lugar ou à ausência de experiências prazerosas já vividas”. Mas, na prática, a saudade pode ser um transporte sentimental que nos leva diretamente a uma pessoa, um lugar, uma situação, uma sensação e, até mesmo, a si próprio: sentir saudade de quem se era.  

Para ensinar as crianças a lidar com a saudade, vale lembrá-los que o tempo é incontrolável e que as pessoas que amamos deixam marcas inesquecíveis, mas é importante observar que, para a psicologia, a saudade não precisa ser necessariamente um sentimento ruim. Pode querer dizer apenas respeito à contemplação de boas lembranças, emoções que se associam a este sentimento.

Do ponto de vista filosófico, a saudade pode ser considerada a presença incessante da ausência, ou seja, um vazio - que é diferente do nada - e que insiste em ativar pensamentos e nos levar a estados emocionais profundos. Com isso, é importante reconhecer que quando sentimos saudades de pessoas que já se foram, nossos corpos produzem certas substâncias químicas, como hormônios e neurotransmissores, que causam sensações físicas que podem mudar de pessoa para pessoa. 

Entendendo como a saudade ocorre, fica mais simples compreender o motivo pelo qual, no período imediato após uma separação, ela pode causar sintomas físicos parecidos com os da abstinência de drogas. Irritação, dificuldade para dormir, aumento de cortisol (hormônio do estresse) e um mal-estar generalizado, mesmo que em menor intensidade. Ou seja, devemos ouvir e acolher genuinamente todas dores e emoções que os pequenos expressam quando dizem que estão com saudades de uma avó, um tio ou alguém próximo que já faleceu. 

A saudade abarca um conjunto de sensações e emoções que remetem desde o passado até as sensações do presente. Uma essência que Manuel Melo, escritor português, descreve como “bem que se padece e mal que se desfruta”. Pode parecer óbvio, mas o melhor remédio para esse sentimento é distrair as crianças - a nós mesmos, ou seja, sair da inércia e buscar outras atividades que proporcionem bem-estar, coisas que façam acelerar a percepção de passagem do tempo. 

Falar sobre a saudade também é fundamental, principalmente com crianças e adolescentes, quando esse sentimento se desperta pelas primeiras vezes, mas, claro, se o incômodo for muito grande, é recomendável buscar ajuda de um profissional de psicologia. Mas, de um modo geral, a recomendação é conversar sobre o que aconteceu e ajudar as crianças a compreender o falecimento e a lidar com a situação de maneira resiliente. Uma conversa sincera e carinhosa, adequada à idade de cada criança, tende a ser o melhor caminho para que a situação seja compreendida e vivida. 

Usar termos como “tal pessoa agora é uma estrelinha” pode ser uma boa estratégia para introduzir a triste notícia, mas dizer “viajou e vai demorar para voltar” ou “foi morar longe” às vezes pode não ser a melhor estratégia, pois com o tempo a criança pode descobrir que a história não é bem assim e isso pode abalar sua confiança nos pais.  

Em resumo, a melhor maneira de fazer com que uma criança aprenda a lidar com a saudade é estimular que fale e expresse o que está sentindo. Isso é importante para que saiba que pode compartilhar sempre suas emoções, que não está sozinha nesse momento difícil e que tudo bem ficar triste ou ter vontade de chorar quando um ente querido deixa de nos brindar com a sua presença. Acolher os sentimentos e dar carinho facilita a que passem por essa situação com mais leveza e naturalidade.


Helen Mavichian - psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes


No Dia de Finados é importante mostrar que morte é parte natural da vida

Psicólogo afirma que família desempenha papel essencial no acolhimento dos sentimentos de crianças e adolescentes 

 

O mês de novembro conta com uma data importante: o Dia de Finados, quando boa parte das pessoas recordam e prestam homenagens aos entes queridos que não estão mais aqui. Trata-se de uma data importante também para se refletir a respeito da morte e dos sentimentos que ela gera, especialmente para crianças e adolescentes, que muitas vezes ainda não sabem definir bem o que sentem. 

Segundo Danilo Suassuna, idealizador do Instituto Suassuna, que organiza e realiza congressos, seminários, workshops e extensões voltadas aos profissionais da psicologia, abordar a questão da morte com crianças e adolescentes é um desafio importante, e uma perspectiva humanista-existencialista e fenomenológica pode oferecer uma abordagem valiosa para compreender e auxiliar esse processo. “Essa perspectiva enfatiza a importância de reconhecer a finitude da vida humana. É explicar às crianças e adolescentes que a morte é uma parte natural e que todos os seres vivos eventualmente morrem”, explica. 

O psicólogo sugere que se façam perguntas abertas aos mais jovens para que eles possam expressar seus sentimentos, pensamentos e preocupações sobre o assunto. Ouça atentamente suas experiências individuais e seja honesto ao responder às perguntas. Evite dar respostas simplistas ou enganosas, pois isso pode criar confusão ou medo”, orienta. 

De acordo com Suassuna, a família desempenha um papel crucial no acolhimento dos sentimentos das crianças e adolescentes, por isso é importante que ela os ajude a entender que a morte faz parte do ciclo da vida. “Encoraje a comunicação aberta e o apoio mútuo dentro da família durante o processo de luto. E para familiares que têm entes queridos em situações críticas, como na UTI, explique que a morte não acontece de um dia para o outro, mas é um processo. Ajude as crianças e adolescentes a entenderem que a morte pode ser vista como uma transição”, ressalta.

Um ponto importante, segundo o especialista, é entender que mais do que simples ausência e vazio, o luto é um processo individual que deve ser vivenciado por cada pessoa a seu modo. “Incentive as crianças, adolescentes e adultos a respeitar seus próprios ritmos de luto e a buscar apoio quando necessário. E reconheça que a dor dos adultos pode às vezes ser projetada nas crianças, por isso é importante separar suas próprias emoções da experiência das crianças, permitindo que estas processem a morte de acordo com seu nível de compreensão e desenvolvimento emocional”, alerta.

Uma orientação importante, de acordo com Suassuna, é que os adultos sempre lembrem de ser sinceros e não contar mentiras ou criar ideias fantasiosas ao falar sobre a morte de alguém. “A verdade liberta. Embora possa ser difícil, a honestidade é essencial para que as crianças e adolescentes compreendam e processem a morte de maneira saudável. A mentira, por sua vez, pode causar confusão e dificultar o processo de luto. Ao compartilhar a verdade com empatia e apoio, você ajuda a construir confiança e a promover um ambiente onde as emoções possam ser expressas de forma genuína”, conclui. 



Danilo Suassuna- Doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2008), possui graduação em Psicologia pela mesma instituição. Autor do livro “Histórias da Gestalt-Terapia – Um Estudo Historiográfico”. Professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás e do Curso Lato-Sensu de Especialização em Gestalt-terapia do ITGT-GO. Coordenador do NEPEG Núcleo de estudos e pesquisa em gerontologia do ITGT. É membro do Conselho Editorial da Revista da Abordagem Gestáltica. Consultor Ad-hoc da revista Psicologia na Revista PUC-Minas (2011). Para mais informações acesse o instagram: @danilosuassuna.

 

Morte: o fim necessário para entender o que é vida

Escritora e defensora dos direitos humanos, Barbara Becker convida leitor a encontrar nas perdas o cerne da própria existência em novo livro publicado pela Latitude 

 

A escritora e defensora dos direitos humanos Barbara Becker presenciou inúmeras perdas desde a juventude: avós, pai, mãe, tia, colegas de trabalho, animais de estimação e vizinhos. Foi a partir do diagnóstico terminal de sua melhor amiga de infância, Marisa, que Becker buscou o significado do que é ser mortal e qual o sentido de viver sabendo que a morte é o fim. Esta dúvida enraizada na autora deu origem à obra Morte: a essência da vida – Como encontrar nas perdas o cerne de nossa existência, publicada no Brasil pelo Selo Latitude da VR Editora.

Cada um dos 22 capítulos que compõem o livro é dedicado a detalhar uma experiência de luto e como Barbara encontrou nestas perdas a essência do próprio existir. Ela utiliza a palavra ‘cerne’, núcleo central que sustenta uma árvore, ao explicar que a morte é essencial para que a vida aconteça. “Na ecologia perfeita de uma árvore, a morte é o coração da vida, e a vida nutre a essência duradoura da morte. Assim é conosco: a vida e a morte não podem existir separadas”, explica a autora.

[...] todos esses grandes amores da minha vida se foram. Sinto saudades de cada uma delas. Às vezes, ainda acordo chorando. Aprendi que essa dor é parte da minha jornada. No entanto, há algo mais, uma essência alentadora que permanece depois de cada morte, de cada partida. Todas essas pessoas - meus avós, meus pais, Marisa e outras - se tornaram parte do meu cerne.
(Morte: a essência da vida, p.12)

Com um olhar atento para o que faz a existência valer a pena, Becker compartilha histórias pessoais em que a vida e morte se cruzam de formas inesperadas: um dos exemplos é quando o pai ficou viúvo e conheceu a mãe da autora, dando origem a sua própria existência. Durante as 184 páginas, lições de cada perda são relembradas e como foram capazes de mudar a visão sobre mortalidade da escritora, além da forma como vive.

Morte: a essência da vida é um guia repleto de mensagens reconfortantes em que Barbara Becker conta sobre o poder de se abrir à morte para aprender sobre o que é vida. Segundo ela, só assim será possível mergulhar na sensação de liberdade, única maneira de viver sem arrependimentos.

 

Divulgação
 VR Editora - Latitude

Ficha técnica:

Autora: Barbara Becker 
Editora: Selo Latitude – VR Editora
Tradução: Lígia Azevedo 
Gênero: aperfeiçoamento pessoal: morte/luto 
ISBN: 978-65-89275-20-6 
Páginas: 184
Preço: R$ 49,90 
Link de compraAmazon e 
e-commerce VR Editora

 

Sobre a autora: Barbara Becker é escritora e dedicou mais de 25 anos em parcerias com defensores dos direitos humanos e no mundo todo em busca da paz. Trabalhou com a Organização das Nações Unidas, com a Human Rights First – uma organização internacional de direitos humanos sem fins lucrativos e apartidária com sede em Nova York, Washington e Los Angeles; e com a Ms. Foundation for Women – coletivo de mulheres nos Estados Unidos que promove a equidade e a justiça para todos. Acredita que por meio de suas narrativas pessoais, ela possa esclarecer questões complexas a respeito da vida. Ao passar por treinamentos com monges zen em cuidados paliativos e como voluntária no Hospital de Bellevue, em Nova York, ingressou na equipe de assistência espiritual da Cruz Vermelha americana. Barbara mora em Nova York com o marido e seus dois filhos.  

Site: https://barbarabecker.com/

 


Psicanalista explica o luto.

  

O psicólogo e professor de psicanálise Ronaldo Coelho, da capital paulista, fala sobre a importância psíquica do velório, as fases do luto e como explicar sobre a morte para crianças.

 

O velório

“O velório se constitui num momento de encontro entre as pessoas que mantinham relações significativas com a pessoa que faleceu, este momento é importante para a construção da ideia de que, apesar de a pessoa não mais estar entre os que a ama, sua memória permanecerá viva entre aqueles que ali estão. A presença das pessoas no velório cumpre a função de dizer para quem perdeu seu ente amado que elas não estão sozinhas e também que aquela vida não foi em vão”, explica. 

O psicanalista aponta, ainda, que cada pessoa pode lidar com o luto de uma forma diferente, mas que no geral existem fases pelas quais as pessoas passam: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação – estágios descritos pela psiquiatra suiço-americana Elisabeth Kübler-Ross. 

“Nem sempre é fácil aceitar uma perda e os motivos que implicam nesta dificuldade sempre são singulares, únicos para cada um. O processo de elaboração do luto é o caminho de entender esses motivos e cuidar deles. Na maioria das vezes fazemos isso sozinhos e com a ajuda do tempo, mas quando o luto se torna patológico, piorando ao longo do tempo em vez de melhorar, caminhando para uma depressão, por exemplo, é indicado um trabalho psicoterápico”, ressalta.
 

Explicando a morte para as crianças 

A perda de um familiar não afeta apenas adultos, mas também tem impacto com as crianças. Muitos pais não sabem como tratar desse assunto com os filhos pequenos e acabam inventando histórias, mas Ronaldo não aconselha esse caminho. 

“Com crianças a perda deve sempre ser tratada com uma linguagem que seja adequada às suas capacidades de compreensão a depender de sua idade. Não se deve mentir para ela e nem tentar esconder, o recomendado é, com auxílio de eufemismos e metáforas, comunicar que aquela pessoa não poderá mais estar fisicamente com ela e que este é um processo natural da vida. Em alguns casos as crianças já sabem o que houve. Por esse motivo, vale perguntar a elas se sabem o que aconteceu, o que imaginam e o que entendem. Essa é uma forma cuidadosa e interessante de começar a conversa a partir do campo de conhecimento e compreensão da criança”, finaliza o psicólogo.


Ronaldo Coelho - psicólogo, psicanalista e professor de psicanálise. É idealizador e professor do curso Análise do Discurso na Clínica Psicanalítica, que tem por objetivo formar psicólogos e psicanalistas para realizarem uma análise consistente de seus pacientes desde a primeira sessão. Atua como psicanalista em seu consultório particular e mantém o canal Conversa Psi no YouTube. Graduado em Psicologia (USP) e Mestre em Psicologia Institucional (USP). Foi professor de Psicologia Médica do curso de graduação de Medicina (UNIFESP) e preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde (UNIFESP). Trabalhou em hospitais como Hospital São Paulo e Hospital Universitário da USP, onde, além da assistência aos pacientes e familiares, realizava supervisão clínica de atendimentos psicológicos desenvolvidos por estudantes e psicólogos, orientação de pesquisas e aulas em Psicologia Hospitalar.



Quando a tristeza se torna um problema, psiquiatra explica


Nem toda tristeza é patológica. De acordo com a psiquiatra Dra. Naiayde Monte, especialista em Transtornos de Humor pela USP, a tristeza, na maior parte dos casos, é um sentimento humano natura, que acontece como resposta a determinados estímulos e contextos. “Quem nunca ficou triste por terminar um relacionamento, ser demitido ou perder um ente querido? Nessas e tantas outras situações cotidianas, é esperado que as pessoas se sintam tristes. Porém, é preciso atenção quando essa tristeza persiste e atrapalha o dia a dia”, alerta a psiquiatra. 

Para a médica, a tristeza ‘normal’ não costuma durar muito e de maneira geral não traz prejuízos para a pessoa, enquanto a tristeza patológica tende a durar pelo menos duas semanas, com impacto na realização das atividades e funções do indivíduo. “Muitas vezes, mesmo sem estímulo que justifique, a tristeza patológica pode vir”, explica a psiquiatra. 

Nesses casos, a tristeza pode ser um problema a ser resolvido, muito mais do que um sentimento passageiro. “Precisamos estar atentos se, associado a ela, existem outros sintomas, tais como choro fácil, desânimo e perda do prazer em realizar atividades que antes eram prazerosas”, fala Dra. Naiayde.

A médica afirma que ao reconhecer alguma dessas situações, é essencial procurar ajuda profissional. “Um médico psiquiatra ajuda a entender essa tristeza, diferenciar se ela é normal ou patológica e conduzir o tratamento mais adequado”, finaliza.
 

FONTE: Dra. Naiayde Monte - Especialista em Transtornos do Humor, membro do PROMAN (Programa de Transtorno Bipolar da USP) e da Comissão Científica da ABRATA. Fundadora, coordenadora e preceptora do Ambulatório de Transtorno Bipolar da residência médica em psiquiatria da Universidade de Santo Amaro (UNISA/SP).



Como o luto afeta o cérebro, neuropsicóloga explica

Processo de luto pode afetar funções cognitivas do cérebro
 

A neuropsicóloga Tammy Marchiori, com formação em neurociência por Harvard e especialização em Terapia Cognitiva pelo Beck Institute, explica como a neuropsicologia do luto compreende o processo de luto e como isso pode afetar o funcionamento cognitivo, emocional e neuropsicológico de quem passa por isso. “O luto é uma resposta natural à perda de alguém, mas pode afetar o cérebro e as funções cognitivas”, explica. 

Entre os aspectos mais envolvidos neste processo, a especialista enumera e chama atenção para os sinais que precisam ser avaliados. “A pessoa em luto pode sofrer lapsos de memória, dificuldade em se lembrar de detalhes ou eventos, não conseguir se concentrar, ter dificuldade para tomar decisões, planejar e organizar as tarefas da rotina”, avisa. 

Para Tammy, ainda é natural do processo que algumas emoções se misturem entre tristeza, raiva e até crises de ansiedade que podem durar semanas, mas vale ter atenção se alguns meses de passarem e a pessoa não reagir. “É importante levar em conta se os sinais de depressão começarem a aparecer depois de algumas semanas, para isso um teste neuropsicológico pode ajudar a identificar as áreas específicas em que o luto está afetando o indivíduo e, em seguida, desenvolver estratégias de intervenção e apoio para ajudar a pessoa a lidar com o processo de luto de maneira mais eficaz”, finaliza. 


Tammy Marchiori - Neuropsicóloga com aperfeiçoamento em neurociência em Harvard, especializada em Terapia Cognitiva pelo Beck Institute. Membro da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia e da American Psychological Association (APA)
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Finados e luto, psiquiatra explica o processo


No próximo dia 2 de novembro é lembrado o Dia de Finados. A médica psiquiatra Dra. Jéssica Martani, especialista em comportamento humano e saúde mental, explica como a morte desencadeia o processo de luto. Ela fala que o luto é uma resposta natural e emocional à perda de alguém ou algo significativo em nossas vidas. “Quando uma pessoa querida morre, é comum experimentar uma série de emoções intensas, como tristeza, choque, negação, raiva e até mesmo depressão”, afirma. 

Para a médica, a neurociência e a psicologia podem ajudar a entender as reações emocionais e cognitivas que ocorrem durante o luto. “A região do cérebro associada ao processamento emocional, como o córtex pré-frontal ventromedial e a amígdala, pode estar envolvida na experiência do luto. Essas áreas podem desencadear respostas emocionais intensas e memórias associadas ao falecido”, revela. 

Além disso, a psicologia desempenha um papel fundamental na compreensão do luto. “Existem diferentes teorias e modelos que explicam as fases e processos pelos quais as pessoas passam durante o luto, como o modelo de Kübler-Ross, que descreve as fases de negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. No entanto, é importante ressaltar que o luto é uma experiência individual e única para cada pessoa, e nem todos passam por todas as fases descritas”, fala Dra. Jéssica. 

Durante o luto, é comum que as pessoas busquem apoio na família e nos mais próximos para compartilhar histórias, memórias e emoções. Esse processo pode ajudar a criar um senso de comunidade e solidariedade entre os que estão passando pelo mesmo processo de luto. Além disso, Dra Jéssica ressalta que é importante permitir-se vivenciar as emoções e procurar apoio emocional de amigos, familiares ou profissionais de saúde mental, se necessário. 

“Em última análise, a morte pode ter um impacto significativo na vida, desencadeando um processo de luto complexo. Compreender as bases neurocientíficas e psicológicas do luto pode ajudar a normalizar essas experiências e fornecer suporte adequado para aqueles que estão enlutados”, finaliza a psiquiatra.

 

Dra. Jéssica Martani - Médica psiquiatra, observership em neurociências pela Universidade de Columbia em Nova Iorque – EUA, graduada pela Universidade Cidade de São Paulo com residência médica em psiquiatria pela Secretaria Municipal de São Paulo e pós graduação em psiquiatria pelo Instituto Superior de Medicina e em endocrinologia pela CEMBRAP.   CRM 163249/ RQE 86127


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