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terça-feira, 21 de agosto de 2018

Estágio pode facilitar acesso ao mercado de trabalho


Mais de 8,4 mil jovens estão na faculdade e podem usar programas de estágio para alcançar objetivo profissional


Visto de longe, o mercado de trabalho é um monstro prestes a devorar o trabalhador e torná-lo um instrumento para gerar lucro. Porém, o cotidiano de uma empresa é muito mais simplista e espontâneo do que se imagina. Para que os jovens profissionais tenham essa visão, existe uma porta de entrada muito eficaz: o estágio.

Como diz o art. 1º da lei nº 11.788, de 2008, o estágio é um “ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior”. Baseado nesse artigo, fica clara a importância desse período de experiência para os futuros trabalhadores testarem a área de interesse e defina o seu futuro.

É no estágio que o processo de criação dos grandes experts começa. A oportunidade é perfeita para conhecer o mecanismo interno das corporações e para que esses novatos tomem suas decisões sobre qual carreira seguir. “É fundamental participar de pelo menos um programa de estágio para que o aluno amadureça a ideia de trabalhar e compreenda técnicas, hierarquias e o valor da profissão”, comenta Astrid Vieira, consultora de carreira e diretora da Leaders HR Consultants. 

Astrid ainda alerta sobre a competitividade do mercado atual e aconselha aos futuros trabalhadores sobre o quanto é importante criar um bom relacionamento desde cedo. “O número de faculdades e de universitários no Brasil cresceu muito nos últimos dez anos. Como consequência, as boas vagas ficaram muito concorridas”, explica. Prova disso são os números do último Censo de Educação Superior, divulgado pelo MEC em outubro do ano passado. De acordo com o documento foram 8.408.701 alunos matriculados nos 34.366 cursos das 2.407 faculdades privadas e públicas em 2016. 

Diante desse contexto, a dica dos especialistas é tornar-se competitivo e ser notado pelos chefes. Tratar o estágio como um emprego real é uma ótima dica. 

“Portanto, funções como boa administração do tempo, flexibilidade com as demandas, socialização, foco no resultado apresentado, iniciativa e proatividade, respeito com os companheiros e interesse pelo desenvolvimento do produto são indispensáveis. Além disso, se espelhar em grandes nomes da área, pedir feedback e se preparar para situações inusitadas geram bons profissionais”, aconselha Astrid Vieira.

 

50+: a presença dos seniores na demografia organizacional

- “Você contrataria alguém com mais de 50 anos?” 

- “Claro que sim ... desde que a pessoa seja competente...”

É a resposta politicamente correta que se ouve em público e se lê nas publicações do mercado. Mas, de fato, nas organizações é essa a realidade?

A Organização Mundial da Saúde relata que a expectativa de vida no Brasil sobre para 75 anos. Com a discussão da extensão da idade mínima para se aposentar fica evidente que o discurso difere da prática. Já é senso comum que passar dos 40 anos representa menor chance de conseguir novas oportunidades de trabalho, mesmo nas organizações em que a pessoa trabalha há anos. Lembro-me do caso de um profissional de 50 anos que participou de longo processo seletivo para gerência e após meses teve como feedback que ele não fora aprovado por ser alto, ter voz grave e poderia intimidar as pessoas nas unidades. Detalhe: ele tem 1,78m de altura. Semanas mais tarde, ele soube por um líder que apesar de ser (bem) aprovado em todas as fases, a organização entendia (mas não explicitava, pois isso não se diz em público) que ele passou da idade para ser gerente. Foi aprovado o marido de uma das selecionadoras do processo. Alguém falou em “justiça” organizacional?

Soma-se ainda que um forte traço cultural brasileiro é a valorização da juventude. Na publicidade se busca o corpo de 20 anos e a mentalidade de jovem, ser “antenado”. Chamar alguém de velho pode ser ofensivo, como se significasse ultrapassado e não aderente ao que todo mundo pensa. Fora do Brasil, a publicidade está acompanhando essa mudança contratando pessoas mais velhas para produtos direcionados a essa população, no claro entendimento de que, além de um público consumidor, as empresas tem responsabilidade social.

O que fazer com o etarismo, ou seja, o preconceito às pessoas mais velhas em ambiente de trabalho?

Sabemos que a carreira é de responsabilidade do indivíduo, mas inegavelmente organizações sérias se preocupam em atraírem talentos, seja a idade que eles estiverem. Se o indivíduo precisa sempre se capacitar e reconhecer em si as competências cruciais e, principalmente, saber como e onde negociá-las; por outro lado, a organização e, em especial o RH, precisa ficar atento para traços culturais da organização de miopia para o conhecimento além das rugas e dos grisalhos.

Algumas críticas apontam que os seniores apresentam comportamentos enraizados difíceis de mudar como tendência a reclamar, dificuldade em aceitar novas tecnologias, resistência a lideranças mais novas etc. Mas isso também não acontece com gente mais jovem? E também não é o papel das lideranças e do RH desenvolver pessoas?

E o que dizer das contribuições dos 50+? Nem sempre com papel oficial, os seniores atuam em equipes muitas vezes como mentor e coach, ouvindo queixas e aconselhando gestores e colegas, outras vezes sendo para-raios antevendo e acalmando as pessoas de que nem todo vento é tempestade e de que nem todo novo gestor significa corte, entre outros comportamentos que costumam harmonizar ambientes, estabilizando as ansiedades mais comuns em jovens.

Se houvesse resposta fácil para gestão de pessoas, haveria softwares habilitados em descobrir tipos de diversidades compatíveis ou não entre si! Parece enredo típico de ficção científica e de consultoria de relações humanas. E já existem por aí, acreditem!

Frente a isso, cabe à gestão (eficiente e séria) da diversidade ir além das ações afirmativas, das respostas às pressões sociais e além da comunicação midiática para gerar imagem de inclusão e partir realmente para a prática e retorno à organização e aos funcionários. Reconhecer que competências podem (ou não) estarem em qualquer idade e o que importa é como a pessoa se comporta e contribui para a organização.

Práticas de gestão da diversidade alinhadas aos processos de Recursos Humanos como atenção às chamadas de recrutamento às vagas da organização, reconhecimento de vieses pessoais na interação com pessoas mais velhas, seja em entrevistas de seleção, na análise da vaga, na discussão com o gestor direto, no treinamento em sala, ou seja, em qualquer situação do dia a dia são fontes de reflexão para pessoas seriamente comprometidas com a riqueza que a diversidade, quando bem gerida, proporciona.

É para isso que a gestão da diversidade com pilares bem fundamentados trabalha!
O assunto também está em pauta no Comitê de Relações Humanas da AMPRO – Associação de Marketing Promocional. A importância da diversidade no mercado do Live Marketing foi, inclusive, assunto no último encontro entre profissionais promovido pelo Comitê, que aconteceu no final de julho, em São Paulo.

A presidente do Comitê, Dilma Campos, afirma que ter equipes diversas não é mais uma opção, é uma obrigação das empresas. Os clientes valorizam e até mesmo já solicitam a diversidade nas equipes de comunicação, por exemplo, porque sabem que é mais fácil entender o consumidor quando se partilham os mesmos valores, conhecimentos e mindset .





Victor Richarte Martinez - e-mail victor.richarte@gmail.com,  é PhD em Diversidade pela FEA USP, consultor, palestrante e pesquisador em diversidade nas organizações pela Cambio Consultoria e conselheiro do Comitê de Relações Humanas da AMPRO – Associação de Marketing Promocional


Aumento da frequência descaracteriza função das rádios comunitárias


Regulamentado desde 1998, o serviço de Radiodifusão Comunitária se caracteriza como ofício de membros de uma comunidade para a própria comunidade. Através da Lei n° 9.612, estabeleceram-se os deveres do Ministério das Comunicações para com essas emissoras, bem como as contrapartidas das entidades autorizadas para sua execução. Na legislação, ainda, destaca-se que a abrangência das Rádios Comunitárias fica restrita ao alcance de 25 watts de potência em Frequência Modulada, o suficiente para atingir seu objetivo em prol de sua comunidade.

Não apenas em  prol da comunidade como um todo, as rádios comunitárias prestam papel importante na formação do indivíduo e de sua atuação cidadã. Ainda, cumprem um papel importante nas comunidades onde atuam, divulgando o convívio social e eventos locais, além de noticiar os acontecimentos comunitários e que tenham utilidade para seu público, promovendo atividades educacionais e culturais para melhoria das condições de vida da população.

No mês de julho, no entanto, o Senado Federal aprovou um projeto de lei suplementar que descaracteriza as Rádios Comunitárias em seu principal aspecto: a abrangência. Ao expandir a frequência de forma deliberada, essas emissoras perdem sua função social e podem, ainda, serem vítimas de aproveitadores que, por se beneficiarem de maior atuação, poderão utilizá-las de forma ilegal, atuando comercialmente, utilizando-se dos privilégios concedidos às rádios comunitárias por méritos de sua fundamental atuação.

Ainda, desconsidera-se que as estações comunitárias precisam manter uma distância específica entre si para que suas transmissões não sejam prejudicadas. A avaliação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) sobre o tema, ratifica que aumentar essa distância reduzirá o número de rádios do segmento, causando um enorme prejuízo às comunidades, vilas e bairros para as quais prestam serviço.

As rádios comerciais que atuam hoje em amplitude modulada (AM) têm até o ano de 2020 para migrar à frequência modulada (FM). No entendimento do representante da Secretaria de Radiodifusão do MCTIC, Rodrigo Gebrim, o processo de migração das rádios, que já está em andamento, pode ser prejudicado pelo aumento da frequência das comunitárias, uma vez que a amplitude do alcance poderá inviabilizar outras concessões na mesma localidade. O aprimoramento da legislação que norteia a atuação das rádios comunitárias deve acontecer, mas de uma forma que valorize suas características fundamentais, sem prejudicar os demais veículos de radiodifusão.  

As Rádios Comunitárias têm suma importância para a sociedade brasileira. Sua existência tem como finalidade proporcionar informação, cultura, entretenimento e lazer para pequenas comunidades, valorizando aquilo que o bairro tem de melhor e buscando soluções para problemas pontuais de moradores. Retirar das emissoras a sua principal característica é um ato de desconhecimento da essência deste segmento radiofônico e um desrespeito à diversidade dos meios de comunicação.




Guliver Augusto Leão – presidente da FENAERT


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