Resíduos
têm se tornado um grande problema mundial, em especial, o resíduo
orgânico gerado diariamente em grande quantidade pelos municípios.
Queimá-los em condições inadequadas causam danos à saúde humana e ao meio
ambiente, devidos aos gases tóxicos, dentre eles o monóxido de carbono (CO) e o
NOx, arrastando fuligem (que carregam agentes carcinogênicos como dioxinas,
furanos e metais pesados).
Felizmente,
isso vem mudando. O processamento de resíduos sólidos via combustão, envolvendo
tecnologias modernas, é de baixo risco à saúde do ser humano e não é agressivo
ao meio ambiente. Trata-se de uma solução eficaz para dar uma destinação
correta ao lixo e ainda gerar energia limpa – resposta a um problema mundial
que está sendo encarado e resolvido. Em geral, ao redor do planeta, já se
observa uma forte tendência para adoção desse tipo de solução. Isso é possível
devido ao aprimoramento tecnológico dos sistemas de combustão e tratamento de
gases, cada vez mais eficientes. Ademais, geração de energia limpa, via
processamento de resíduo sólido, é uma atraente alternativa, economicamente
viável.
Existem várias instalações de combustão que são
proeminentes. Em diversos países, a
combustão com geração de energia elétrica já vem prevalecendo sobre a
destinação do lixo em aterros e reciclagem, alcançando índices bastante
significativos. A Dinamarca, por exemplo, incinera 90%; o Japão, 72%; Suíça,
59%; França, 42% e Alemanha 36% dos resíduos sólidos municipais, dentre outras
nações.
Em resumo,
a combustão de resíduos sólidos, se processada corretamente, de forma
controlada, resulta em menos emissões de poluentes, especificamente aqueles
oriundos diretamente da combustão. Não obstante, para uma queima adequada,
deve-se investir em tecnologias que promovem os três “t’s”da combustão: altas temperaturas
no reator; alto tempo de residência e bastante turbulência.
Mais ainda, para se resolver o problema do resíduo sólido, por completo, é
desejável se liquefazer os subprodutos sólidos desse processo: os óxidos e as
cinzas, obtendo-se uma matriz inerte, em troca de um subproduto muitas vezes
mais tóxico do que aquele processado. Deve-se também investir em melhorias no
tratamento dos gases, especialmente em filtros de última geração, de forma que
a operação não cause impacto ambiental negativo.
O objetivo
final é se eliminar os resíduos gerando energia com eficiência e de forma
limpa. A tecnologia VORAX avança nessa direção. A sua patente, a primeira
Patente Verde do Brasil, reconhecida em mais de 30 países, atesta um processo
envolvendo uma combustão a partir de uma pirólise que se dá a 15800C,
passa por uma gaseificação, e finaliza com uma combustão completa desses
produtos gasosos. O processo VORAX ocorre com tempo de residência superior a
três segundos e com a temperatura dos gases efluentes acima de 850 0C,
na saída do reator. O processo segue com um completo tratamento desses gases,
iniciando essa etapa com um choque térmico (quench) e lavagem, finalizando com um
sistema filtrante composto de cinco elementos, dentre eles a zeólita, para
contenção de produtos gasosos a base de amônia.
Os
subprodutos sólidos resultantes desse processo, por sua vez, saem do reator no
estado líquido e ao se solidificarem novamente formam uma matriz inerte e de
valor comercial. Isto porque os metais são reaproveitáveis e os orgânicos e
óxidos formam uma matriz cerâmica com propriedades próximas a da brita, podendo
ser utilizada como carga de concreto, asfalto etc.
Devido a
esses avanços tecnológicos, promovendo gases em condições adequadas para
aplicação em caldeiras, como temperatura elevada e bem controlada, com baixos
índices de poluentes de combustão, especialmente CO, NOX e fuligem,
a tecnologia VORAX é atraente para resolver um gargalo nacional: a construção
de usinas termoelétricas a partir de queima de biomassa ou Combustível
Derivado de Resíduo (CDR), ou mesmo CDP – Combustível Derivado de
Pneus, uma vez que no Brasil já se dominam as tecnologias de caldeira e de
turbinas a vapor. Ressalte-se aqui que usina importada (eficiente) é caríssima,
tornando inviável a sua implantação no país.
O domínio
dessa tecnologia, portanto, é fundamental e estratégico para o futuro próximo
dos municípios brasileiros: o de solucionar o problema do lixo de forma eficaz,
com a geração de energia limpa.
Neste
sentido, com apenas uma solução eficaz para dois problemas complexos, o reator
Vorax deve romper paradigmas, convertendo lixo em energia limpa para o Brasil,
quem sabe para o mundo, tendo em vista suas vantagens competitivas.
Alberto Carlos Pereira Filho - inventor da patente do processo VORAX,
reconhecida em mais de 30 países. Engenheiro aeronáutico, com mestrado em
Tecnologia de Plasma, pelo ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Membro
titular da Academia Nacional de Engenharia – ANE, possui em seu currículo mais
de 12 patentes, nas áreas de turbinas a gás e Tecnologia de Plasma Transiente -
algumas internacionais. Coordenou e projetou, com sua equipe, o turborreator
TJ1000, propulsor do míssil AVTM300, da Avibras.