Projeto com o
pirarucu, maior peixe de água doce da região e ameaçado de extinção, contribui
para ampliar a conservação de espécies amazônicas e gerar conhecimento
Uma pesquisa pioneira baseada no sequenciamento genético de peixes e de outras espécies poderá abrir um novo caminho para ampliar a preservação da biodiversidade amazônica. Conduzida pela Universidade Federal do Pará (UFPA), a pesquisa tem como foco inicial o pirarucu (Arapaima gigas), maior peixe de água doce da Amazônia, que chega a pesar mais de 100 quilos e está na lista Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES).
O estudo se expande para outras espécies nativas como o filhote (Brachyplatystoma filamentosum) e quelônios, também chamados de tartarugas-da-amazônia (Podocnemis expansa). Mas o objetivo principal é conter o avanço da exploração predatória do pirarucu nos rios amazônicos ao estimular a reprodução do peixe em cativeiro, devido à demanda crescente nacional e internacionalmente.
O pirarucu tem um sistema de reprodução natural
complexo: ele forma um casal somente depois de um longo período de convivência
e só então começa a se reproduzir. Portanto, para a produção sustentada em
cativeiro, precisávamos realizar duas etapas importantes. Primeiro, facilitar a
reprodução por meio de um hormônio específico, o GNRH. Concluída essa etapa por
meio do sequenciamento genético, necessitávamos demonstrar que a carne do peixe
que está sendo vendida e exportada é de matrizes de um determinado cativeiro.
Para isso, desenvolvemos testes específicos de paternidade para comprovar a
origem do produto, ou seja, se é originário de uma certa fazenda ou da
natureza”, explica o professor Sidney Santos, que conduziu a pesquisa no
Laboratório de Genética Humana e Médica do Instituto de Ciências Biológicas da
UFPA.
Modelo poderá ser replicado para todas as
espécies
“O mais importante é que, como o DNA é universal, podemos fazer o mesmo modelo para todas as espécies amazônicas, incluindo o peixe chamado filhote, que também chega a pesar mais de 100 quilos e sofre com a sobrepesca, e alguns quelônios”, acrescenta.
O pesquisador defende que a reprodução de
pirarucus em cativeiro beneficiará também as comunidades locais no longo prazo.
Ao mitigar-se a sobrepesca, a quantidade de peixes reproduzidos naturalmente
dos rios também aumentará, favorecendo a pesca e a própria alimentação. “Isso
já foi comprado com um modelo semelhante com outro peixe simbólico da Amazônia,
o tambaqui, que também passou a ser reproduzido em cativeiro”, exemplifica.
Tecnologia genética contribui para o futuro
da biodiversidade
Neste contexto, o sequenciamento genético contribui exercendo o papel de manual de funcionamento completo das espécies. “Com esse conhecimento, podemos aplicar soluções personalizadas para reprodução, crescimento e preservação de qualquer animal”, afirma o Prof. Santos.
A UFPA dispõe do único sequenciador genético do
setor público da Amazônia, o MGISEQ-T7, da MGI. Trata-se de um sequenciador de
DNA de altíssima produção, reconhecido pela sua velocidade, rendimento,
flexibilidade e custo-benefício. A pesquisa da UFPA envolveu a análise de mais
de 100 peixes e o sequenciamento completo de duas unidades. Os resultados desta
pesquisa estão sendo compartilhado com outras universidades da região, para
contribuir com outros estudos.
Conhecimento gera preservação ambiental
“Investir em conhecimento sobre a Amazônia é a
maneira mais efetiva de preservá-la no longo prazo. Então, investir em
sequenciamento dessas espécies, é importante porque traz o conhecimento e o
conhecimento traz a preservação”, ressalta o Prof. Santos.
A UFPA integra o CISAM - Centro Integrado da Sociobiodiversidade Amazônica, uma iniciativa que visa fortalecer a pesquisa, o ensino e a extensão universitária na Amazônia, por meio de parcerias entre 13 universidades federais para promover soluções para os desafios socioambientais da região.
MGI Tech Co., Ltd. (ou suas subsidiárias, chamadas em conjunto de MGI
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