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quarta-feira, 5 de novembro de 2025

O perigo não está apenas na dose, mas na interação com outros medicamentos


A morte do cantor e compositor Lô Borges, aos 73 anos, reacendeu uma discussão urgente sobre o uso de medicamentos e os riscos invisíveis por trás das interações entre remédios. Internado desde 17 de outubro por intoxicação medicamentosa, o artista mineiro — um dos ícones do Clube da Esquina — teve falência múltipla de órgãos após uma combinação de substâncias que o corpo não suportou. O caso trouxe à tona um problema silencioso, mas cada vez mais comum: o uso simultâneo e sem acompanhamento de diversos medicamentos.

“O que muita gente chama de ‘excesso de remédio’ muitas vezes é, na verdade, uma interação medicamentosa, quando uma substância altera o efeito da outra no organismo. Essa combinação pode anular a ação de um medicamento, potencializar seus efeitos colaterais ou gerar intoxicações graves”, explica o farmacêutico homeopata Jamar Tejada.
 

O perigo está na mistura, não apenas na dose

Segundo o especialista, o corpo humano é uma verdadeira “usina bioquímica”, e qualquer desequilíbrio pode gerar reações em cadeia. “Quando tomamos vários medicamentos, especialmente de classes diferentes — antidepressivos, anti-inflamatórios, remédios para pressão ou para dormir —, eles passam a disputar as mesmas enzimas e receptores no fígado e nos rins. Isso pode levar à sobrecarga desses órgãos e, em casos extremos, à falência”, alerta.

O farmacêutico destaca que o risco aumenta em pessoas com doenças crônicas, idosos e pacientes que fazem uso contínuo de medicações. “É um público que precisa de vigilância redobrada. Às vezes, o próprio médico desconhece tudo o que o paciente está tomando. Por isso, o acompanhamento farmacêutico é essencial.”
 

Automedicação: o vilão invisível

O Brasil é um dos países com maior índice de automedicação no mundo. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas, mais de 77% dos brasileiros admitem tomar remédios sem prescrição. “A cultura do ‘vou tomar só um remedinho’ é perigosa. A pessoa mistura anti-inflamatórios, relaxantes musculares, vitaminas e fitoterápicos sem imaginar que eles podem interagir. O fígado e os rins acabam sendo os primeiros a pagar a conta”, comenta Jamar.

Ele ainda reforça que suplementos e produtos naturais também podem causar intoxicação. “O fato de algo ser natural não o torna inofensivo. Até a homeopatia deve ser usada com orientação profissional. A diferença entre o remédio e o veneno está na dose e na consciência de quem o usa.”
 

A importância da farmacologia integrativa

Com mais de 25 anos de atuação na área da farmácia e homeopatia, Jamar Tejada defende uma abordagem integrativa e preventiva no uso de medicamentos. “A função do farmacêutico clínico é avaliar o histórico do paciente, as possíveis interações e, junto ao médico, ajustar o tratamento para que ele seja seguro e eficaz. É uma parceria que salva vidas.”

Ele ressalta que a tragédia envolvendo Lô Borges deve servir como alerta. “É um caso triste, mas que precisa gerar reflexão. Tomar remédio não é um ato simples. É preciso entender que cada organismo reage de forma única. O corpo fala — e muitas vezes o excesso de medicamentos o faz gritar.”
  
 

Jamar Tejada - Farmacêutico graduado pela Faculdade de Farmácia e Bioquímica pela Universidade Luterana do Brasil, RS (ULBRA), Pós-Graduação em Gestão em Comunicação Estratégica Organizacional e Relações Públicas pela USP (Universidade de São Paulo), Pós-Graduação em Medicina Esportiva pela (FAPES), Pós-Graduação em Comunicação com o Mercado pela ESPM, Pós-Graduação em Formação para Dirigentes Industriais com Ênfase em Qualidade Total - Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul-(UFRGS) e Pós-Graduação em Ciências Homeopáticas pelas Faculdades Associadas de Ciências da Saúde. Proprietário e Farmacêutico Responsável da ANJO DA GUARDA Farmácia de manipulação e homeopatia desde agosto 2008. www.tejardiando.com.br Link


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