Doenças cardíacas
podem ser silenciosas, mas hábitos saudáveis e suporte nutricional ajudam a
proteger o bem-estar
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O coração bate cerca de 100 mil vezes por dia em um
humano. Nos cães e gatos, esse número pode ser ainda maior, dependendo do porte
e da idade. Esse ritmo constante auxilia na manutenção da vida e no
funcionamento de todo o organismo. Mas, quando a função cardíaca está
comprometida, o impacto não se limita ao órgão. Pode comprometer até a vida do
animal.
Nos pets, as doenças cardiovasculares estão entre
as principais causas de morbidade e podem comprometer diretamente a qualidade e
a expectativa de vida. Embora sejam mais comuns em animais idosos, problemas
cardíacos também podem atingir adultos jovens e, em muitos casos, evoluem
silenciosamente até apresentarem sinais evidentes.
Entre os sintomas que podem indicar alterações
estão cansaço fácil, tosse seca persistente, especialmente a noite ou quando o
animal está deitado, intolerância ao exercício, dificuldade respiratória,
desmaios e até mudanças de comportamento, como apatia e menor disposição para
brincar. “Muitas doenças cardíacas se desenvolvem de forma silenciosa, e quando
o tutor percebe sinais claros, o quadro já pode estar avançado. Por isso,
consultas de rotina são fundamentais para o diagnóstico precoce, explica
Janaína Peres, médica-veterinária gerente de produtos da Avert Saúde Animal.
O diagnóstico precoce é um dos pilares para
garantir mais qualidade de vida, mas a prevenção vai além das consultas
periódicas. Manter o peso adequado, oferecer uma alimentação equilibrada e
estimular atividades físicas compatíveis com a idade e a condição de saúde do
animal são medidas essenciais para reduzir a sobrecarga do coração e preservar
sua função ao longo do tempo.
A suplementação também desempenha um papel
essencial nesse cenário. Entre os nutrientes estudados com maior evidência
científica está o ômega-3, grupo de ácidos graxos essenciais que exerce papel
anti-inflamatório e protetor do sistema cardiovascular. Em um estudo com cães
portadores da doença de válvula mitral, por exemplo, a suplementação de ômega-3
reduziu significativamente a chance de arritmias e ajudou a manter os animais
em estágios menos avançados da doença (Nasciutti et al., PLOS One, v.16, n.7,
2021).
Os benefícios do ômega-3 vão além do coração. Seus
principais componentes, o EPA (ácido eicosapentaenoico) e o DHA (ácido
docosahexaenoico), participam de processos fundamentais para o equilíbrio do
organismo. O EPA está relacionado à redução da produção de substâncias
inflamatórias, contribuindo para menor rigidez dos vasos sanguíneos e melhor
controle da pressão arterial. Já o DHA atua diretamente na flexibilidade das
membranas celulares, favorecendo a função cerebral e ocular, além de poder
auxiliar na condução elétrica do coração
Estudos também indicam que o ômega-3 pode reduzir a
liberação de citocinas pró-inflamatórias, como IL-1, associada à progressão de
doenças cardíacas (Freeman et al., J Vet Intern Med, v.12, n.6, 1998). Outro
ponto relevante é o papel na prevenção da caquexia cardíaca — condição
caracterizada pela perda de massa muscular em pacientes com insuficiência cardíaca,
que compromete não apenas o prognóstico, mas também a qualidade de vida
(Freeman & Rush, J Vet Intern Med, v.21, n.1, 2007). Esses mecanismos
ajudam a explicar os resultados observados na prática clínica: animais
suplementados apresentam melhor tolerância ao exercício, mais disposição e até
melhora do apetite em casos de insuficiência cardíaca.
Outro ponto importante é o uso preventivo. Em
animais saudáveis, a suplementação pode ser uma estratégia para preservar a
função cardiovascular antes que alterações clínicas sejam detectadas, apoiando
também o sistema imunológico e a saúde cognitiva em fases mais avançadas da
vida.
O avanço da nutrição veterinária tem possibilitado
o desenvolvimento de soluções específicas para apoiar a saúde do coração dos
pets, oferecendo aos tutores ferramentas adicionais para o cuidado preventivo.
Esse movimento reflete uma mudança de paradigma: se antes a atenção se
concentrava em tratar doenças já instaladas, hoje há uma valorização crescente
de práticas que ajudam a evitar desequilíbrios e a prolongar a vida com
qualidade.
“Pensar em saúde cardiovascular é pensar em
prevenção. Cuidar do coração desde cedo significa investir na possibilidade de
aumentar a expectativa e a qualidade de vida dos pets.O papel do tutor é estar
atento aos sinais, manter a rotina de acompanhamento e conversar com o
médico-veterinário sobre as melhores estratégias de cuidado”, conclui Janaína.
Avert Saúde Animal
www.avertsaudeanimal.com.br
www.vidamaisromrom.com.br
Referências
Freeman LM, Rush JE, Kehayias JJ, et al. Nutritional alterations and the effect of fish oil supplementation in dogs with heart failure. J Vet Intern Med. 1998;12(6):440–448.
Freeman LM, Rush JE. Nutrition and cardiac cachexia in dogs and cats. J Vet Intern Med. 2007;21(1):3–7.
Nasciutti PR, Moraes AT, Santos TK, et al. Protective effects of omega-3 fatty acids in dogs with myxomatous mitral valve disease stages B2 and C. PLOS One. 2021;16(7):e0254887.
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