Especialista destaca a importância de priorizar
qualidade de vida no cuidado oncológico
Ondas
de calor, noites mal dormidas, irritabilidade. Para muitas mulheres que
enfrentam o câncer de mama, esses sintomas são mais que incômodos — são parte
da nova rotina provocada por uma menopausa precoce, induzida por medicamentos
que auxiliam no tratamento mas comprometem o bem-estar.
Mas
essa realidade pode estar próxima de mudar. Um novo medicamento não-hormonal,
chamado elinzanetant, apresentou resultados promissores na redução de calores
em um estudo publicado na consagrada revista New England Journal of Medicine
e apresentado na conferência anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica
(ASCO) no início de junho de 2025.
“O
elinzanetant representa uma alternativa segura justamente porque não interfere
nos hormônios, que são o alvo principal da terapia oncológica. Ele atua no
sistema nervoso central ajudando a regular a sensação de calor e,
consequentemente, melhorando o sono. É uma forma de oferecer alívio real, sem
colocar em risco o tratamento desses pacientes”, explica o oncologista Dr. Diocésio
Andrade.
A
pesquisa internacional avaliou mais de 470 mulheres em tratamento hormonal e
demonstrou que, após um ano de uso do elinzanetant, a frequência de ondas de
calor caiu pela metade. Além disso, mais de 70% das participantes relataram
melhora significativa no sono e qualidade de vida. Por ser uma substância
não-hormonal, o remédio se apresenta como uma alternativa segura para pacientes
que não podem recorrer à tradicional terapia de reposição hormonal.
“A
menopausa induzida por tratamento oncológico costuma ser bastante agressiva. As
pacientes são privadas dos hormônios femininos por segurança oncológica, mas
isso tem um custo emocional e físico enorme. Elas não estão apenas em
tratamento contra o câncer, mas também lutando para manter a qualidade de
vida”, completa Andrade.
Desafios no tratamento e qualidade de vida
Cerca
de 70% dos casos de câncer de mama são do tipo hormonal positivo (HR+) — quando
o tumor cresce com o estímulo de hormônios como o estrogênio. Por isso, o
tratamento inclui medicamentos que bloqueiam ou reduzem a ação desses
hormônios. Embora eficaz, essa terapia provoca menopausa precoce e intensa e,
como a reposição hormonal é contraindicada nesses casos, as pacientes ficam sem
alternativas para aliviar os sintomas severos.
O
elinzanetant ainda está em fase de aprovação nos Estados Unidos e Europa, com
previsão de lançamento nesses países ainda em 2025. No Brasil, a estimativa é
que o medicamento chegue um ano após o lançamento internacional. O remédio é
sinônimo de esperança para milhares de mulheres em tratamento e um indicativo
de avanço na ciência, que aponta para um caminho onde combater o câncer e viver
bem andam juntos.
“Cuidar
da paciente vai além de combater o tumor. É também garantir que ela tenha
bem-estar, sono de qualidade, autoestima e vida social ativa. Isso é
fundamental na jornada do câncer”, ressalta o oncologista.
Diocésio Andrade destaca a importância de priorizar
qualidade de vida no cuidado oncológico
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