Inchaço persistente, cãibras frequentes, formigamento, alterações na cor da pele e feridas de difícil cicatrização são sinais de má circulação que merecem avaliação médica
Com a chegada das temperaturas mais baixas, os cuidados com a saúde
vascular ganham ainda mais importância. A contração natural dos vasos
sanguíneos nas extremidades do corpo durante o frio, combinada com a tendência
à imobilidade, favorece o agravamento de problemas circulatórios. O alerta é da
angiologista e cirurgiã vascular Dra. Lidiane Rocha.
Segundo a especialista, que também integra a Comissão de Flebologia da
Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo
(SBACV-SP), o frio provoca uma vasoconstrição — ou seja, um estreitamento dos
vasos sanguíneos — principalmente nas mãos e pés. “O corpo tenta manter o calor
nos órgãos vitais, reduzindo o fluxo sanguíneo periférico. Isso pode causar
dormência, formigamento e até dor”, explica. Mesmo quem não tem diagnóstico de
doença vascular pode apresentar sinais de má circulação, como mãos e pés frios,
dormência e sensação de peso nas pernas. “São reações comuns do corpo à queda
de temperatura, especialmente se a pessoa fica muito tempo imóvel ou em
ambientes frios”, completa.
Essa combinação de frio e sedentarismo contribui para o acúmulo de
sangue nas pernas, o que agrava quadros como varizes e inchaços e aumenta o risco
de trombose venosa profunda. Doenças como hipertensão arterial e o fenômeno de
Raynaud — que provoca espasmos nos vasos dos dedos — também tendem a se
intensificar nessa estação. “O frio é um gatilho importante para crises de
Raynaud. Os vasos dos dedos sofrem espasmos, causando palidez, dor, sensação de
agulhadas e coloração azulada. Por isso, é fundamental manter as mãos protegidas
e aquecidas”, destaca a médica.
Alguns sintomas indicam que a circulação pode estar comprometida e
exigem atenção médica. Entre eles, estão o inchaço persistente, cãibras
frequentes, formigamento, mudança na coloração da pele — como palidez ou tom
arroxeado — e feridas que demoram a cicatrizar. “Esses sinais podem indicar que
o sangue não está circulando bem e devem ser avaliados por um especialista”,
reforça.
Como prevenir os problemas circulatórios no frio
Para preservar a saúde vascular no inverno, a Dra. Lidiane recomenda
cuidados simples, mas eficazes no dia a dia: evitar longos períodos sentado,
usar roupas confortáveis (sem apertar), manter-se fisicamente ativo,
hidratar-se bem — mesmo no frio — e, ao repousar, elevar as pernas. Ela explica
que roupas justas dificultam o retorno venoso e linfático, e que o frio acentua
esse efeito. “A imobilidade favorece a estagnação do sangue nas pernas, e
roupas apertadas agravam ainda mais esse quadro”, alerta.
A prática de exercícios físicos é uma das formas mais eficientes de
manter a circulação ativa. “Caminhadas, exercícios em casa, dança, bicicleta
ergométrica, hidroginástica em piscina aquecida. O importante é manter o corpo
em movimento. A regularidade conta mais do que a intensidade”, esclarece. E a
alimentação deve ser monitorada: “No inverno, é comum aumentar o consumo de sal
e gordura, o que prejudica a circulação. Recomendo uma dieta rica em fibras,
vegetais, frutas vermelhas e alimentos com ômega-3, como peixes e sementes.”
As meias de compressão também são ótimas aliadas, especialmente para
pessoas com varizes, pernas cansadas ou inchadas, gestantes e pacientes com
histórico de trombose. “Elas ajudam no retorno do sangue das pernas ao coração,
mas devem ser usadas sempre com orientação médica”, aconselha. Aquecer o corpo
é essencial para evitar a contração dos vasos. No entanto, a médica alerta para
o uso cuidadoso de fontes de calor direto. “Bolsas térmicas e aquecedores não
devem ser aplicados diretamente sobre a pele, sobretudo em pessoas com diabetes
ou sensibilidade reduzida, para evitar queimaduras”.
Por conta do clima mais ameno e da menor exposição solar, o inverno é
considerado uma das melhores épocas para o tratamento de varizes. “É um período
ideal para realizar escleroterapia. O uso das meias de compressão torna-se mais
confortável e há menor risco de manchas pós-tratamento. A recuperação costuma
ser mais tranquila”, afirma.
Pessoas com doenças crônicas, como diabetes, obesidade, hipertensão e
histórico vascular, devem redobrar os cuidados nessa época do ano. Em muitos
casos, pode ser recomendada a realização de exames preventivos, como o
ecodoppler das pernas. A Dra. Lidiane reforça ainda a importância do
acompanhamento multidisciplinar na prevenção de complicações vasculares. “A
circulação depende de vários fatores — alimentação, atividade física, controle
de doenças crônicas. Quando o cuidado é feito em equipe, com médicos,
nutricionistas, fisioterapeutas e enfermeiros, os resultados são mais
eficazes.”
Ela cita um caso de sucesso envolvendo esse tipo de abordagem: “Tive um
paciente com diabetes e uma ferida na perna que estava evoluindo mal. Com o
trabalho conjunto do cirurgião vascular, endocrinologista, nutricionista e
fisioterapeuta, conseguimos controlar a glicemia, fazer curativos adequados e
ajustar a alimentação. A ferida cicatrizou completamente e ele voltou à rotina
com segurança.”
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Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo – SBACV-SP
www.sbacvsp.com.br

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