Com o advento da
atual crise, modelos de negócio menos capitalistas devem ser o ponto de resgate
sócio econômico
Gerar benefícios à sociedade, com amplo interesse
no desenvolvimento, potencial de habilidades, autonomia e, sobretudo, qualidade
de vida. Esses propósitos são conhecidos como terceiro setor, mas também são
compartilhados com as cooperativas que indicam um modelo de negócio que se
aflora, frente à crise instaurada no mundo todo. A clamada nova economia é o
que o cooperativismo há quase dois séculos desenvolve e se destaca a cada dia
no Brasil.
Embora a inclusão das cooperativas como instituição
do terceiro setor ainda seja motivo de muitos debates, não há como negar que os
dois segmentos têm muito em comum. E o principal é justamente o que em 2020
ganha destaque: o fortalecimento das comunidades e a capacitação dos
indivíduos, muito além do que acúmulo de capital, e essa é a razão de existir
das organizações.
No movimento cooperativista brasileiro, o
desenvolvimento socioeconômico alcança cerca de 15 milhões de pessoas. Um
modelo baseado na partilha de decisões e resultados que gera confiança e também
empregabilidade. Atualmente, são 400 mil postos de trabalho diretos gerados
pelas cooperativas. No mundo, esse número chega a 100 milhões.
O país soma quase 7 mil cooperativas divididas em
diferentes setores, entre estes os habitacional. Como exemplo, temos a CICOM,
Cooperativa Habitacional que atua em São Paulo combatendo o déficit e as
degradadas condições de moradia na capital e no interior do estado. À frente da
instituição, Carlos Massini, diretor executivo, defende o cooperativismo como
um formato que cria relações de apoio social e, por isso, sustenta segurança em
tempos de crise e incertezas.
“Da mesma forma que o trabalho é de todos, os ganhos
também são para todos. Isso significa que a sua luta é exatamente a mesma luta
do seu companheiro e se você não colaborar com ele, você também não obterá
aquilo que quer. Então, seguindo essa lógica, entendemos que sim, o Brasil tem
muito para aprender com cooperativismo”, afirma.
Mesmo atuando no setor que melhor se recupera com o
aquecimento imobiliário, Massini diz que a CICOM não ficou ilesa à crise gerada
pela pandemia da COVID-19, mas todos (cooperados e cooperativistas) continuam
unidos e a cooperativa não se fragilizou. Apesar dos impactos econômicos e
também emocionais, prevaleceu o espírito da força coletiva, da persistência por
uma causa. “Nosso capital é humano. São as pessoas que fazem o negócio girar. Isso
dá a cada um a sua parcela de responsabilidade e também de importância”,
explica. “Temos milhares de mãos envolvidas no mesmo trabalho e cada uma busca
agarrar o seu objetivo, e o que dá significado a esta rede é que o objetivo é
comum. Diferente das disputas que acontecem entre as empresas”,
conclui.
Seguindo a lógica do
cooperativismo, parece que todo o mundo se recuperará dos desajustes da
COVID-19 mais equilibradamente. No Brasil, onde as desigualdades são bastante
contrastantes, um modelo econômico de cooperação não só trará bons resultados
econômicos, acredita Massini, mas também contribuirá diretamente para o
desenvolvimento das camadas sociais mais desprovidas.
CICOM
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