Esta é a segunda
principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos
O Brasil registra cerca de 12 mil casos de suicídio por ano e, no mundo, são mais de um milhão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Aproveitando o Setembro Amarelo e o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10/9), a psiquiatra do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), Amara Alice Darros, chama atenção para este grave problema de saúde pública, que é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, ficando atrás apenas dos acidentes de trânsito.
De acordo com o Ministério da Saúde, 96,8% dos suicídios estão relacionados a transtornos mentais. O primeiro deles é a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias lícitas e ilícitas. “Ainda há um grande preconceito relacionado às doenças da mente e o estigma em procurar o psiquiatra, visto como ‘médico de louco’. Isso atrapalha a busca por ajuda. As pessoas deveriam ver as doenças de saúde mental como as demais, pois elas são tratáveis”, afirma dra. Amara.
Alguns fatores estressores como desemprego, separação conjugal, abusos físicos ou sexuais, conviver com doenças crônicas por um longo período e o tratamento de um câncer podem levar pessoas vulneráveis e mais fragilizadas a atentar contra a própria vida. “Este momento excepcional que estamos vivendo, em razão da pandemia da Covid-19, marcado pelo isolamento social, o medo de contrair a doença e as questões socioeconômicas advindas dessa crise mundial também pode contribuir para esse quadro”, explica a especialista.
Ela destaca que as pessoas não têm culpa de ter esses pensamentos negativos e ligados à morte. “Trata-se de um problema orgânico, são alterações biológicas, uma desregulação das funções psíquicas cerebrais. Algo que exige um tratamento complexo e delicado, associando, muitas vezes, a medicação com psicoterapia”, orienta.
Dra. Amara ressalta que, nem sempre, a pessoa apresenta um perfil triste e desmotivado, alguns não dão sinais claros de que estão em sofrimento. “Por isso é fundamental olhar o outro, ter empatia, se interessar pelas pessoas da sua convivência, seja um familiar, amigo ou colega de trabalho”.
A especialista comenta que o setor da construção civil paulista tem registrado poucos casos de suicídio entre seus trabalhadores. “Além dos colegas, os profissionais de liderança, como mestres de obras e os do setor de segurança, como técnicos e engenheiros devem ficar atentos a mudanças de comportamento de membros da equipe e, diante de um sinal de alerta, não ter medo de perguntar o que está acontecendo com a pessoa e se ela tem tido pensamentos de morte. Medidas preventivas e assistenciais podem ser tomadas para evitar um desfecho irreversível”, enfatiza dra. Amara.
Ela acrescenta que o Seconci-SP dispõe
de equipe médica preparada para identificar pacientes que estão sofrendo com
problemas de saúde mental. “Muitos dos meus pacientes foram encaminhados por
colegas de outras especialidades. Porém, seja qual for o caminho, o importante
é superar qualquer tipo de preconceito e procurar ajuda psiquiátrica. O
suicídio é um problema grave, mas que pode perfeitamente ser evitado”, finaliza
dra. Amara.
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