Em meio à indefinição sobre a data de retorno às aulas presenciais em todo o Brasil e qual o melhor modelo a ser adotado para a retomada, já se discute, também, quais serão os reais impactos da pandemia para a Educação. O que será do ano letivo daqui para a frente? Com tantas incertezas, o futuro aponta para um ensino mais acolhedor e desenvolvedor das habilidades socioemocionais, diante do fato de que as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) devem ser implementadas pelas escolas brasileiras até 2021.
É
consenso entre os agentes escolares que a tecnologia não substitui as conexões
entre alunos e professores, estabelecidas em sala de aula, e que o ensino
híbrido seria o modelo ideal. Mas, como 2020 já está acabando, e as aulas
remotas seguem como única opção, professores precisam se desdobrar para manter
a criatividade – mesmo em meio ao estresse e à ansiedade – para superar o
desafio de continuar se conectando com os alunos e passar um ensino de
qualidade.
De
acordo com o pesquisador norte-americano Daniel Goleman, doutor em Psicologia e
professor pela Universidade de Harvard, em palestra para gestores de escolas
parceiras do SAS Plataforma de Educação, estudos sobre o mercado de trabalho
revelam que as habilidades socioemocionais já são mais importantes do que as
cognitivas, que representam apenas 15% das competências necessárias para os
grandes líderes. Para o especialista, as habilidades são importantes para
cumprimento de tarefas, mas não são diferenciais para a alta performance, seja
no mercado de trabalho, seja na escola.
Fica
evidente que trabalhar as habilidades socioemocionais é fundamental não só
durante, mas também após a pandemia. A situação decorrente do surto de covid-19
acelerou a necessidade de uma abordagem mais acolhedora, mesmo à distância, de
alunos preocupados, assustados e, até mesmo, traumatizados, antecipando a
adoção de práticas que cumprem as diretrizes da BNCC.
As
competências da Base regulamentam uma proposta de ensino que investe no
desenvolvimento intelectual, social, físico, emocional e cultural do aluno, por
meio das normativas: conhecimento, argumentação, repertório cultural, trabalho
e projeto de vida. Seu propósito é estabelecer um currículo mais atual para
elevar o padrão de ensino e a consequente formação de jovens mais atuantes na
sociedade. Afinal, é papel da escola garantir a formação integral do aluno e
contribuir para ajudá-lo a criar o seu projeto de vida.
Antes
mesmo da pandemia, muitas escolas em todas as partes do mundo já procuravam
oferecer uma formação mais humana aos jovens. O distanciamento social ajudou a
florescer essa humanidade na relação interpessoal educacional, que deve se
tornar realidade a partir do próximo ano. Especialmente no Ensino Médio, fase
em que o estudante precisa aprender a articular anseios com seu futuro.
O
desenvolvimento de habilidades socioemocionais e do projeto de vida estimula o
aluno a fazer escolhas, a promover o autoconhecimento e propósito, a reconhecer
a importância da relação com o outro, a gerenciar as incertezas do futuro e a
transformar sonhos em realidade.
O
desenvolvimento de nosso país passa pela construção de uma educação de
qualidade e de alto desempenho, preparando o aluno para ser um cidadão
protagonista, pronto para tomadas de decisões e competente em habilidades para
a vida. Entretanto, enquanto nossa sociedade enfrenta dificuldades para retomar
a normalidade, os educadores seguirão se reinventando para cumprir o dever de
ensinar, mas, sobretudo, de continuar cuidando da inteligência emocional de
alunos, de seus familiares e, também, dos próprios professores.
Marcos
Moriggi - diretor de Consultoria Pedagógica do SAS Plataforma de Educação
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