Desde o início da pandemia, em março, as instituições públicas e privadas brasileiras foram afetadas pelas medidas preventivas estipuladas por prefeitos e governadores, que determinaram o distanciamento social e o fechamento e cancelamento das aulas presenciais para conter a disseminação do coronavírus. Esta pandemia demonstra a desigualdade existente entre os sistemas básicos de ensino público e privado com efeitos no calendário acadêmico e na qualidade de ensino.
Nas escolas particulares
houve uma resposta rápida com a utilização de recursos digitais combinando
vídeos gravados e ao vivo, tarefas integrativas e tutores, com os privilégios
inerentes à classe e à circunstância. Além disso uma rápida organização,
planejamento e formação dos professores e alunos foi identificada. Fica
evidente que a questão econômica com o pagamento das mensalidades por parte dos
pais, e a necessidade de manutenção destas instituições provocou uma maior
organização e influenciou para esta rápida resposta.
Por outro lado, nas escolas
públicas o ensino presencial normalmente já enfrentava dificuldades pela falta
de recursos tecnológicos, e neste momento de pandemia, em muitos municípios foi
disponibilizado material didático para que os responsáveis fossem buscar nas
escolas e assim os alunos pudessem continuar a estudar. Em outros casos, foi
disponibilizado o envio de material digital, de orientações genéricas e
acompanhamento do livro didático com comunicação por redes sociais e
plataformas estaduais. Estas atividades remotas no ensino público tiveram por
objetivo estimular intelectualmente o aluno durante o isolamento, sendo esta
adesão em muitos casos, facultativa. Entretanto, muitos estudantes vivem em
situação de vulnerabilidade com dificuldade no acesso à internet e estrutura
tecnológica para o ensino remoto, dificultando a continuidade e o estímulo
intelectual.
Os pais ou responsáveis,
muitas vezes não capacitados, passaram a ser os tutores em casa no auxílio
destes alunos que não tem outra alternativa sem professores para ensiná-los. As
autoridades competentes reforçam a necessidade do distanciamento social,
naturalmente, mas ao mesmo tempo não têm uma proposta de política pública que
resguarde o direito e acesso ao sistema educacional às classes menos
favorecidas. A constância à educação depende deste estudante ter acesso às
tecnologias digitais cujo acesso é essencial para o exercício da cidadania
conforme disposto no art. 7º da Lei 12.965/2014.
A pandemia pegou o mundo todo
de surpresa, mas em outros países o olhar para sistema educacional é totalmente
diferente. As instituições apresentaram mecanismos de respostas, as escolas
privadas apresentaram um sistema mais eficiente e rápido em decorrência das
necessidades de sobrevivência e potencial de organização. A crise está aí e
seria uma oportunidade de transformar a educação com o aproveitamento do
aprendizado além da sala de aula, com novas formas de ensino. Cabe aos órgãos
públicos a adequação e organização frente a esta nova realidade e tudo que ela
representa.
Luciane Prestes -
professora especialista da Área de Educação, da Escola Superior de Educação do
Centro Universitário Internacional Uninter.
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