As crianças, na grande maioria, apresentam quadros mais leves da Covid-19. Mesmo assim, é necessário adotar os cuidados preventivos e permanecer atento aos sintomas. Ainda existem muitas dúvidas dos pais para evitar que os pequenos se contaminem pelo coronavírus. “É preciso ter atenção, tanto pelas crianças quanto pelos familiares, que podem pertencer a grupos de risco ou mesmo desenvolver quadros mais graves da doença”, frisa Renata Araújo Alves, médica especializada em infectopediatria, integrante do corpo clínico do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC). A profissional atua no Ambulatório de Pediatria da instituição, que presta atendimento biopsicossocial, integral e humanizado desde a fase pré-natal até o final da adolescência, abrangendo aspectos preventivos, curativos e cirúrgicos.
Quais sintomas de Covid-19 a criança
pode desenvolver?
A especialista informa que, em geral,
as crianças são assintomáticas ou apresentam sinais e sintomas inespecíficos
semelhantes aos adultos, como dor de garganta, coriza, tosse, mal estar, dor de
cabeça e febre. “Algumas, principalmente as menores, podem apresentar quadros
gastrointestinais como náuseas, vômitos e diarreia”, aponta. Os sintomas de
alerta para avaliação médica são quadros de febre por mais de três dias, baixa
aceitação de líquidos e alimentos, bebês que recusam as mamadas, sonolência,
convulsões ou sintomas respiratórios mais graves como, por exemplo, o
desconforto respiratório, que pode ser observado pelos pais por meio da
respiração mais rápida ou com esforço associado.
Recentemente, foi identificado o
desenvolvimento da Síndrome Inflamatória Multissistêmica em crianças (MIS-C).
Ela ocorre quando uma ou diferentes partes do corpo ficam inflamadas, incluindo
coração, pulmões, rins, cérebro, pele, olhos ou órgãos gastrointestinais. “Essa
síndrome geralmente se manifesta entre 2 a 6 semanas após a infecção pelo vírus.
A MIS-C pode ser grave, potencialmente fatal, mas a maioria das crianças
diagnosticadas com essa condição melhorou após cuidados médicos”, esclarece
Renata. “Os sinais de alerta são problemas respiratórios importantes, dor ou
pressão no peito que não desaparece, confusão mental súbita, sonolência
excessiva, cianose (lábios ou face azulados ou arroxeados) e dor abdominal de
forte intensidade”, elenca. Crianças que tiveram contato com pessoa com
Covid-19, ou foram diagnosticadas previamente e apresentem qualquer sintoma
sugestivo de MIS-C, devem procurar o serviço de saúde prontamente.
O que gera um quadro grave de Covid-19
em crianças?
Pessoas de qualquer idade que
apresentem as condições de maior risco, já conhecidas, podem desenvolver
quadros mais graves de Covid-19. Alguns dados sobre crianças relataram que a
maioria que precisou de hospitalização para a doença tinha pelo menos uma
condição médica subjacente. “As condições mais comuns incluem doença pulmonar
crônica (incluindo asma), doença cardíaca e condições que enfraquecem o sistema
imunológico (como, por exemplo, crianças com imunodeficiências primárias ou
adquiridas, pacientes com câncer ou submetidos a transplantes).”, aponta a
infectopediatra.
Existe tratamento para a Covid-19 em
crianças?
Ainda não existe tratamento específico
para a Covid-19. A médica ressalta a importância das medidas de isolamento de
partículas aéreas e de contato. As recomendações de saúde gerais devem ser
implementadas, como hidratação, nutrição adequada e suporte de oxigênio e
ventilatório, conforme a necessidade. “Pacientes com até 19 anos tendem a
apresentar sintomas leves, bom prognóstico e se recuperam dentro de uma a duas
semanas após o início da doença. Entre os que necessitam de hospitalização, a
maioria não precisa do auxílio de respiradores mecânicos”, revela.
Cuidados diários para prevenção
As recomendações para as crianças
seguem as orientações que todos devem seguir para evitar a contaminação pelo
SARS-CoV-2 e se manterem saudáveis. Entre elas, evitar contato próximo com
pessoas doentes; ficar em casa quando estiver doente, exceto para obter
cuidados médicos; cobrir boca e nariz ao tossir e espirrar, de preferência com
lenço de papel, que deve ser descartado após uso; e lavar as mãos
frequentemente com água e sabão, por pelo menos 20 segundos. “Se não
houver água e sabão disponíveis, usar álcool gel 70%. Essa substância deve ser
administrada sempre por um adulto, e supervisionada até que o produto seque por
completo”, alerta a infectopediatra, frisando que os frascos devem ser mantidos
longe do alcance das crianças.
Se por algum motivo os moradores de
casa precisem sair, ao retornarem, alguns cuidados podem ser adotados antes do
contato com as crianças. Como sugestões de boas práticas, estão higienizar as
solas dos sapatos ou retirá-los antes de entrar em casa, lavar as roupas que
foram utilizadas e, se possível, tomar banho, sendo a higiene das mãos
indispensável. Deve-se manter limpeza rigorosa de móveis ou objetos tocados
diariamente, considerando que as crianças têm muito contato com superfícies
como o chão e levam as mãos ao rosto com frequência. A higienização dos
brinquedos pode ser feita de 2 a 3 vezes por semana, desde que a criança não
apresente nenhum sintoma de doença, caso contrário, a limpeza diária torna-se
necessária. Brinquedos que são levados à boca, como os mordedores, também
exigem lavagem diária.
Quando a criança deve usar máscara?
A Organização Mundial da Saúde
(OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) publicaram novas
recomendações sobre o uso de máscaras em crianças. Ressalta-se que crianças de
5 anos ou menos não devem ser obrigadas a utilizar a máscara. Isso se baseia na
segurança, na capacidade, e no interesse da criança em utilizar a máscara de
maneira adequada com o mínimo de assistência. “Considera-se prudente a
utilização de máscaras nessa faixa etária em algumas situações como, por
exemplo, estar fisicamente perto de alguém que está doente. Nesse caso, um
adulto deve permanecer em contato visual direto para supervisionar o uso seguro
da máscara pela criança”, ressalta Renata. A decisão de usar máscaras em
crianças entre 6 e 11 anos deve ser baseada em alguns fatores como:
·
O grau de transmissão local;
·
Capacidade da criança em usar a máscara
de forma segura e adequada;
·
O acesso a máscaras, bem como lavagem e
substituição de máscaras de forma adequada em determinados ambientes (como
creches e escolas);
·
Supervisão adequada de um adulto e
instruções sobre como colocar, retirar e utilizar máscaras com segurança;
·
Impacto potencial do uso de máscaras no
aprendizado e no desenvolvimento psicossocial;
·
Possíveis interações que a criança tem
com pessoas com maior risco de desenvolver quadros graves da doença, como
idosos e pessoas com condições de saúde subjacente.
Crianças a partir de 12 anos devem usar
máscara nas mesmas condições que os adultos.
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