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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Covid-19: especialista alerta para os cuidados com as crianças


As crianças, na grande maioria, apresentam quadros mais leves da Covid-19. Mesmo assim, é necessário adotar os cuidados preventivos e permanecer atento aos sintomas. Ainda existem muitas dúvidas dos pais para evitar que os pequenos se contaminem pelo coronavírus. “É preciso ter atenção, tanto pelas crianças quanto pelos familiares, que podem pertencer a grupos de risco ou mesmo desenvolver quadros mais graves da doença”, frisa Renata Araújo Alves, médica especializada em infectopediatria, integrante do corpo clínico do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC). A profissional atua no Ambulatório de Pediatria da instituição, que presta atendimento biopsicossocial, integral e humanizado desde a fase pré-natal até o final da adolescência, abrangendo aspectos preventivos, curativos e cirúrgicos.


Quais sintomas de Covid-19 a criança pode desenvolver?

A especialista informa que, em geral, as crianças são assintomáticas ou apresentam sinais e sintomas inespecíficos semelhantes aos adultos, como dor de garganta, coriza, tosse, mal estar, dor de cabeça e febre. “Algumas, principalmente as menores, podem apresentar quadros gastrointestinais como náuseas, vômitos e diarreia”, aponta. Os sintomas de alerta para avaliação médica são quadros de febre por mais de três dias, baixa aceitação de líquidos e alimentos, bebês que recusam as mamadas, sonolência, convulsões ou sintomas respiratórios mais graves como, por exemplo, o desconforto respiratório, que pode ser observado pelos pais por meio da respiração mais rápida ou com esforço associado.

Recentemente, foi identificado o desenvolvimento da Síndrome Inflamatória Multissistêmica em crianças (MIS-C). Ela ocorre quando uma ou diferentes partes do corpo ficam inflamadas, incluindo coração, pulmões, rins, cérebro, pele, olhos ou órgãos gastrointestinais. “Essa síndrome geralmente se manifesta entre 2 a 6 semanas após a infecção pelo vírus. A MIS-C pode ser grave, potencialmente fatal, mas a maioria das crianças diagnosticadas com essa condição melhorou após cuidados médicos”, esclarece Renata. “Os sinais de alerta são problemas respiratórios importantes, dor ou pressão no peito que não desaparece, confusão mental súbita, sonolência excessiva, cianose (lábios ou face azulados ou arroxeados) e dor abdominal de forte intensidade”, elenca. Crianças que tiveram contato com pessoa com Covid-19, ou foram diagnosticadas previamente e apresentem qualquer sintoma sugestivo de MIS-C, devem procurar o serviço de saúde prontamente.


O que gera um quadro grave de Covid-19 em crianças?

Pessoas de qualquer idade que apresentem as condições de maior risco, já conhecidas, podem desenvolver quadros mais graves de Covid-19. Alguns dados sobre crianças relataram que a maioria que precisou de hospitalização para a doença tinha pelo menos uma condição médica subjacente. “As condições mais comuns incluem doença pulmonar crônica (incluindo asma), doença cardíaca e condições que enfraquecem o sistema imunológico (como, por exemplo, crianças com imunodeficiências primárias ou adquiridas, pacientes com câncer ou submetidos a transplantes).”, aponta a infectopediatra. 


Existe tratamento para a Covid-19 em crianças?

Ainda não existe tratamento específico para a Covid-19. A médica ressalta a importância das medidas de isolamento de partículas aéreas e de contato. As recomendações de saúde gerais devem ser implementadas, como hidratação, nutrição adequada e suporte de oxigênio e ventilatório, conforme a necessidade. “Pacientes com até 19 anos tendem a apresentar sintomas leves, bom prognóstico e se recuperam dentro de uma a duas semanas após o início da doença. Entre os que necessitam de hospitalização, a maioria não precisa do auxílio de respiradores mecânicos”, revela.


Cuidados diários para prevenção

As recomendações para as crianças seguem as orientações que todos devem seguir para evitar a contaminação pelo SARS-CoV-2 e se manterem saudáveis. Entre elas, evitar contato próximo com pessoas doentes; ficar em casa quando estiver doente, exceto para obter cuidados médicos; cobrir boca e nariz ao tossir e espirrar, de preferência com lenço de papel, que deve ser descartado após uso; e lavar as mãos frequentemente com água e sabão, por pelo menos 20 segundos.  “Se não houver água e sabão disponíveis, usar álcool gel 70%. Essa substância deve ser administrada sempre por um adulto, e supervisionada até que o produto seque por completo”, alerta a infectopediatra, frisando que os frascos devem ser mantidos longe do alcance das crianças.

Se por algum motivo os moradores de casa precisem sair, ao retornarem, alguns cuidados podem ser adotados antes do contato com as crianças. Como sugestões de boas práticas, estão higienizar as solas dos sapatos ou retirá-los antes de entrar em casa, lavar as roupas que foram utilizadas e, se possível, tomar banho, sendo a higiene das mãos indispensável. Deve-se manter limpeza rigorosa de móveis ou objetos tocados diariamente, considerando que as crianças têm muito contato com superfícies como o chão e levam as mãos ao rosto com frequência. A higienização dos brinquedos pode ser feita de 2 a 3 vezes por semana, desde que a criança não apresente nenhum sintoma de doença, caso contrário, a limpeza diária torna-se necessária. Brinquedos que são levados à boca, como os mordedores, também exigem lavagem diária. 


Quando a criança deve usar máscara?

A Organização  Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) publicaram novas recomendações sobre o uso de máscaras em crianças. Ressalta-se que crianças de 5 anos ou menos não devem ser obrigadas a utilizar a máscara. Isso se baseia na segurança, na capacidade, e no interesse da criança em utilizar a máscara de maneira adequada com o mínimo de assistência. “Considera-se prudente a utilização de máscaras nessa faixa etária em algumas situações como, por exemplo, estar fisicamente perto de alguém que está doente. Nesse caso, um adulto deve permanecer em contato visual direto para supervisionar o uso seguro da máscara pela criança”, ressalta Renata. A decisão de usar máscaras em crianças entre 6 e 11 anos deve ser baseada em alguns fatores como:

·         O grau de transmissão local;


·         Capacidade da criança em usar a máscara de forma segura e adequada;


·         O acesso a máscaras, bem como lavagem e substituição de máscaras de forma adequada em determinados ambientes (como creches e escolas);


·         Supervisão adequada de um adulto e instruções sobre como colocar, retirar e utilizar máscaras com segurança;


·         Impacto potencial do uso de máscaras no aprendizado e no desenvolvimento psicossocial;


·         Possíveis interações que a criança tem com pessoas com maior risco de desenvolver quadros graves da doença, como idosos e pessoas com condições de saúde subjacente.

Crianças a partir de 12 anos devem usar máscara nas mesmas condições que os adultos.


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