É impossível pensar como as empresas teriam continuado suas atividades durante a pandemia sem o apoio das equipes de TI. Se, presencialmente, esses profissionais já desempenhavam papel importante nos escritórios, em home office, eles foram a peça-chave para que tudo funcionasse conforme o esperado. Tamanha responsabilidade foi como uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo em que se ressaltou o valor dos especialistas da área, também se evidenciou a sobrecarga a que eles estão submetidos.
Em um primeiro momento, o home office atendeu
ao anseio dos profissionais de TI de realizar suas tarefas remotamente – uma
demanda antiga da área. Não precisar se deslocar até o escritório, reduzir os
custos com alimentação fora de casa, ter mais flexibilidade de horários para
resolver pequenas intercorrências domésticas e pessoais, além de poder escolher
o horário de melhor produtividade para trabalhar, pareceram vantajosos nos
primeiros meses.
Porém, ao longo do tempo, a carga de trabalho não
foi equilibrada para se adaptar à nova rotina. Pelo contrário: em muitos casos,
a demanda só aumentou, seja devido à própria organização interna da empresa,
por meio de plataformas de gerenciamento de projetos, ou ainda pelos anseios e
necessidades dos clientes em comparação ao prazo técnico de execução dos
projetos. Em verdade, as necessidades dos negócios sempre andam na frente dos
prazos técnicos exigidos para sua resolução – assim, é natural que a sobrecarga
de trabalho fique evidente.
Como evitar a sobrecarga da TI? – Três em
cada 10 profissionais de tecnologia se sentem “muito esgotados”, como indicou o
Relatório de Salários 2020, publicado pelo site de carreiras Dice Insights. Além
disso, um estudo de 2019 da Stack Overflow mostrou que 77% dos desenvolvedores
trabalham mais de 40 horas por semana, 13% trabalham 50 horas por semana e 2%
trabalham 70 horas por semana.
Portanto, é urgente que os líderes e gestores
assumam a responsabilidade de cuidar de suas equipes. O primeiro passo é
entender que estamos tratando de uma questão extremamente complexa, pois
há vários fatores que devem ser analisados e resolvidos para reduzir a
sobrecarga de trabalho desses profissionais. Entre eles, está a organização
interna. É preciso utilizar plataformas de gestão de projetos bem implementadas
e buscar negociar prazos de entrega de projetos levando em consideração todo o
esforço técnico envolvido.
Outro fator, que eu diria que é o mais importante
de todos, diz respeito à cultura empresarial de como os gestores entendem o
papel da área de TI dentro de suas organizações – e, sobretudo, como o CIO se
posiciona diante desse cenário. Há empresas que entendem que a área de TI,
embora crucial para o negócio, serve para dar suporte à operação e, por
isso, não é uma área estratégica. Assim, decisões são tomadas sem que o TI ou o
CIO tenham sido consultados, definindo planos e datas inviáveis que, na grande
maioria dos casos, irão gerar uma sobrecarga de trabalho à área.
Nesses casos, especialmente, a postura do CIO é
fundamental, visando demonstrar aos gestores como o TI pode e deve resolver os
desafios de cada negócio. É preciso sempre ter em mente que a tecnologia por si
só não resolve problema algum, mas é um meio de solucioná-lo.
Como motivar as equipes dentro do limite? – O
que mantém um profissional motivado? Acredito que o equilíbrio entre quatro
variáveis: cargo, responsabilidades, remuneração e projetos. Manter essa
relação sempre equilibrada é um enorme desafio para toda e qualquer empresa.
Muitas vezes, ela consegue responder bem à relação entre cargo,
responsabilidades e remuneração, mas a relação com projetos é sempre muito
complicada, porque depende de um conjunto de fatores incontroláveis.
Os profissionais dessa área estão sempre em busca
de projetos que envolvam o desbravamento de uma nova tecnologia, porque querem
ser desafiados. Se a empresa ainda trabalha com sistemas e soluções obsoletos,
isso se torna um empecilho a longo prazo para a equipe. Satisfazer expectativas
individuais de recursos não é uma tarefa fácil e exige muita habilidade dos
gestores da área.
Por fim, é possível concluir que não existe receita
para aliviar a sobrecarga da TI. As causas são extensas e vão desde o
posicionamento da empresa com relação ao entendimento da importância da área de
TI, do posicionamento do CIO diante dos gestores, da plataforma de gestão de
projetos, da metodologia de dimensionamento de esforço de equipe por projeto
até a manutenção dos talentos da área, que exige um enorme esforço dos gestores
na administração das expectativas individuais da equipe. Acredito que um bom
começo é fazer a mudança partir de cima. Líderes devem ser exemplo para os
demais colaboradores, cumprindo seus horários de entrada e de saída, buscando
negociar prazos e estar em equilíbrio com as demandas e entregas. Entender o
que os profissionais precisam para estarem satisfeitos com a empresa pode
ajudar a criar uma relação melhor, com maior compreensão e respeito por ambas
as partes. Assim, é possível cuidar das equipes de TI na pandemia e também no
futuro!
Fernando
Rizzatti - sócio-diretor na Neotix Transformação
Digital. Tecnologia aplicada ao mundo dos negócios é a essência de sua
trajetória profissional, de mais de 25 anos, sempre aliada à inovação que
agrega valor. Da indústria de transformação, passando pelo segmento financeiro
e de economia mista, tem habilidades para entender necessidades e encontrar
soluções. Acredita em equipe e união de talentos. Adora música e a inspiração
para compor. Dirige a Neotix como quem compõe uma sinfonia. Cada nota é
fundamental.
Neotix
Transformação Digital
http://www.neotix.com.br/
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